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sábado, 27 de abril de 2019

Nenhum Galo Cantou Na Negação de Pedro

Nenhum Galo Cantou Na Negação de Pedro





Tem sido aceito, que o canto do galo no relato da negação de Pedro seria realmente o canto de uma ave, porem a maioria das evidências afirmam, que nenhum galo cantou no momento da negação de Pedro,  as evidencias históricas afirmam que era proibido criar galos ou galinhas em Jerusalém por questões higiênicas de fato havia uma regra na lei judaica. De acordo com o Baba Qama 7.7 que era o primeiro de uma série de três tratados talmúdicos, que lidam com matéria civil, tais como danos e delitos  afirma que era proibido “criar  galinhas em Jerusalém por causa das coisas santas”.

Sobre essa questão o  professor emérito na Universidade Católica da América em Washington, DC, Joseph Fitzmyer afirma:

“Ainda que o regulamento mishnaico não seja certamente válido antes do ano 70 em Jerusalém, a proibição pode ter tido força naquele tempo”

William Barclay, um dos comentaristas mais conhecidos e reconhecidos do século XX.  Diz:
“Pode bem ser que o canto do galo não fosse o canto de uma ave; e desde o começo não pretende significar isso. Acima de tudo, a casa do Sumo Sacerdote estava no centro de Jerusalém. E certamente não haveria um galinheiro no centro da cidade. De fato, havia uma regra na lei judia, segundo a qual era ilegal ter galos e galinhas na cidade santa, porque eles sujavam as coisas santas.”

Se não havia nenhuma ave no local onde  Pedro estava, então a que “canto de galo” os evangelhos se referem? Provavelmente era um “toque de trombeta” da guarda romana, o termo latino para aquele toque de trombeta era “gallicinium” que significa  “canto do galo” quando Pedro fez a sua terceira negação a trombeta ecoou e Pedro lembrou.
O local onde Pedro estava nesse relato são indicados pelos seguintes versículos: Mt 26.69-75; Mc 14.66-72; Lc 22.54-62 e Jo 18.15-18. Ele estava na casa do Sumo Sacerdote, que ficava no centro de Jerusalém  e que  provavelmente não haveria um galinheiro no centro da cidade por causa da lei.
O evangelho de Marcos foi o primeiro evangelho a ser escrito e de acordo com Irineu e Clemente de Alexandria, foi escrito em Roma,e seu livro parece ser direcionado aos romanos, no  seu livro se encontra muitos latinismos(palavra, idioma ou construção gramatical derivada do latim) , Marcos empregou vários termos provenientes da linguagem técnica militar romana.

Vejamos alguns latinismos citados por Marcos:
Legião-Marcos 5:9/denário-Marcos 6:37/centurião 15:39,44,45/flagellus-açoitar-Marcos 15:15

A expressão “canto do galo” também se tratava de um latinismo, pois representava, o toque da trombeta,   indicando a troca da guarda romana  na vigília que ia de 0 as 3:00
Os romanos dividiam a noite em quatro  vigílias que eram dividas da seguinte maneira:

a) Prima vigília: do pôr do sol até às 9 horas, também chamado de vigília do entardecer.
b) Secunda vigília: das 9 horas à meia-noite, chamada de vigília da meia-noite.
c) Tertia vigília: de zero hora às 3 horas, também conhecida como vigília do canto do galo.
d) Quarta vigília: das três até a aurora, chamada de vigília do amanhecer.

Os judeus inicialmente dividiam a noite em três vigílias. No entanto, em tempos posteriores, na época do império romano a noite passou a ser dividida, segundo o costume dos romanos, em quatro vigílias.
O historiador Plinio do 1º século, afirma :
“o toque da trombeta da meia-noite era conhecido como o “primeiro cantar do galo”; o toque das três horas da manhã era conhecido como o “segundo cantar do galo”.

