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Magazine na Lanterna

sexta-feira, 28 de julho de 2017

A INQUISIÇÃO NO BRASIL...

A INQUISIÇÃO NO BRASIL



"Arrependo-me e peço perdão porque pequei." Pela primeira vez em dois anos de martírio, Guiomar Nunes disse o que os inquisidores queriam ouvir. A multidão reunida na praça do Comércio, em Lisboa, na tarde de 17 de junho de 1731, gritava contra os hereges, enfileirados diante de um palanque, onde se encontravam autoridades políticas e religiosas. Diante de 3 mil pessoas eufóricas, um a um, os sete réus foram chamados à contrição uma última vez. Acusada de judaísmo, a pernambucana entre eles resistiu muito antes de confessar. Enfrentara interrogatórios duríssimos na prisão.
Suas palavras derradeiras, porém, não bastaram para o Tribunal do Santo Ofício. O inquisidor se ajoelhou no tablado montado para a ocasião e, enquanto os auxiliares retiravam-lhe a capa e o barrete, os condenados eram aspergidos com água benta. Em seguida receberam suas sentenças. Aos 47 anos, Guiomar foi garroteada - estrangulada com uma especie de torniquete -, e seu corpo, consumido no meio da praça por chamas de até 6 m de altura. Ao pedir perdão, conseguiu evitar que fosse queimada viva. Do outro lado do Atlântico, no Engenho de Santo André (na atual Paraíba), o vendedor de latas Luís Nunes da Fonseca acabara de se tornar viúvo, com oito filhos do casal para criar.

Guiomar morreu em Portugal porque o Brasil não torturou ou fez arder seus hereges em fogueiras. Mas ela foi delatada e presa em um processo iniciado por aqui. E não foi a única. Por mais de 200 anos, a Inquisição católica atuou nas terras da América portuguesa. Estimulou delações e criou um clima de terror nas principais cidades por meio dos temidos visitadores e de auxiliares locais, integrantes do clero. Prendeu e enviou para a Europa pessoas que dificilmente voltavam à terra natal. Quem não foi condenado ao degredo e perdeu todos os bens acabou, como se dizia na época, purificado pelo fogo. A exemplo de Guiomar e de outros condenados queimados com ela, nem sequer puderam ser enterrados, suas cinzas foram espalhadas ao vento.

CRISTÃOS NOVOS
À frente da União Ibérica, o rei Filipe IV bem que tentou instalar um tribunal do Santo Ofício no Brasil, em 1623, mas não teve autorização da Igreja e desistiu diante das invasões holandesas no Nordeste. Entre os séculos 15 e 16, com a ocupação de colônias na Ásia e nas Américas, Portugal e Espanha empenharam-se em retomar as perseguições que marcaram a Idade Média. O objetivo era garantir que as novas terras se tornassem obedientes à fé europeia e controlar com rédea curta a crescente população de cristãos-novos (descendentes de judeus convertidos).

A chamada Inquisição medieval teve características distintas. Começou no século 13 (com precedentes no século anterior), agiu principalmente na França e na Itália e perseguiu quem discordava dos dogmas do catolicismo ou desrespeitava suas estritas normas de conduta. No século 15, porém, no auge do Renascimento, a atuação dos inquisidores era decadente. Após pressionar muito o papa, a Espanha conseguiu recriar o tribunal, em 1478, e Portugal, em 1536. Estava inaugurada a Inquisição moderna. Os espanhóis instalaram tribunais em cidades centrais de sua colônias: Cartagena, Lima e Cidade do México. Os portugueses conseguiram fazer isso apenas na mais distante: Goa (na atual Índia).

