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domingo, 11 de março de 2018

Igreja de Cristo internacional

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1. Antecedentes
Movimento de Restauração: nos Estados Unidos do início do século 19, na época do Segundo Grande Despertamento, os presbiterianos Barton Stone e Thomas Campbell, criaram dois grupos, denominados respectivamente “Cristãos” (1804) e “Associação Cristã de Washington” (1809), que se associaram informalmente em 1831 como Discípulos de Cristo/Igreja Cristã. Alegavam estar restaurando o cristianismo autêntico, original. Desse grupo surgiram duas igrejas: Igrejas de Cristo – “não-instrumentais” (1906) e Igrejas Cristãs/Igrejas de Cristo – “independentes” (1927). Em 1968, o grupo original reestruturou-se como uma denominação: Igreja Cristã (Discípulos de Cristo).

As Igrejas de Cristo, surgidas em 1906, eram conservadoras e interpretavam o Novo Testamento como única fonte do que era permissível em matéria de culto e doutrina. Assim sendo, rejeitaram inteiramente o uso de instrumentos musicais e concluíram que não havia justificativa para qualquer organização além da congregação local.

2. História
No final dos anos 1960, várias dessas igrejas independentes criaram um grupo para evangelização de universitários chamado “Evangelismo no Campus”. Um desses grupos foi formado em Gainesville, Flórida, em 1967, e ficou conhecido como Igreja de Cristo Crossroads. Tinha a liderança de Charles (Chuck) Lucas, ministro entre os estudantes da Universidade da Flórida. O nome inicial do movimento de discipulado ficou sendo, portanto, “Movimento Crossroads”.

Um estudante dessa universidade alcançado por Lucas e treinado nos métodos de discipulado foi Kip McKean (batizado em 1972). Em abril de 1977, quando trabalhavam entre estudantes em Charleston (Illinois), McKean e Roger Lamb foram demitidos por sua igreja patrocinadora, a Igreja de Cristo de Memorial Drive, em Houston, no Texas. Isso ocorreu numa época em que os meios de comunicação começaram a divulgar as crescentes evidências de práticas sectárias e manipulação emocional por parte do movimento.

Em 1979, aos 25 anos, McKean foi enviado para Lexington, Massachusetts, um subúrbio de Boston, onde, utilizando os métodos de discipulado, iniciou uma igreja que teve rápido crescimento – a Igreja de Cristo de Boston. Três anos mais tarde, o “Movimento de Boston” começou a plantar “igrejas colunas” – igrejas em cidades importantes de todo o mundo. As primeiras foram as de Chicago, Londres e Nova York.

O caráter separatista do movimento foi ficando cada vez mais evidente. Muitos membros de outras Igrejas de Cristo, bem como de outras comunidades, passaram a deixar os seus grupos de origem e aliar-se a McKean. Em 1985, com o desligamento de Chuck Lucas da Igreja Crossroads por causa de má conduta sexual, McKean tornou-se o líder do movimento de discipulado. Contrariando o sistema congregacional das Igrejas de Cristo, passou a concentrar todas as coisas em Boston.

Para consolidar a sua liderança, McKean empreendeu uma série de mudanças no movimento – a “obra de restauração”. Separou-se definitivamente das Igrejas de Cristo tradicionais, considerando-as uma denominação morta. Começou a rebatizar todos os que faziam parte do movimento, inclusive os líderes, que agora seriam escolhidos e treinados pessoalmente por ele. Quem não quisesse se submeter deveria sair do movimento, não sendo mais considerado um cristão. Em 1986, foi iniciado um programa denominado “Reconstrução”, que visava substituir pastores das Igrejas de Cristo por ministros treinados pelo Movimento de Boston.

Em 1988, a Igreja Crossroads, que havia patrocinado o início da Igreja de Boston, desligou-se oficialmente do grupo. No mesmo ano, McKean criou um sistema de governo em forma de pirâmide, estando ele mesmo no topo, como Evangelista Mundial de Missões; sua esposa, Elena Garcia McKean, passou a ser a Líder Mundial do Ministério de Mulheres. Dividiu as nações do mundo em oito setores, designando um casal de líderes para cada setor.

Em 1989, em seu Relatório Decenal, Kip McKean recordou o rápido crescimento da Igreja de Boston: “Um entendimento crescente do verdadeiro discipulado do Novo Testamento permitiu que o Espírito trouxesse 103 pessoas a Cristo já no primeiro ano! A multiplicação continuou no segundo ano quando 200 foram batizados; 256 no terceiro; 368 no quarto; 457 no quinto; 679 no sexto; 735 no sétimo; 947 no oitavo; 1424 no nono; e em nosso décimo ano 1621 foram batizados em Cristo!” (citado por Jerry Jones, What Does the Boston Movement Teach? Vol. 1, p. 125).

Em 1990, McKean mudou-se para Los Angeles, de onde passou a dirigir o movimento. A Igreja de Los Angeles é considerada a mega-igreja do movimento, com uma assistência de 12.000 pessoas. Em 1993, numa conferência realizada naquela cidade, foi adotado o nome Igreja de Cristo Internacional. No ano seguinte, as igrejas ligadas ao grupo deixaram de constar do catálogo das Igrejas de Cristo nos Estados Unidos.

Algumas estatísticas recentes falam em mais de 330 igrejas em 140 países, com 150.000 participantes nos cultos dominicais, inclusive 34 igrejas com freqüência média de no mínimo 1000 pessoas. A ICI planeja iniciar igrejas em todas as cidades com mais de cem mil habitantes.