De acordo com a Enciclopédia da Bíblia:
"O cantar do galo" era um nome dado a terceira vigília da noite, de meia noite às três da manhã. No tempo de Cristo a noite foi dividida pelos romanos em quatro vigílias: a) Tarde;  b) Meia-Noite;  c) Madrugada;  d) Cedo. Cada um dos evangelhos se refere ao "cantar do galo" em conexão com o período em que Pedro negou a Jesus. (Mt 26:34,74; Mc 13:35; Lc 22:34; Jo 13:38).”

Comentando a questão  William Barcley  diz:
“Os romanos dividiam cada dia em períodos de três horas chamados “horas”. Os períodos de três horas da noite foram chamados “vigílias”. Essas vigílias determinavam o período das três horas  do serviço da guarda”

Os demais evangelhos tiveram o evangelho de Marcos como fonte. E como podemos ver no livro de Marcos a expressão “canto do galo” no grego “αλεκτοροφωνιας “  aparece dentro de um versículo que trata das vigílias romanas, de forma enumeradas, indicando assim que essa expressão se referia realmente a vigília romana, vejamos o texto:
“Vigiai, pois, porque não sabeis quando virá o dono da casa: se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo( αλεκτοροφωνιας)  , se pela manhã; para que, vindo ele inesperadamente, não vos ache dormindo. O que, porém, vos digo, digo a todos: vigiai!”   Marcos 13:35-37 ARA

Os tradutores da Nova Tradução na Linguagem de Hoje, sabendo disso traduziram da seguinte forma:

“Então vigiem, pois vocês não sabem quando o dono da casa vai voltar; se será à tarde, ou à meia-noite, ou de madrugada(αλεκτοροφωνιας) , ou de manhã. Se ele chegar de repente, que não encontre vocês dormindo! O que eu lhes digo digo a todos: fiquem vigiando!” Marcos 13:35-37 NTLH

sobre o versículo de Marcos 13:35 o Comentário Critico e Explicativo Sobre a Bíblia Inteira diz:
“Observe você, pois, Pois não sabe quando o senhor da casa vem, nem mesmo, nem à meia-noite, nem ao canto do galo, ou pela manhã - uma alusão aos quatro relógios romanos da noite.”

Novamente comentando a questão  William Barclay  diz:
“Os romanos dividiam cada dia em períodos de três horas chamados “horas”. Os períodos de três horas da noite foram chamados “vigílias”. Essas vigílias determinavam o período das três horas  do serviço da guarda. Os judeus com frequência  usavam uma forma abreviada quando se referiam a essas vigílias da noite. Encontramos um exemplo disso em Marcos 13:35-37”

O Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, sobre Marcos 13:35-37 diz:
“à tarde, … à meia noite, …ao cantar do galo, … pela manhã. Os quatro termos aqui utilizados se referem às quatro vigílias da noite, de acordo com o sistema romano que se empregava na Palestina.”

A conclusão que se chega é que realmente o texto bíblico quando apresenta a negação de Pedro, a expressão “canto do galo” ali presente não se referi a ave e sim ao toque da trombeta  que marcava a vigília romana.


Autor: Wesley Renilson

Referencias bibliográficas:
Joseph A. FITZMEYER. The Gospel According to Luke. The Anchor Bible. Vol.28A. New York. Doubleday, 1985, p.1427.

William BARCLAY. The Gospel of Matthew. Vol.2. Philadelphia, The Westminster Press, 1975, pp.346,347.

Como Entender os Textos Mais Polêmicos da Bíblia, de Jaziel Guerreiro Martins, Editora A. D. Santos.

Descobrindo a Bíblia Por KENNETH BOA,BRUCE WIKINSON, pág. 380.

Enciclopédia da Bíblia

LENSKI, R. C. H. The Interpretation of St. Luke’s Gospel, p.1066

Comentário Critico e Explicativo Sobre a Bíblia Inteira- Marcos  13


Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, vol. 5, p. 713.


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