O Pecado
Romanos 2.1-11; Romanos
3.10-26; Romanos 5.12-19; Tiago 1.12-15; 1 João 1.8-10
O
pecado pode ser ilustrado como um arqueiro atirando uma flecha com seu arco e errando
o alvo. É claro que isso não quer dizer que não acertar a flecha "na mosca" seja considerado como
uma questão moral grave. Pelo contrário, a definição bíblica mais simples para
pecado é "errar o alvo".
Em termos bíblicos, o alvo que não foi atingido são as "normas da lei de Deus”, a qual expressa
sua justiça e representa o padrão supremo para o nosso comportamento. Quando
falhamos com alcançar esse padrão, pecamos.
A Bíblia Sagrada fala da universalidade do pecado em termos de errar o alvo da glória de Deus. "Pois todos pecamos e carecem da glória de Deus" (Romanos 3.23). Quando dizemos que "ninguém é perfeito" ou que "errar é humano" estamos reconhecendo a universalidade do pecado. Todos nós somos pecadores necessitando de redenção.
O pecado tem sido definido como qualquer falta de conformidade com a lei de Deus, ou a transgressão de qualquer lei por ele dada como regra à criatura racional. Nesta definição existem três dimensões cruciais. Primeiro, o pecado é falta ou ausência de conformidade. Quer dizer, é não estar em conformidade com a lei de Deus.
Pecado de omissão é
deixar de fazer o que Deus ordena. Se Deus nos manda amar nosso próximo e não o
fazemos, isso é pecado. Segundo, o pecado é definido como transgressão da lei.
Transgredir a lei é ultrapassar seus limites, é ir além de seus limites. Por
isso, às vezes definimos o pecado como "transgredir". Andamos onde não nos é permitido andar. Aqui
lidamos de pecados de comissão com os quais cometemos ações proibidas por Deus.
Quando a lei de Deus é pronunciada em termos negativos, "Não farás..." e nós fazemos o que
nos é proibido, cometemos pecado.
Terceiro,
pecado é uma ação praticada por criaturas racionais. Como criaturas feitas à imagem
de Deus, somos agentes morais livres. Visto que temos mente e vontade, somos capazes
de realizar ações morais. Quando fazemos o que sabemos ser errado, decidimos desobedecer
à lei de Deus e pecamos.
O
protestantismo rejeita a distinção clássica feita pela teologia católica romana
entre pecado venial e pecado mortal. A teologia católica tradicional define
pecado mortal como um pecado que "mata"
a graça na alma e requer a renovação da justificação através do sacramento da
penitência. O pecado venial é aquele de menor gravidade,que não destrói a graça
salvadora. João Calvino declarou que todo pecado contra Deus é pecado mortal,
no sentido em que merece a morte, mas nenhum pecado é mortal no sentido em que
destrói nossa justificação pela fé. O protestantismo afirma que todo pecado é
grave. Até mesmo o menor pecado representa um ato de rebelião contra Deus. Todo
pecado é um ato de traição cósmica, uma tentativa fútil de destituir Deus da
sua autoridade soberana.
A Bíblia Sagrada, porém, ainda considera alguns pecados como mais danosos do que outros. Existem diferentes graus de perversidade assim como haverá diferentes graus de punição, administrados na justiça de Deus. Jesus repreendeu os fariseus por omitirem as questões mais importantes da lei e advertiu as cidades de Betsaida e de Corazim porque seu pecado era pior que o de Sodoma e Gomorra (Mateus 11.20-24). A Bíblia também nos adverte sobre a culpa decorrente de múltiplos pecados.
Embora Tiago ensine que
pecar contra uma parte da lei é pecar contra toda lei (Tiago 2.10), ainda assim nossa culpa cresce com cada transgressão
particular. Paulo nos admoesta contra acumular ou entesourar ira contra si
mesmo no dia da ira (Romanos 2.1-11).
Com cada pecado que cometemos, aumentamos nossa culpa e exposição à ira de
Deus. Entretanto, a graça de Deus é maior que toda a nossa culpa acumulada.
A
Bíblia Sagrada leva o pecado a sério, porque ela leva Deus a sério e leva
também o ser humano a sério. Quando pecamos contra Deus, fazemos violência à
sua santidade. Quando pecamos contra o nosso próximo, violentamos a humanidade
dele ou dela.
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