A Guerra Fria - Continuação
O Fim da Guerra Fria: 1980-1991
A década de 1980 marcou o que muitos autores chamam de “Nova Guerra Fria”. No período, mereceu destaque a exacerbação anticomunista do novo presidente norte-americano, Ronald Reagan, estabelecendo-se um retorno ao Realismo nas relações internacionais (em substituição ao Idealismo de Jimmy Carter). As concessões unilaterais efetuadas pelo governo Carter foram substituídas por uma política de confrontação diplomática e de endurecimento econômico, com bloqueio econômico e tecnológico aos países do sistema soviético.
O aumento das despesas militares resultou em acúmulo de déficits orçamentários para ambos os lados. No entanto, os EUA possuíam uma clara vantagem nesse processo: os estadunidenses podiam financiar sua dívida pública por meio de emissão de uma moeda que era o principal meio de reserva internacional ou pela colocação de títulos do Tesouro dos EUA no mercado – mecanismos impossíveis de serem utilizados pela URSS, dada a sua tradicional separação da economia mundial. Assim, segundo Paulo Roberto de Almeida, o ocaso final do modo de produção socialista teve início quando os EUA adotaram o programa armamentista conhecido como Guerra nas Estrelas, forçando a URSS a tentar reproduzir o “keynesianismo militar” do governo Reagan, que se revelava oneroso demais.
No final da década de 1980, o mundo veria o bloco socialista desmoronar, em um processo intensificado a partir das reformas do novo líder soviético, Mikhail Gorbatchev, que chegou ao poder em 1985. Em alguns meses, o sistema socialista desapareceria da Europa Oriental, escapando das mãos soviéticas sem que Moscou tivesse como impedir o processo. O assunto será tratado na Unidade seguinte.
O Mapa 31 mostra o colapso do bloco socialista, com as novas fronteiras europeias ao final do século XX.
Mapa 31: O Colapso do Bloco Socialista (1987-1990)
Do ponto de vista econômico, a década de 1980 testemunhou amplo processo de conversão das economias planejadas em economias de mercado: reformas econômicas introduzidas na República Popular da China pela equipe de Deng Xiao-Ping; liberalização do regime soviético a partir de 1985, com a adoção da Perestroika por Gorbatchev, que alcançou o Vietnã a partir de 1986, espalhou-se pela Europa Oriental a partir da queda do Muro de Berlim, em 1989, e culminou na conversão para a economia de mercado de praticamente todas as ex-repúblicas socialistas que apareceram após a desintegração da URSS, concluída em 1991. Do período que vai de1917 a 1991, algo ficou claro para o mundo: o capitalismo mostrava-se muito mais adaptável ao Sistema Internacional do que o socialismo.
Há muitos sítios interessantes sobre a Guerra Fria. Veja, por exemplo o da TV Cultura que reserva um espaço interessante com textos sobre a Guerra Fria. Confira também o da Educaterra, que traz no História por Voltaire Schilling, o texto: Os Estados Unidos e o início da Guerra Fria (1945-49).
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O cinema procurou explorar a temática da Guerra Fria em vários filmes interessantes.
Destacamos um filme-catástrofe de 1983, O Dia Seguinte, de Nicholas Meyer. Trata da vida de estadunidenses após o desencadeamento da guerra nuclear contra a URSS e a destruição causada pelas Superpotências. As cenas são fortes, sobretudo as que mostram os efeitos da radiação sobre as pessoas, e marcou uma posição de parte da opinião pública dos EUA contrária à corrida nuclear. Recentemente foi produzido mais um filme retratando esse período conturbado da relação entre as Superpotências nos anos 60, K-19: The Widowmaker, dirigido por Kathryn Bigelow, com elenco principal formado Harrison Ford e Liam Neeson. A história é um thriller de conspiração de guerra baseada em fatos reais, envolvendo um acidente com o submarino nuclear russo “K-19”, em 1961, que poderia ter causado um conflito internacional de grandes proporções, culminando até numa guerra atômica. Esse acontecimento real foi ocultado por vinte e oito anos pelos russos. Os marinheiros envolvidos na operação foram afastados de suas funções e proibidos de revelar a história, até que finalmente os fatos vieram à tona após o fim da União Soviética. |
Uma sugestão de leitura é Construtores da Estratégia Moderna, de Peter Paret, editado
pela Biblioteca do Exército. Outras obras interessantes podem ser encontradas no sítio dessa editora. |
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