Em novembro de 2002, McKean demitiu-se da liderança da ICI, sendo substituído por Al Baird, presbítero e porta-voz da igreja. McKean alegou que, em virtude da sua arrogância e outras atitudes, havia causado males tanto ao Reino como à sua família. Esses pedidos públicos de perdão são comuns entre os líderes da igreja.

3. Outros nomes
Esse movimento é conhecido por muitos outros nomes, tais como Ministérios de Multiplicação, Movimento de Discipulado, Campus Advance, Christian Advance, Clube Upside Down, Alfa Ômega, Movimento Cristão nos Campus, Esperança no Campus, Estudantes em Prol do Cristianismo Hoje. Sua publicação oficial é a revista Upside Down (De cabeça para baixo), anteriormente denominada Discipleship (Discipulado).

4. No Brasil
A ICI iniciou oficialmente suas atividades no Brasil em 1987, quando um grupo de 15 pessoas, liderado por Miguel e Anne-Brigitte Tagliaferro, desembarcou em São Paulo. No ano seguinte os Tagliaferro foram para a África e John e Bárbara Porter assumiram a liderança em São Paulo. Em 1993, o casal Porter voltou para os Estados Unidos, sendo substituído por Othon e Gabriela Neves, que ficaram na liderança do Grupo Geográfico do Brasil.

A ICI expandiu-se para outras cidades: Rio de Janeiro (1991), Belo Horizonte (1994), Salvador (1997), Recife e Brasília, atraindo principalmente jovens desiludidos com a religião de modo geral, muitos deles universitários. Já conta com uma freqüência dominical de mais de 4000 pessoas através do país; todavia, também tem perdido muitos membros. Utiliza somente a Bíblia na Linguagem de Hoje.

Em 1996, utilizando o nome HOPE Worldwide, uma organização não-governamental com sede em São Paulo, criada para ser o braço beneficente da igreja, a ICI promoveu uma campanha de doação de sangue, reunindo cerca de 32.000 pessoas em São Paulo. Para esse evento, contratou um show do grupo musical baiano Olodum, a fim de atrair as pessoas para evangelizá-las.

5. Doutrinas e práticas
(a) Exclusivismo: a seita se considera a única igreja verdadeira, o renascimento da igreja do primeiro século, que teria apostatado ao ser absorvida pelo Império Romano. Considera falsas todas as demais igrejas, cujos membros são apenas religiosos sem salvação. Estes são todos iguais: frios na fé, confusos, desunidos, sem vida cristã.

(b) Regeneração batismal: quando alguém recebe Cristo, a resposta deve incluir fé, arrependimento, confissão e batismo. Sem o batismo com água, os pecados não são perdoados e a pessoa não tem a salvação. Além disso, o único batismo verdadeiro e válido é aquele ministrado pela seita. Todos os que vêm de outras igrejas são rebatizados.

(c) Discipulado agressivo: todo novo convertido deve submeter-se a alguém que é “mais maduro no Senhor”. Através de uma série de estudos bíblicos de crescente rigidez, o discípulo é “quebrado” emocionalmente. O líder exerce controle não somente na área espiritual, mas sobre atividades diárias e particulares (onde morar, quem e quando namorar, que matérias fazer na escola, e mesmo com que freqüência ter relações com o cônjuge). Muitos discípulos chegam a deixar a família, emprego ou estudos para dedicar-se plenamente à organização.

(d) Autoridade e submissão: os membros devem submeter-se incondicionalmente aos líderes, mesmo quando estes não agem inteiramente de maneira cristã ou quando a coisa ordenada não esteja de acordo com Cristo. Falando sobre a igreja, Al Baird disse: “Não é uma ditadura. É uma teocracia, com Deus no comando”. Também afirmou: “No caso de os líderes espirituais abusarem da sua autoridade, não é uma opção rebelar-se contra a sua autoridade”. A menos que prestem essa obediência cega, os discípulos são taxados de espiritualmente fracos e rebeldes.

(e) Técnicas de controle: o método usado para manter o rebanho em ordem é a

confissão dos pecados ao discipulador. Os pecados revelados não são mantidos confidenciais, mas podem ser comunicados à hierarquia da igreja, que, com freqüência, os usa contra os discípulos para mantê-los sob controle. O controle da mente e a submissão absoluta ao líder produzem despersonalização, quebra de vínculos afetivos, invasão da intimidade, abandono de carreiras e ideais pessoais, e outros efeitos danosos.

6. Outras características
(a) A seita trabalha preferencialmente com jovens, atraindo pessoas através de convites para estudos bíblicos, festas e reuniões da igreja. Atua em universidades, shoppings, lanchonetes e outros locais com grande concentração de jovens. Por causa de seu proselitismo agressivo, foi banida de muitas universidades americanas. A Universidade de Boston não a admite no seu campus desde 1987.

(b) Jovens recém-batizados são induzidos a fazer outros discípulos, porque, segundo a ICI, “um discípulo que não faz discípulos não é um verdadeiro discípulo”.

(c) Os membros são instruídos a contribuir maciçamente para a igreja, ofertando de 10 a 30% da sua renda bruta, mais uma contribuição especial anual. A doação é monitorada cuidadosamente pelos líderes.

(d) Não constroem templos, fazendo suas reuniões em salões, cinemas, clubes e templos alugados de outras igrejas.

(e) Não crêem na doutrina do pecado original, afirmando que é uma doutrina católica.

7. O que se deve fazer
· Alertar e orientar os membros das nossas igrejas sobre os perigos representados pela ICI, suas doutrinas e seus métodos.

· Reconhecer que a ICI tem ênfases que são importantes para todos nós: evangelização, ministério estudantil, discipulado. Sem as distorções praticadas por esse movimento, tais atividades são essenciais para o cumprimento da nossa missão.

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