Os judeus, em princípio, não podiam ser perseguidos pela Inquisição, que investigava apenas as pessoas batizadas. Mas, depois de forçados à conversão, seus descendentes eram investigados até mesmo dez gerações depois. Os cristãos-novos eram estigmatizados e perseguidos havia pelo menos três séculos. Com o surgimento de colônias afastadas dos centros de poder, muitos deles preferiram se mudar (ou foram expulsos), o que causou preocupação nas autoridades locais, que temiam a retomada de práticas judaicas. Considerada a primeira professora do Brasil, Branca Dias foi vítima desse cenário. Denunciada pela mãe e pela irmã (possivelmente sob tortura)ainda em Portugal, ela respondeu às acusações de judaísmo, cumpriu pena de dois anos de prisão e depois imigrou com o marido para Pernambuco, onde foi investigada mais uma vez - mesmo vários anos depois de morta, em 1558. Acabou condenada, assim como suas filhas e netas (elas, sim, estavam bem vivas...).



Com a atuação nas metrópoles e no além-mar, esse segundo momento da Inquisição foi marcado por um controle maior do Estado, que sustentava os tribunais e se responsabilizava por organizar os autos de fé, as grandes simulações do Juízo Final. Invariavelmente, as fogueiras eram acesas, os hereges queimados (vivos, mortos ou na foma de bonecos, as efígies), e o povo festejava madrugada adentro. No Brasil, os representantes do Tribunal do Santo Ofício eram as autoridades eclesiásticas locais, que tinham autonomia para identificar casos de desobediência à fé,  realizar investigações preliminares e prender os suspeitos, remetidos para Lisboa, onde o processo era concluído. Essa estrutura funcionou entre os séculos 16 e 18. A sede podia estar distante, mas a Inquisição mostrou sua força bem de perto, especialmente quando enviou funcionários para visitas pessoais a algumas áreas cruciais da Colônia.


VISITAÇÕES
Era um grande acontecimento. O desembarque do emissário mobilizava a população e fazia multiplicar as procissões. Acompanhado de um séquito de dezenas de pessoas, o visitador era instalado em algum casarão central, onde o governador-central, funcionários de alto escalão, juízes, bispos,vigários e missionários passavam para o beija-mão. Em 1591, a recepção ao primeiro dos quatro enviados parou Salvador: Helio Furtado de Mendonça veio debaixo de um pálio de tela de ouro e, adentrando a Sé, ouviu renovados votos de louvor à sua pessoa e ao Santo Ofício. Dirigiu-se então à capela-mor, após a leitura da constituição de Pio V em favor da Inquisição, onde estava posto um altar ricamente adornado com uma cruz de prata arvorada, e quatro castiçais grandes, também de prata, com velas acesas, além de dois missais abertos em cima de almofadas de damasco, nos quais jaziam duas cruzes de prata. Em meio a todo esse luxo, o visitador rumou para o topo do altar, sentou-se numa cadeira de veludo trazida pelo capelão e recebeu o juramento doo governador, juízes, vereadores e mais funcionários, todos ajoelhados perante o Santo Ofício. Sabe-se que Mendonça chegou ao Brasil preocupado -  tinha lido um texto em que o padre Antônio Vieira dizia que, no Brasil , "não se guarda um só mandamento de Deus e muito menos os da Igreja".




O início das visitas marcava o Tempo da graça, período de até 60 dias em que todas as pessoas eram "convidadas" a se manifestar. Nas ruas eram afixadas cópias do monitório, documento que listava os "crimes" sujeitos a investigação, incluindo blasfêmias, sacrilégios e, claro, transgressões sexuais e judaísmo. Quanto mais rápido a pessoa se apresentava, menos suspeitas levantava contra si. A essa altura, a festa dava lugar à tensão. Como as denúncias eram anônimas, aquele era o momento ideal para vinganças. uma mulher trocada pelo marido, por exemplo, poderia denunciá-lo por bigamia (também há casos de denúncias de homens abandonados pela mulher). Um comerciante passado para trás nos negócios era capaz de sugerir que o concorrente praticava o judaísmo. escravos denunciavam os seus senhores por sodomia. Na medida em que as acusações se acumulavam, os suspeitos eram levados para diante do visitador. No século 17, um homem acusado de homossexualismo confessou judaísmo porque achou que esse era o motivo da denúncia. Acabou julgado pelos dois.

