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quarta-feira, 11 de julho de 2018

Teologia Sistemática

TEOLOGIA SISTEMÁTICA: BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE JESUS: O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA

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O objetivo deste trabalho é fazer algumas considerações sobre Jesus enquanto o Caminho, a Verdade e a Vida. Serão usadas como provocação ao presente raciocínio as páginas 71 – 73 do livro texto “Teologia Sistemática III” (Cristologia e Escatologia) de Marcos Orison Nunes de Almeida, professor da disciplina na Faculdade Teológica SulAmericana. O texto a seguir é uma versão ampliada da resposta desteautor a uma atividade de teologia sistemática denominada FÓRUM 2 – SEMANA 2 – TEOLOGIA SISTEMÁTICA III.
Assim, como mencionado acima, uma vez que se refere a discorrer sobreO Caminho, a Verdade e a Vida enquanto reportando-se a Jesus se apresentando dessa forma, nada mais coerente do que começar com uma citação da própria bíblia para introduzir o assunto. Eia pois, aos versículos:
João 14.6
5.Indagou-lhe Tomé: “Senhor, não sabemos para onde vais; e como poderemos conhecer o caminho?” 6.Assegurou-lhes Jesus: “Eu Sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim. 7.Se vós, de fato, tivésseis me conhecido, teríeis conhecido também a meu Pai; e desde agora vós o conheceis e o vistes.”(grifei)
Certamente você conhece os versículos acima. Quando as pessoas estão sem rumo este trecho bíblico traz um alento muito grande. Ao menos o é para os cristãos. Principalmente o versículo 6 onde Jesus afirma que é três elementos de que todos precisam fundamentalmente, quais sejam, Caminho, Verdade e Vida.
Jesus enquanto caminho é aquele pelo meio do qual se pode percorrer com toda a segurança. Não há a menor possibilidade de você se perder se seguir por ele. Algumas vezes as pessoas percorrem uma rodovia, rua ou avenida em localidades que não conhece e de repente se depara com uma bifurcação. Muitas vezes a sinalização é confusa e a pessoa acaba fazendo a escolha errada. Então, segue a toda pressa, para alguns quilômetros adiante se dar conta de que está perdida e o ponto onde queria chegar não será alcançado.
Agora, observe o início do versículo 6, e veja que na versão escolhida (King James) a palavra usada é Assegurou-lhes. A versão é adequada para o assunto em questão. Primeiro porque a palavra transmite confiança total, segundo, porque o verbo está julgado no pretérito perfeito, dirigido a mais de uma pessoa. Ou seja, demonstra uma atitude irretocável e completa e ao mesmo tempo de alcance universal. A garantia que Jesus dá não se restringe a uma pessoa ou grupo, bem como não é garantia para o futuro, mas e sim uma garantia instituída para sempre, e desde já. Porque Jesus é o caminho, quem nele se encontra pode fechar os olhos e seguir.
Jesus também nos assegura que ele é a Vida. Jesus como a vida faz parte da garantia que ele nos dá por ser o caminho. Quem quiser chegar à vida não pode buscar outra via que não seja Jesus. E a vida é tão importante que os professores de direito, sobretudo os que lecionam sobre os direitos humanos afirmam com toda razão que a vida é a causa e objetivo de todos os outros direitos. Sem o direito à vida os demais direitos não têm sentido.
De nada adiantaria o direito à propriedade se não houvesse garantia para a vida desfrutar, de nada adiantaria o direito de ir e vir se a vida não fosse protegida para se locomover, de nada adiantaria o direito à liberdade de pensamento e expressão se não houvesse uma vida para os defender, para se manifestar.
Em que pese ter o mesmo princípio a vida a que Jesus se refere é a vida perpétua, eterna, e esse direito ele conquistou para todos quantos queiram, quando deu a sua própria em resgate da humanidade. Não há ato de exemplo mais humano do que a autoentrega de Jesus na cruz. É por meio de sua morte que todos os bens eternos criados por Deus reservados aos herdeiros da vida eterna passam a fazer sentido. Sem a vida eterna o céu eterno não vale a pena. Talvez, Deus nem o teria criado. Assim como Deus criou o mundo para o homem natural desfrutar por meio da vida garantida pelo direito, também criou maravilhas narradas no livro de apocalipse para um desfrute eterno. Agora, se não houvesse vida eterna, não haveria interesse em que as maravilhas narradas na bíblia fossem relatadas aos seres humanos.
E Jesus sendo o Caminho e a Vida, isso tudo pode e deve ser acreditado porque é Verdade. E por falar em verdade, vamos ao segundo elemento, que estrategicamente deixamos para o final. Para tanto, observe um trecho do diálogo entre Jesus e Pilatos:
37. Perguntou-lhe, pois, Pilatos: Logo tu és rei? Respondeu Jesus: Tu dizes que eu sou rei. Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz. 38. Perguntou-lhe Pilatos:Que é a verdade? E dito isto, de novo saiu a ter com os judeus, e disse-lhes: Não acho nele crime algum (grifei).














