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Magazine na Lanterna

quinta-feira, 25 de maio de 2017

Cem anos de Hannah Arendt

Cem anos de Hannah Arendt

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por Cláudia Perrone-Moisés

Existem autores cuja biografia pode não ter muita importância para o entendimento de sua obra. No caso de Hannah Arendt, podemos dizer que é o oposto. O conhecimento de sua vida tem importância fundamental para se aceder a seu pensamento: centrado que é nos acontecimentos que ela presenciou, na sua experiência de judia alemã refugiada do nazismo e nas observações que pôde fazer da sociedade norte americana, na qual viveu a maior parte de sua vida.
Neste sentido, Julia Kristeva denomina gênios, no seu estudo dedicado ao gênio feminino (Hannah Arendt, Melanie Klein, Colette) aqueles que nos obrigam a contar sua história de vida, por ser indissóciável de suas intenções, das inovações trazidas pelo seu pensamento e seu ser, do florescimento das questões, das descobertas e dos prazeres que elas criaram. Essas contribuições nos dizem respeito tão intimamente que não podemos deixar de recebê-las sem enraizá-las na vida de seus autores.
Hannah Arendt nasceu em Hannover, na Alemanha, em 14 de outubro de 1906, proveniente de uma família de judeus de classe média que eram membros do partido social-democrático. Na infância, já era reconhecidamente brilhante: aos três anos, mostrava-se capaz de falar corretamente acerca de qualquer assunto. Mas também já tinha sua reputação, comprovada posteriormente, de rebelde e independente: expulsa da escola por ter liderado um boicote contra um professor que a teria insultado, preparou-se sozinha para o ingresso na faculdade. Em 1924, aprovada com distinção na Universidade de Berlim, estuda grego e latim, assim como teologia. Decidida a buscar tudo que fosse importante no âmbito dos estudos da filosofia na época, parte para a Universidade de Marburg, onde conhece o filósofo Martin Heidegger, com quem, além de ter aulas, viveu um romance que a marcaria pela vida toda. Esse romance foi duramente criticado em razão das posições próximas do nazismo de Heidegger e a pretensa falta de condenação dessa postura por parte de Arendt. Na verdade, Arendt não deixou de critica-lo em cartas a amigos, conforme registra a sua extensa correspondência, mas visitou-o no pós-guerra diversas vezes, além de defender e difundir seu pensamento nos Estados Unidos.
Com ele Hannah Arendt aprende o que passaria a ser seu método principal: o pensar apaixonado, isto é, a possibilidade de uma síntese entre o pensar e o estar vivo. Pensar não é pensar sobre alguma coisa, mas pensar alguma coisa. Não existiria neste pensar oposição entre razão e paixão ou entre o espírito e a vida. Dos tempos passados com Heidegger levaria, além do pensar apaixonado, o amor pela poesia, mas também uma visão crítica em relação a uma filosofia voltada para o indivíduo em isolamento. Esta seria, posteriormente, uma de suas principais preocupações em relação à modernidade: a tentação do ser humano para a interiorização e a conseqüente perda do espaço público ou do que ela chamou de dignidade da política.
Nessa época, está preparando sua tese de doutorado, O Conceito de Amor em Santo Agostinho, e por recomendação de Heidegger parte para a cidade de Heildeberg para estudar com Karl Jaspers, de quem se tornaria amiga e discípula até o final da vida. Arendt herda de Santo Agostinho o conceito de comunidade. Para Santo Agostinho, amamos uns aos outros, pois pertencemos à mesma comunidade: todos nós descendemos de Adão (daí a idéia de gênero humano) e todos compartilhamos do mesmo destino: a morte. No entanto, é preciso observar que a morte, nesse contexto, não é algo negativo. A morte, para Santo Agostinho, remete necessariamente ao nascimento. Assim, nosso destino comum nos faz lembrar do início, do milagre do início, do novo começo, ou da natalidade, como diria Arendt, que passaria a ser uma categoria central de seu pensamento.
Em 1933, porém, Arendt e seu primeiro marido, Gunther Stern, um colega de faculdade especialista em filosofia da música, são forçados a sair da Alemanha rumo à França, em conseqüência do aumento das perseguições aos judeus. Ela já havia sido detida e interrogada diversas vezes em razão de seu trabalho para a Organização Sionista Alemã, com quem romperia em 1944 por discordar da posição do sionismo em relação à Palestina. Permanece em Paris até 1941, onde continua a desenvolver seus trabalhos tanto intelectuais como políticos, torna-se amiga de Walter Benjamin, separa-se do primeiro marido, casa-se com o segundo, o anarquista Henrich Blucher, que conhecera em 1936. Depois de ser presa num campo de concentração perto da fronteira espanhola (Gurs), por algumas semanas, decide fugir mais uma vez e parte para Nova Iorque, onde permanecera o resto de sua vida.