Muitas vezes, amigos entregavam uns aos outros e familiares eram forçados a voltar-se contra um parente. Foi o que aconteceu com Ana Rodrigues, a primeira moradora do Brasil condenada à fogueira. A chegada do visitador  causava um descontrole nas relações sociais. O barbeiro Salvador rodrigues foi acusado de sodomia pelos próprios irmãos na Belém de 1661. O inquérito levantou uma vasta rede de contatos homossexuais e acabou punindo outras pessoas da cidade.




Tradicionalmente, são citadas três visitações ao Brasil, entre 1591 e 1595, passou por Bahia, Pernambuco, Itamaracá e Paraíba, num momento em que a União Ibérica enviava vários inquisidores às suas colônias. A segunda, de 1618 a 1621, a cargo de dom Marcos Teixeira, voltou à Bahia, dessa vez, com maior foco na busca por cristãos-novos. A terceira, de 1763 a 1769, visitou a província do Grão-Pará e Maranhão e ficou sediada em Belém. as motivações dessa última não estão muito claras, mas a explicação mais comum é a de que ela funcionou para prover suporte ao novo governo local e para mudar a direção da Igreja na região - o visitador, Giraldo José de Abranches, chegou com o novo governador-geral, Fernando da Costa de Ataíde Teive, e acumulou o posto de novo bispo da província. de toda a forma, em nenhum outro lugar foram investigados tantos curandeiros e feiticeiros quanto naquelas paragens.


DÚVIDAS
Os arquivos dessas investigações ainda não são totalmente conhecidos. Localizados na Torre do Tombo, em Portugal, eles citam 40 mil nomes de pessoas perseguidas, mas sem classificação por local de nascimento. Tampouco está claro se essas foram as únicas visitações. Recentemente descobriu-se outra, entre 1627 e 1628, que passou por Rio de Janeiro (onde o visitador Luís Pires da Veiga foi ameaçado de apedrejamento pela população), São paulo e São Vicente. Com certeza, há visitações das quais ainda não se encontraram os livros, fora aqueles que se perderam em naufrágios.


O certo mesmo é que a Inquisição teve grande impacto na vida da Colônia. A ação inquisitorial se fez sentir em todo o Brasil desde o início da colonização até o século 18, mesmo em capitanias que nunca receberam visitações, como Minas Gerais e Ceará. tanto isso é verdade que há registros de processos antes da primeira visitação. Já em 1546, o donatário da capitania de Porto Seguro, Pero do Campo Tourinho, foi denunciado por ter afirmado que, em suas terras, ele era o "papa" e que trabalhador nenhum tiraria folga nos domingos e dias santos. Ao longo da década de 1550, em Salvador, o bispo dom Pedro Fernandes Sardinha, o primeiro do Brasil, exerceu funções inquisitoriais.

Bispos, padres, missionários, todos os membros da igreja erma orientados a observar os costumes de seus fiéis e encaminhar os casos suspeitos para instâncias superiores. Mas a rede do Tribunal do Santo Ofício era mais vasta: havia representantes locais escolhidos no clero, os "comissários", que tinham a obrigação de circular pela região com os olhos (e ouvidos) bem abertos. E contavam com a ajuda de informantes, os "familiares", homens influentes que conseguiam da Igreja um certificado que tinham boa conduta e "sangue puro", intocado por antepassados judeus ( o poeta Cláudio Manoel da Costa, por exemplo, foi recusado por "suspeita de sangue"). Os "familiares" acompanhavam as prisões e o confisco de bens determinado pelos comissários, às vezes antes mesmo da conclusão dos processos. A quaresma era estratégica: todos os habitantes tinham o dever de confessar os pecados - e de entregar os alheios, sob pena de responder como cúmplices.



