A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) - Continuação
O imediato pós-guerra: 1945-1947
A Conferência de Yalta, em fevereiro de 1945, apenas consagrou todo esse quadro: o multilateralismo das negociações cedeu diante do unilateralismo do poder soviético na Europa Oriental. O Exército Vermelho já ocupava a maior parte da região, e sua chegada a Berlim era questão de dias. O tempo das relações internacionais já era outro: a política das áreas de influência na Europa se tornaria o modelo da política mundial nas décadas seguintes. Esse foi o primeiro grande legado da II Guerra Mundial. O segundo foi a materialização bipolarizada desse modelo, que será melhor explorada na Unidade seguinte.
Os aliados, nas reuniões de São Francisco, entre abril e junho de 1945, e em Potsdam, entre julho e outubro de 1945, tinham como projeto a criação de instrumentos para o gerenciamento da paz no pós-guerra. A lógica das alianças e da diplomacia secreta cederia lugar ao esforço de reconstrução das relações internacionais com base no compromisso e no diálogo.
As reuniões de São Francisco criaram a Organização das Nações Unidas (ONU), materializando o sonho wilsoniano, e deixaram evidente a perda de importância da Europa no sistema internacional que então se delineava, apesar de ter sido garantida a participação da Grã-Bretanha e da França no Conselho de Segurança da Organização.
Interessante observar que, apesar de sua concepção idealista, o que se evidenciava na Assembleia Geral, onde cada membro tinha um voto, dentro do princípio da igualdade soberana entre os Estados, a ONU moldou-se em uma estrutura de poder realista, uma vez que tinha um Conselho de Segurança, o órgão legítimo para deliberar sobre o uso da força, no qual o poder concentrava-se na mão dos cinco grandes vitoriosos da II Guerra Mundial: EUA, Grã-Bretanha, URSS, França e China. Esses países tinham assento permanente no Conselho e poder de veto, mostrando a clara diferença entre eles e os demais Estados-membros da Organização e a desigual configuração de poder no Sistema Internacional.
Portanto, a Carta de São Francisco, assinada em 26 de junho de 1945, criou a ONU e tornou-se um dos grandes instrumentos de regulação da nova era das relações internacionais: firmava-se o primado do Realismo sobre o Idealismo que marcara a Sociedade das Nações. O sistema do veto do Conselho de Segurança, que substituía o sistema da unanimidade anterior, construía um diretório dos cinco grandes vencedores de 1945 (EUA, URSS, China, Grã-Bretanha e França), para garantir o congelamento do poder e um compromisso de controle da segurança mundial.
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