Nessa época Arendt, já estaria marcada por três vertentes ou formas de pensar: a primeira, seria a utilização do mundo clássico como base para a verificação de proposições morais e políticas; a segunda, seria a filosofia cristã baseada em Santo Agostinho, em especial a questão da responsabilidade pessoal, e a filosofia cosmopolita de Kant; em terceiro lugar, os filósofos da tradição do existencialismo: Kierkegaard, Husserl e Heidegger.
Durante todo o tempo após sua fuga da Alemanha, Arendt se tornaria apátrida, isto é, sem nacionalidade alguma. E isso não é um detalhe, pois traria influência marcante para suas reflexões, como a idéia da importância do chamado “direito a ter direitos”, ou seja, da cidadania, na garantia dos direitos humanos. Somente em 1951 consegue a cidadania norte-americana. Esse ano também seria o de sua consagração. A publicação de sua obra Origens do Totalitarismo é saudada, nos EUA, como grande acontecimento e ela passa a receber o reconhecimento público de seu pensamento.
Em Origens do Totalitarismo Arendt descreve o processo pelo qual, depois dos Tratados de Paz que puseram fim à Ia. Guerra mundial, os direitos do homem herdados da tradição das Revoluções, passaram por uma prova de fogo. Considerados inexistentes para uma categoria de pessoas consideradas como “sem direitos” por serem apátridas, os direitos do homem demonstraram sua ineficácia quando desvinculados da cidadania. Essa foi também a situação das pessoas pertencentes às minorias nacionais de muitos países, que por força da guerra, haviam sido transformadas em refugiadas, sem encontrar um lugar no mundo.Eram os chamados “indesejáveis da Europa”, como dizia Arendt: uma vez fora do pais de origem, permaneciam sem lar, quando deixavam seu Estado, tornavam-se apátridas: quando perdiam seus direitos humanos, perdiam todos os direitos, eram o refugo da terra.
A crítica que Arendt efetua da questão dos direitos do homem diz respeito à sua abstração, que se tornaria manifesta no momento em que não tivessem mais apoio na cidadania: os direitos do homem, afinal, haviam sido definidos como inalienáveis porque se supunha serem independentes de todos os governos: mas sucedia que , no momento em que seres humanos deixavam de ter um governo próprio, não restava nenhuma autoridade para protegê-los e nenhuma instituição disposta a garanti-los. A emergência do totalitarismo, com seus requintes de crueldade em relação aos seres humanos destituídos de proteção estatal, só veio a ser possível, segundo Arendt, porque foi precedida por um processo, no entre guerras, que ela denominou destituição do humano. Esse processo se deu por etapas: primeiro, a destruição jurídica e moral dos indesejáveis, para chegar então à sua destruição psicológica e física. Não é por acaso que os nazistas iniciaram a perseguição aos judeus e outras minorias dentro da Alemanha, privando-os da cidadania. A desnacionalização havia-se tornado poderosa arma da política totalitária. A “solução final” de Hitler, aponta Arendt, seria uma eloqüente demonstração de como liquidar os problemas relativos às minorias e aos apátridas. O nazismo ilustraria, de forma concreta, a vacuidade de princípios humanistas e de direitos abstratos em relação a pessoas privadas de cidadania.
Conforme aponta Celso Lafer (introdutor do pensamento de Arendt no Brasil) em seu estudo fundamental, A reconstrução dos direitos humanos – um diálogo com o pensamento de Hannah Arendt , a reflexão que Arendt efetua em torno da condição de apátrida permite-lhe concluir que, num mundo como o do século XX, inteiramente organizado politicamente, perder a cidadania significava ser expulso da humanidade, de nada valendo os direitos humanos aos expelidos da trindade Estado/povo/território.
Nem a sacralização do direito natural pelo pensamento humanista, oriundo do Iluminismo, nem o modelo do Estado-nação ofereceram garantias para impedir o advento do totalitarismo e as bárbaries que se seguiram.O conceito de direitos humanos, baseado na suposta existência de um ser humano em si, desmoronou no mesmo instante em que aqueles que diziam acreditar nele se confrontaram pela primeira vez com seres humanos que haviam realmente perdido todas as outras qualidades e relações específicas – exceto que ainda eram humanos. O mundo não viu nada de sagrado na abstrata nudez de ser unicamente humano. Esta última frase seria um anúncio do que, a partir de Foucault, passando por Georgio Agamben e outors pensadores da modernidade, seria denominado biopolítica.
Origens do Totalitarismo, e a Condição Humana [1958] são as obras que contêm as idéias mais difundidas de Arendt. Em a Condição Humana, publicada em 1958, ela procura responder à pergunta: o que estamos fazendo? E a partir de três categorias de atividades da vida ativa -o labor, o trabalho e a ação – aponta para a destruição das condições de existência do ser humano no mundo moderno, operada pela sociedade de massa. Nesta obra, sua proposta consiste em detectar o que é genérico e o que é específico na condição humana, por meio do estudo dessas três atividades fundamentais, que integram o que ela denomina de vida ativa.