As grandes cidades foram as mais visitadas. Minas Gerais, no auge da mineração, foi alvo preferencial. Assim como o Rio de Janeiro, na medida em que crescia em importância. No fim das contas (ao menos das disponíveis), veio de lá  a maior parte dos acusados. Rio de Janeiro e Minas Gerais, principalmente no século 17, tinham um importante número de representantes inquisitoriais. Mas há vítimas espalhadas por boa parte do país, como no Espírito Santo, no Piauí e em Goiás. Só na Paraíba, no século 18, 50 pessoas do mesmo círculo familiar foram presas, acusadas de manter as esnogas (sinagogas secretas). No Mato Grosso, foram cinco viagens de comissários em busca de casos de feitiçaria. O "mandingueiro" Manoel francisco Davida não escapou.


TÉCNICAS DE INVESTIGAÇÃO
Sobretudo nos inquéritos por judaísmo, era comum os acusados se comprometerem por manter tradições como enterrar os mortos em terra virgem e certos hábitos à mesa. O capelão do inquisidor geral em Portugal, Andrés Bernadez, recomendava: "Existe uma forma judaica de cozinhar e comer, a que todos devemos ficar atentos. Eles preparam seus pratos, principalmente a carne, com muito alho e cebola, fritando-os ao invés de assá-los ou utilizar a banha de porco." Na Bahia de 1560, a mucama de Joana Fenade a denunciou por "fritar cebolas em óleo e jogá-las numa panela com carne para todos comerem".


É verdade que a Inquisição foi muito mais mortal em outras praças, mais isso não diminui o rastro de medo deixado no Brasil. De toda forma, ela legou aos historiadores relatos preciosos sobre o cotidiano da Colônia até 1768, quando o Tribunal do Santo Ofício foi transformado em tribunal régio (no contexto das reformas do marquês de Pombal), o que esvaziou sua atuação. A extinção formal ocorreu em 1821. Os processos reproduzem hábitos religiosos, alimentares, sexuais...As toneladas de papel arquivadas no Tombo apresentam da genealogia detalhada das famílias envolvidas às traições nos casamentos. É um acervo riquíssimo e ainda não totalmente investigado.


Para saber mais consulte:
htpp://www.ufpa.br/cma/inquisicao
Com imagens de documentos, traz a vida de dezenas de brasileiros vítimas do Santo Ofício.



Referência Bibliográfica:

CORDEIRO,Tiago; Caça às bruxas no Brasil; em Aventuras na História, edição 88; novembro de 2010, Editora  Abril; São Paulo

domingo, 23 de julho de 2017

BOLHAS GIGANTES - LUÍSA CRIATIVA

Novo vídeo no ar

Boa tarde! É hoje, tem mais um vídeo no ar; vamos assistir, curtir, comentar e compartilhar esse vídeo e se inscrever no canal, conto com seu apoio... E desde já agradeço a sua participação!
 
 

quinta-feira, 20 de julho de 2017

Devemos resistir ao pecado...




"Se bem fizeres, não é certo que serás aceito? E se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo, mas sobre ele deves dominar."
Gênesis 4, 7

   Todos estamos sujeitos ao pecado, não há ninguém que não esteja, até Jesus foi tentado, mas ao contrário de nós, ele provou que é possível resistir ao pecado.

Veja a seguir esta passagem de Jesus escrita no livro de Mateus 4, 1-11

"Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo.

E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome;

E, chegando-se a ele o tentador, disse: Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães.

Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.

Então o diabo o transportou à cidade santa, e colocou-o sobre o pináculo do templo,

E disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus, lança-te de aqui abaixo; porque está escrito: Que aos seus anjos dará ordens a teu respeito, E tomar-te-ão nas mãos, Para que nunca tropeces em alguma pedra.

Disse-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus.

Novamente o transportou o diabo a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles.

E disse-lhe: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares.

Então disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás.

