A
Depravação Humana
Jeremias 17.9; Romanos 8.1-11; Efésios 2.1-3; Efésios 4.17-19; 1
João 1.8-10
Conforme dissemos no capítulo anterior [O Pecado Original], um
ponto comum de debate entre os teólogos concentra-se na pergunta: os seres
humanos são basicamente bons ou basicamente maus? A base sobre a qual o
argumento se move é a palavra basicamente. É um consenso praticamente universal
que ninguém é perfeito. Aceitamos a máxima que diz que "errar é humano".
A Bíblia diz que "todos pecaram e carecem da glória de
Deus" (Rm. 3.23). A despeito desse veredito da falência humana, em
nossa cultura dominada pelo humanismo ainda persiste a idéia de que o pecado é
algo periférico ou tangencial à nossa natureza. De fato, somos maculados pelo
pecado. Nosso registro moral é repreensível. Mesmo assim, de alguma maneira
pensamos que nossas obras más residem na extremidade ou na periferia do nosso
caráter e nunca penetram o âmago. Basicamente, conforme se supõe, as pessoas
são inerentemente boas.
Depois de ser resgatado do cativeiro no Iraque e de ter
experimentado em primeira mão os métodos corruptos de Sadam Husseim, um refém
americano declarou: "A despeito de tudo que suportei, nunca perdi a
confiança na bondade básica das pessoas", talvez esta visão se apóie em
parte sobre a tênue escala da bondade e da maldade relativa das pessoas.
Obviamente, algumas pessoas são muito mais perversas do que outras.
Perto de Sadam Hussein ou de Adolf I Hitler, o pecador comum
fica parecendo santo. Entretanto, se olharmos para o padrão supremo de bondade
— o caráter santo de Deus —, perceberemos que aquilo que parece ser bondade
básica no padrão terreno, é extrema corrupção. A Bíblia ensina a depravação
total da raça humana. Depravação total significa corrupção radical. Temos de
ter cuidado para ver a diferença entre depravação total e depravação absoluta.
Ser completamente depravado significa ser o mais depravado possível. Hitler era
extremamente depravado, mas ainda poderia ter sido pior do que era. Eu sou pecador.
Mas poderia pecar com mais freqüência e com mais gravidade do que faço. Não sou
absolutamente depravado, mas sou totalmente depravado. Depravação total
significa que eu e todas as demais pessoas somos depravados ou corrompidos na
totalidade do nosso ser. Não existe nenhuma parte de nós que não tenha sido
tocada pelo pecado.
Nossa mente, nossa vontade e nosso corpo estão afetados pelo
mal. Proferimos palavras pecaminosas, praticamos atos pecaminosos e temos
pensamentos impuros. Nosso próprio corpo sofre a destruição do pecado. Talvez
depravação radical seja um termo melhor do que “depravação total” para descrever
nossa condição caída. Estou usando a palavra radical não tanto no sentido de extremo,
mas com um sentido mais próximo do seu significado original.
Radical vem da palavra latina para “raiz” ou âmago”. Nosso
problema com o pecado é que ele está enraizado no âmago do nosso ser. Permeia
todo nosso coração. O Pecado está no nosso âmago e não simplesmente no exterior
da nossa vida, e por isso a Bíblia diz: Não há justo, nem um sequer, não há
quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram
inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer. Romanos 3. 10-12.
É por causa dessa condição que a Bíblia dá o seu veredito:
estamos “mortos em nossos delitos e pecados” (Ef 2.1); estamos “vendidos à
escravidão do pecado” (Rm 7.14); somos “prisioneiros da lei do pecado” (Rm
7.23) e somos “por natureza filhos da ira” (Ef 2.3). Somente por meio do poder
transformador do Espírito Santo podemos ser tirados desse estado de morte
espiritual. É Deus quem nos vivifica, quando nos tornamos feitura dele (Ef 2.1-10).
"Ele vos vivificou, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados,
nos quais outrora andastes, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das
potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos de desobediência,
entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne,
fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da
ira, como também os demais. Mas Deus, sendo rico em misericórdia, pelo seu
muito amor com que nos amou, (Ef 2.1-4).
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