Talvez esse seja o maior enigma filosófico para o homem resolver, Que é a verdade?. Desde muito tempo os chamados pensadores vêm discursando sobre o assunto. Pilatos fez uma pergunta retórica, diante da Verdade, ninguém sairia ignorante. E aí é que está o problema. Existe certa ditadura do conhecimento. Os que pensam possuir o tal conhecimento não admitem soluções aparentemente simples. Por esse motivo, certamente este artigo encontrará muitas críticas e refutações.Esclarecido está de antemão que a ideia não é ditar uma solução, é melhor ainda, é lançar uma provocação para que o leitor crie sua própria forma de pensar a respeito do que é a verdade, e propriamente a Verdade.
Pois bem, finalmente usemos algumas citações do texto base para este artigo. Nele o autor inicia por despertar o leitor para uma reflexão a respeito da verdade atingindo em cheio o discurso fácil que se formou na “tradição” evangélica ao longo dos anos. No trecho, Tradicionalmente, no meio evangélico, a principal interpretação da expressão “verdade” tem sido feita com base em uma perspectiva reducionista como algo que é oposto a mentira (pg. 71, grifei). Aqui o autor traz a lume o fato de que a visão maniqueísta do certo/errado, bem/mal/ céu/inferno, Deus/Diabo não é a forma final na definição da verdade. Como diria Shakespeare, existe muito mais coisas entre o céu e a terra, Horácio, do que a nossa vã filosofia. A verdade não é uma mera oposição à mentira, nisso há de se concordar. Até porque, tal ideia reduziria demais o real significado de um termo carregado de tanto simbolismo.
Outro trecho interessante a se considerar é o seguinte: “Talvez esteja presente ainda uma interpretação dualista da realidade em que tudo se apresenta como dividido entre Deus e o diabo” (pg. 71). Aqui, reside o erro das pessoas que associam o pertencimento a Deus, de quem fala a verdade, e ao Diabo de quem diz a mentira.
O texto realça o uso que se faz de versículos bíblicos para embasar tal pensamento sobretudo João 8.44. Neste ponto está implícito que deve ser levado em consideração que nem sempre quem diz a verdade quer alguma coisa com Deus, ou acredita em Deus, de modo que de acordo com a fé cristã, mesmo dizendo a verdade não significa que a pessoa pertence a Deus. O texto leva-nos a entender que falar a verdade é diferente de viver na verdade. Diz-se a verdade para se ter credibilidade junto aos pares e até diante de desconhecidos. Ao passo que viver na verdade é comportar-se de forma a convencer de que o que se prega é de fato o que se sente, independentemente de quem nos observa ou avalia. É verdade que o versículo de João 8.44 diz que o diabo fala daquilo sobre que detém a paternidade, a mentira. Certo é que quem ama a mentira tem tudo de demoníaco, mas, dizer a verdade sem compromisso com ela, tem quase nada de Deus.
A verdade sendo maior que uma proclamação verbal é a manifestação exterior em forma de comportamento que reflete o que se pretendeu dizer. O destaque negativo ou ponto fraco no texto base é encontrado nas seguintes afirmações (pg. 72) A fé e a teologia ficaram aprisionadas a sistemas teológicos exatos e controlados, que a tudo respondem e explicam. E ainda:
“O resultado disso para a teologia foi que a verdade ficou refém desse estado de mente. A verdade passou a ser aquilo que é explicado por uma proposição ou um discurso correto elaborado pela teologia. O grande problema é que não existe uma única teologia ou um único discurso. A maior prova disso é a assustadora variedade de denominações e correntes teológicas que defendem ser representantes fiéis de Deus no mundo”.(grifei).
A citação acima foi feita com o objetivo de localizar você, leitor, bem como mostrar que existem contrapontos a se considerar. No caso, não se deve concordar com autor da citação supra, pois, em que pese a verdade não habitar apenas o discurso e nem apenas um discurso, não quer dizer que existem duas ou mais verdades. Não é com base em verdades diferentes que as denominações religiosas surgem, mas nas diferenças dogmáticas e doutrinárias encontradas por interpretações divergentes de um mesmo texto por um mesmo grupo que se divide depois. Por sua vez a verdade é sempre a mesma. Claro está que dizer-se dono da verdade a partir de um discurso é o mesmo que chamar alguém de preconceituoso pelo simples fato desse alguém não pensar igual ou não adotar o mesmo discurso.