Então o diabo o deixou; e, eis que chegaram os anjos, e o serviam. "


Preste atenção

 
Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela;

E porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem.
Mateus 7, 13-14

terça-feira, 18 de julho de 2017

Conceitos nietzschianos de vontade, de poder e super-homem

Conceitos nietzschianos de vontade, de poder e super-homem    
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Antes de abarcar e aprofundar no tema determinado para a confecção deste trabalho importa saber que o filosofo Friedrich Nietzsche, nascido em Rocken, na Prussia no dia 15 de Outubro de 1844, seus avós e seus pais eram cristãos protestantes, faleceu aos 55 anos de idade no dia 25 de Agosto de 1900, deixando-nos um grande legado filosófico. Dentre os seus vários escritos, criou o termo super-homem para designar um ser superior aos demais que, conforme a linha de pensamento de Nietzsche era o modelo ideal para elevar a humanidade. Para ele, o propósito do esforço humano não deveria ser a elevação de todos, mas o desenvolvimento de pessoas mais dotadas e mais fortes. A finalidade, segundo Nietzsche, seria o super-homem e não a humanidade, que para ele era mera abstração, não existindo em realidade, sendo apenas um gigantesco formigueiro de pessoas. O todo do mundo era para ele como uma gigantesca oficina, onde algumas vezes as coisas eram bem sucedidas, mas na maioria das vezes, o fracasso era o resultado final. A finalidade das experiências era o aperfeiçoamento do indivíduo e não a felicidade da coletividade. Segundo Nietzsche, a sociedade é o instrumento para a melhoria do poder e da personalidade do indivíduo, não para a elevação de todos. A princípio ele acreditava no surgimento de uma nova e superior sociedade, que se elevasse acima da mediocridade e que sua existência se devesse mais ao esforço e a educação, do que pela seleção natural. No pensamento ou visão de Nietzsche o ser humano superior não deveria se unir a outro ser humano que não fosse igualmente superior. Em sua visão, o amor é um impedimento ao bom senso e o homem não deveria tomar decisões que afetem sua vida, em momentos de paixão, devendo o amor ser deixado para a ralé ou classe menos favorecida, cabendo ao ser superior, o super-homem, unir-se com outro ser superior, para assim, dar seguimento ao desenvolvimento da raça e não apenas sua reprodução. O super-homem idealizado por Nietzsche deveria ter uma educação eugênica, no sentido de melhoria da condição humana, condição este subordinada as mais intensas responsabilidades e cobranças por melhorias constantes, sem esmorecimentos ou condescendências, onde a alma e o corpo aprenderiam a obedecer e a vontade a subordinar-se a disciplina.
Uma solução para as contradições formuladas é julgar o aforismo a partir e na direção a que Nietzsche enfatiza a sua oposição, neste caso a oposição a Darwin.
A vontade de vida, assim se diz no aforismo, não está na sua tendência à preservação, mas antes e de modo mais fundamental, em um sentido de expansão e esbanjamento da vida, a natureza é esse esbanjamento “até o absurdo”, e não a indigência de um ser que luta para sobreviver2. É preciso, portanto, ir com calma em nossas conclusões. Se aqui ele coincide a vontade de vida com a vontade de poder, e em outro lugar ele não coincide e refuta esta compreensão, torna premente que precisemos partir do interior das questões que urgem com a palavra que o conceito diz e também com aquilo pelo qual Nietzsche estabelece seu “contra”. Para começar, talvez a etimologia das palavras nos digam algo.
Dentro da sua linha de pensamento, Nietzsche ao designar sobre a condição de poder ou conceito de super-homem por ele especificado como ser superior, e em meu pensamento analitico podemos destacar as seguintes personalidades nascidas no Século XX, pelas suas realizações pessoais e para com a sociedade, razão pela qual destacaram-se e serviram de exemplos práticos para legitimar os argumentos apresentados na teoria apresentada por Nietzsche:

- Juscelino Kubitschek de Oliveira, nascido em 12 de setembro de 1902, na cidade de Diamantina-MG. Filho de um caixeiro-viajante e de uma professora, formou-se como médico na cidade de Belo Horizonte, em 1927. Começou a trabalhar como capitão-médico da Polícia Militar, quando fez amizade com o político e futuro governador Benedito Valadares. Nomeado interventor federal em Minas, em 1933, Valadares colocou o amigo como seu chefe de gabinete. A seguir, Kubitschek foi eleito deputado federal (1934-1937), nomeado prefeito de Belo Horizonte (1940-1945) e realizou obras de remodelação da capital. Na presidência da república, construiu hidrelétricas, estradas, promoveu a industrialização e a modernização da economia. Uma de suas principais realizações foi a construção da cidade de Brasília e instituição do Distrito Federal, que marcou a transferência da capital federal (até então no Rio de janeiro) em 21 de abril de 1960.
Na era pós-Vargas, o Governo de Juscelino Kubitschek governo foi marcado por transformações sociais e culturais como os festivais de música e a moda da bossa-nova.
- Oscar Ribeiro de Almeida Niemeyer Soares Filho, nascido 15 de dezembro de 1907, na cidade do Rio de Janeiro-RJ, conhecido como "O arquiteto do futuro". Que desafiou ao longo de toda a vida a tendência internacional por torres fálicas e caixotões angulosos. Dessa maneira algo folclórica, argumentava o “arquiteto mais importante do Brasil”, no que parece ser um consenso quase universal, mesmo entre seus piores detratores. Em 1934, quando pegou seu diploma de arquiteto, a maior novidade era o chamado estilo internacional, que é fácil de reconhecer: são as típicas torres corporativas, sem qualquer ornamento e com janelas de vidro reflexivo. Niemeyer começou na profissão como adepto do estilo: seu primeiro trabalho importante, o Palácio Gustavo Capanema, projetado em 1939 e concluído em 1943 como sede do Ministério da Educação e Saúde, parece à primeira vista uma típica caixa modernista. Em 1939, ele projetou a sede da Organização das Nações Unidas em Nova York, junto com um de seus inspiradores, o suíço Le Corbusier. Por duas vezes, ele foi convidado a dar aulas em universidades americanas, primeiro em Yale, em 1946, e depois em Harvard, em 1953. Dentre os seus feitos foi também Niemeyer o arquiteto responsável pelo desenho arquitetonico e estrutural da Capital do Brasil - Brasília.

- Nelson Rolihlahla Mandela, nascido em 18 de julho de 1918, em Mvevo na África,  Oriundo de uma família de nobreza tribal, numa pequena aldeia do interior onde possivelmente viria a ocupar cargo de chefia, recusou esse destino aos 23 anos ao seguir para a capital, Joanesburgo, e iniciar sua atuação política. Mandela foi advogado, lider rebelde da resistência não violenta, presidente da África do Sul de 1994 a 1999, foi considerado o presidiário mais famoso do mundo ficando preso por 27 anos fruto de sua ideologia de resistência ao governo africano, foi também considerado como o pai da nação sul-africana e o mais importante líder da África Negra, recebeu mais de 250 prêmios e condecorações sendo vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 1993. Durante um pronunciamento de Ali Abdessalam Treki, Preseidente da Assembleia Geral das Nações Unidas, foi considerado "um dos maiores líderes morais e políticos de nosso tempo"
Concluindo, Nietzsche e os filósofos analíticos, dentre estes últimos os positivistas lógicos do Círculo de Viena, fizeram um revolvimento na filosofia. Eles se espantaram com a própria filosofia. Achando que filosofar é que havia se tornado banal. Então, eles tentaram desbanalizar a própria filosofia. Para eles, as atividades de adquirir o saber ignorante ou de encontrar certezas e,  enfim, a atividade critica, só tinham algum sentido e valor se fosse levado em conta que tudo isso estava impregnado na ideia de que a filosofia, desde sempre, procurou por algo que, talvez, não fosse lá muito correto de se procurar: um ponto arquimediano, ou seja, uma âncora que ligasse pensamento ou linguagem ao mundo. Mas tal âncora seria feita de pensamento ou de mundo? Em outras palavras, a filosofia teria sido, desde sempre, uma metafisica, e a metafisica seria apenas um erro boçal provocado por uma linguagem excessivamente rebuscada para alguns analiticos ou uma linguagem já na origem manchada ou maculada pela "moral escrava", "doença", "fraqueza" e outros males da decadência, como Nietzsche os qualificou.
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Referências bibliográficas:
Estudo da Unidade II - Vídeo aula da Unidade II - Apresentação Narrada da Unidade II http://www.infoescola.com - Wikipedia a Enciclopedia Livre https://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil http://oscinefilos.com.br/cinecast/episodios/cult19_2001_odisseia.mp3  https://www.youtube.com/watch?v=55mClZIxRjg  
NIETZSCHE, Friedrich. A Gaia Ciência. Tradução, notas e posfácio de Paulo César
de Oliveira. São Paulo: Cia das Letras, 2001
______Além do bem e do mal. Tradução, notas e posfácio de Paulo César de
Oliveira. São Paulo: Cia das Letras, 1992
______ Assim falou Zaratustra: um livro para todos e para ninguém.Tradução de
Mário da Silva. Ed. Círculo do Livro, sem data

______. Ecce Homo: como alguém se torna o que é. Tradução, notas e posfácio de Paulo César de Oliveira. São Paulo: Cia das Letras, 2008

sábado, 15 de julho de 2017

Lançamento de Novo Canal no Youtube

Peço a gentileza dos amigos que se inscrevam no canal do youtube para todos os públicos e especialmente para crianças a seguir mencionado, mas só se desejar se inscrever:
Lançamento no domingo dia 16 de Julho de 2017.

HERMENÊUTICA BÍBLICA...

HERMENÊUTICA BÍBLICA



NOCÔES DE HERMENÊUTICA BÍBLICA

DEFINIÇÕES:
A palavra hermenêutica é uma transliteração do termo grego hermeneutike.
Hermeneutike é derivado do verbo hermeneuo que pode ser traduzido por explicar. Em Lucas 24:25-28 encontramos a palavra hermenia = explicou, como a raiz da palavra sendo hermenêutica. Sendo assim , hermenêutica é a ciência que nos ensina os princípios, as leis e métodos de interpretação.

*Hermenêutica como ciência ( princípio ) e a arte ( tarefa ) o sentido do texto.
*Como ciência a hermenêutica enuncia princípio, investiga as leis do pensamento e da linguagem e classifica seus fatos.
*Como arte, ensina como esses princípios devem ser aplicados e comprova a validade deles.
*A finalidade da hermenêutica é revelar o sentido da verdade bíblica. Isto nos leva a pergunta o que é a verdade? No antigo testamento a verdade é “emeth” que significa ser firme. É a verdade como uma característica de Yavé, pois as palavras de Yavé atuam como regras de verdade. Este era o fundamento da sociedade hebraica.
*No novo testamento a verdade é Aletheia tem significado de algo que não
esta oculto, o que é revelado.

ALETHEIA e suas dimensões no N.T.
*Ética – Rm. 1:18.
* Validade e Constância – Ef. 4:21.
*Fidelidade e Veracidade – Rm. 3:7.
*Verdadeira Fé – 2 Co. 13:8.

CONSIDERAÇÕES SOBRE A INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA.

*Foi escrita num idioma diferente do nosso e com suas particularidades além de sua antigüidade.
*Suas expressões falaram sobre pessoas, lugares, idéias, e conceitos que culturalmente nós não temos.
*Não devemos permitir que nossos pressupostos influenciem na interpretação do texto.
REQUISITOS PARA O INTERPRETE

*Estar em harmonia com autor da bíblia
*Crer na inspiração plenária e na inerrância das escrituras. II Pe. 1:21.
*Se entender como profeta, “aquele que fala por Deus ao homem, ou mais especificamente, aquele que traz as palavras de Deus ao homem. Ex. 7:1.; Deut. 18:18 ; Is 8:11.
*Ter humildade. Sabendo que todo o conhecimento procede Deus e nos confirmado pelo Espirito Santo. Jo. 14:26; I Ts 2:13.; I João 5:912; I Co. 2:7-13.
A HERMENÊUTICA E A SUA RELAÇÃO COM A EXEGESE.