Em continuidade, é necessário ser conclusivo na manifestação a respeito do verbete em comento, e nada se faz tão oportuno do que lançar mão da citação a seguir: O logos encarnado é, então, cheio de verdade, pois, é a expressão da única fonte de existência, afinal todo o resto é criado(pg. 73). Quando se fala da verdade, buscamos o convencimento de alguém por meio de um testemunho, o que envolve trazer a baila tudo o que existe a respeito de um acontecimento. Do contrário o testemunho poderá ser falso, ou mentiroso. É mentir falar o que não é verdade e é omitir não falar o que é verdade. Veja que a diferença entre mentira e omissão é a localização da palavra não. Em ambos os casos demonstra-se deficiência de caráter.
E Logos é exatamente um discurso, um testemunho. No caso de Jesus, é o discurso, o testemunho sobre Deus e seus negócios, por assim dizer.Logos em grego, verbo em português é tudo sobre Deus, sem exageros porque não precisa, sem omissão porque diminuiria a ideia sobre ELE. Verbo é palavra que expressa uma, ação; fato; fenômeno; estado. OLogos é a razão única da teologia. Dizer que não existe apenas uma teologia é o meso que dizer que existe mais de um deus, quando na verdade só existe Deus. Teologia é discurso sobre Deus. Por isso, teologia que se prese tem compromisso com a verdade.
Em função disso, dizer que existem várias verdades é como dizer que existem várias realidades. O que é definitivamente falsoSe há um fato, uma ação, um fenômeno, um estado, e há, todos esses elementos se referem ao Ser de Deus. O resto é consequência da existência desse Ser incluindo a nós os seres humanos. Nós não viemos por nos mesmos, somos consequência de sua ação.
Como se disse anteriormente, a simples oposição com a mentira faz com que a verdade fique menor do que realmente é. Aliás, aletheia (verdade) é a mesma palavra grega que se usa para dizer realidade. Discordando um pouco do nosso autor base, não existem duas verdades, porque falar a verdade é portanto, falar do que existe, ou seja, é fazer uma manifestação comportamental materializando a plenitude de significado do que se diz. É sair do mundo ideal, do que se deseja, do que se pensa, do que se planeja, do que se sonha, para ser, para existir, para estar no mundo, no mundo de Deus, porque a verdade basta por si, a mentira é criada sob artificialidade, carece de argumentos e esforços.
O real não é apenas o que se vê, mas, é aquilo que não ilude. Não o que se quer ver, mas, o que existe de fato e de direito. O que há de real não contém nada por trás. Portanto, pode ser examinado a qualquer tempo e por qualquer método. A verdade não precisa de articulação. Quem sabe da verdade apenas conta o que sabe.
Assim sendo, Jesus a verdade é a plenitude do que se deseja conhecer porque é real e por isso mesmo é a luz de Deus que é a existência, que é a verdade e dá liberdade, que desfaz a ilusão. Diante do exposto, nunca se deve fazer uma pergunta do tipo: qual é a verdade? Essa pergunta está errada, pois denota a crença na existência de duas verdades. Se duas ou mais pessoas têm versões conflitantes, logo alguém está fora da verdade.
ALFONSO, Sergio Aparecido. Resposta ao fórum 2. FÓRUM 2 – SEMANA 2 – TEOLOGIA SISTEMÁTICA III. Disponível em:http://www.teologiaonline.com.br/v3/mod/forum/user.php?id=1384&page=3. Acesso em 18 jan. 2016.
ALMEIDA, Marcos Orison Nunes. Teologia Sistemática III: cristologia e escatologia. Londrina: FTSA, 2014. Disponível em file:///C:/Users/mppr/Downloads/apostila_sist3.pdf. Acesso em 18 de jan. 2016.
Imagem: Disponível em https://imagensbiblicas.wordpress.com/tag/pilatos/. Acesso em 18 de jan. de 2016.

Publicado por: Sergio Aparecido Alfonso
O texto publicado foi encaminhado por um usuário do Brasil Escola, através do canal colaborativo Meu Artigo. Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: http://www.brasilescola.com.


Fonte de referência, estudos e pesquisa: http://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/religiao/teologia-sistematica-breves-consideracoes-sobre-jesus-.htm

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