Enquanto a HERMENÊUTICA estuda e sistematiza os princípios e técnicas, com as quais, partindo de determinados pressupostos, se busca compreender o sentido original do texto bíblico; A EXEGESE, designa a prática destes princípios e técnicas; e aplicação, designando a busca da relevância do texto ao nosso contexto específico. A exegese pode ser definida como a verificação do sentido do texto bíblico dentro dos seus contextos históricos e literários. A exegese é a interpretação propriamente dita da bíblia, ao passo que hermenêutica consiste nos princípios pelos quais se verifica os sentidos.
PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO
Histórico cultural – Considera o ambiente cultural do autor, a fim de entender suas relações, referências e propósitos.
Contextual – Considera a relação de uma passagem com o corpo todo do escrito de um autor, para melhores resultados de uma compreensão proveniente de um conhecimento do pensamento geral.
Gramatical – (Lexico – sintática) – atenta para a compreensão das definições de palavras e suas relações umas com as outras a fim de compreender com maior exatidão o significado que o autor tencionava transmitir.
Histórica - é impossível entender um autor e interpretar corretamente suas palavras sem que ele seja visto à luz de suas circunstâncias históricas Teológica – estuda o nível de compreensão teológica na época da redação a fim de averiguar o significado texto para seus primitivos destinatários.
Criticismo ou crítica bíblica – surgiu com a pretensão de tornar científicos os estudos bíblicos, ou seja, faze-los compatíveis com o modelo científico e acadêmico da época. É utilizado pelo liberalismo teológico. Trata-se sem dúvida de uma hermenêutica racionalista. Ao invés da revelação governa a razão, a razão é que determina a revelação.
Alegórica – Segundo este método, as passagens das escrituras teriam quatro sentidos : um literal, e três sentidos espirituais: moral, alegórico e anagógico. O sentido literal seria registro do que aconteceu (o fato); o sentido moral conteria a exortação quanto a conduta (o que fazer) ; o sentido alegórico ensinaria uma doutrina a ser criada (o que crer) , e o sentido anagógico apontaria para uma promessa a ser cumprida (o que esperar). Este método fornece esplêndidas interpretações, todavia poderá desviar o interprete do verdadeiro sentido texto.
ESTUDANDO AS FIGURAS DE LINGUAGEMOcorre quando uma palavra ou expressão é usada em sentido diferente daquele que lhe é próprio. Baseiam-se em certas semelhanças ou em relações definidas.
METÁFORA – é uma figura de linguagem em que um objeto é assemelhado a outro, afirmando ser o outro, o falando de si mesmo como se fosse o outro.
Ex: Salmo 18:2. – Lc. 13: 32
Existem dois tipos de metáforas na bíblia.
antropopatismo – atribui-se a Deus emoções, paixões e desejos humanos ( Gn. 6-6; Deut. 13:17; Ef. 4:30).
Antropomorfismo - Atribui-se a Deus membros corporais e atividades físicas ( Êx. 15:16; Sl. 34:16; Lam. 3:56; Zac. 14:4; Tg. 5:4).e parábolas.
ALEGORIAS E PARÁBOLAS – a alegoria se caracteriza pelo uso de alguma história ou fato que se admite. Sl. 80: 8-15; Jo. 10.1-18. Diferencia-se da parábola devido ao fato de que , a parábola é em si mesma a suposta história ou fato.
A parábolas usa palavras em sentido literal, e sua narrativa nunca ultrapassa os limites daquilo que poderia ter acontecido.
A alegoria usa palavras no sentido metafórico, e sua narrativa, ainda que em si mesma seja possível, é manifestamente fictícia.
EUFEMISMO – Consiste numa linguagem light (branda), para evitar impacto (At. 7.60) “e quando disse isto, adormeceu”.

HIPÉRBOLE – de uso vasto, consiste no uso de um exagero retórico (Gn. 22:17; Deut. 1:28; II Crô. 28:4).
IRÔNIA – Contém censura ou ridículo camuflado de louvor ou elogio ( Jó. 12:2; I Reis 22:15; I Co. 4:6 ... I Co. 4:8; I Reis 18:27.

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