O labor é uma atividade derivada da necessidade e concomitante futilidade do processo biológico. Porque é a atividade que os homens compartilham com os animais, qualifica-a como a do animal laborans. Segundo ela, o labor é a atividade que corresponde ao processo biológico do corpo humano, cujo crescimento espontâneo, metabolismo e eventual declínio têm a ver com as necessidades vitais produzidas e introduzidas pelo labor no processo da vida. A condição humana do labor é a própria vida.
O trabalho, ao contrário do labor, não está contido no processo vital. É através dele que o homem, neste caso o homo faber, cria coisas, extraídas da natureza, convertendo o mundo num espaço de objetos partilhados pelo homem. É a atividade que garante a permanência de um mundo comum, a durabilidade do mundo. É esta durabilidade que empresta às coisas do mundo sua relativa independência dos homens que a produziram, garantindo a permanência do mundo.
A terceira atividade, a ação, segundo ela, é a única que se exerce diretamente entre os homens sem a mediação das coisas ou da matéria, e tem como atributo criar a possibilidade para o exercício da liberdade e, conseqüentemente, a instauração do novo. No entanto, a ação desencadeia um processo irreversível e imprevisível. Preocupada com a fragilidade dos assuntos humanos em que os atos são irreversíveis e imprevisíveis e para garantir aos homens o espaço público, Arendt apresenta como possível solução, o emprego de duas potencialidades da própria ação : o perdão e a promessa. A única solução possível para o problema da irreversibilidade – a impossibilidade de se desfazer o que se fez, embora não soubessem ou não pudessem saber o que se fazia – é a faculdade de perdoar. Para Arendt, existem, contudo, duas ressalvas a serem feitas em relação ao perdão. A primeira diz respeito ao que ela denomina imperdoável ou ‘mal radical”, na esteira de Kant, cujo exemplo mais próximo eram os crimes contra a humanidade cometidos pelos nazistas na IIa. Guerra Mundial, em relaçao aos quais não haveria a possibilidade de perdão. A outra ressalva consiste na idéia de que o que se perdoa não é o ato e, sim, o agente. O perdão é dirigido a alguém que cometeu algo. É, portanto, um ato de amor.
Quanto à possibilidade de um substrato divino do perdão, Jacques Derrida, que também se dedicou profundamente ao tema (Foi et Savoir), em entrevista a Elisabeth Roudinesco, ao falar de Arendt, nos lembra-nos que, para ela, o perdão é uma experiência puramente humana, mesmo no caso de Cristo, que ela, para lembrar suas raízes terrestres, chama sempre de Jesus de Nazaré.
Sendo as ações humanas, além de irreversíveis, imprevisíveis, como propõe Arendt: a solução para o problema da imprevisibilidade, da caótica incerteza do futuro, está contida na faculdade de prometer e cumprir promessas, chamando a atenção para o fato de que, contrariamente ao perdão, que sempre foi considerado irrealista e inadmissível na esfera pública, a promessa sempre esteve presente, desde os romanos, por meio da idéia da inviolabilidade dos pactos. A promessa instala ilhas de previsibilidade no oceano de incertezas dos assuntos humanos.
Como podemos ver, Arendt passaria a dedicar-se à política de forma integral. Em entrevista à televisão alemã, em 1964, afirmou: Não sou filósofa. Minha profissão – se pode ser chamada assim – é a teoria política. Eu me despedi irreversivelmente da filosofia. Estudei filosofia, mas isso não quer dizer que permaneci nela. A razão, por si mesma, a faculdade de pensar que possuo, tem necessidade de atualizar-se. A preocupação com a política permeia toda sua obra, quer pela análise de regimes ou sistemas de governo, como o totalitarismo, ou de temas correlatos, como autoridade, liberdade, revolução, violência e desobediência civil, em livros como Entre o Passado e o Futuro, Crises da República e Da dignidade da política. A seu ver, o exercício do pensamento político consiste em mover-se na lacuna entre o passado e o futuro, tomando os acontecimentos do presente, da experiência viva, dos quais o pensamento pode emergir.
Em 1961, um acontecimento seria determinante no percurso intelectual de Arendt. Enviada para Jerusalém para assistir e cobrir, para a revista New Yorker, o julgamento do criminoso nazista Eichmann, que se transformaria posteriormente no livro, Eichmann em Jerusalém – Um relato sobre a banalidade do mal, essa experiência resultará no retorno à filosofia. Foi no seio da comunidade judaica, estendendo-se posteriormente a outros meios, que se desenvolveu a mais famosa polêmica gerada pelo livro. Gershom Scholem foi implacável por ela ter relatado as condições da cooperação das lideranças judaicas, através dos Conselhos Judaicos, durante o estágio de deportação da “máquina de extermínio” nazista. Para um judeu, o papel desempenhado pelos líderes judeus na destruição de seu próprio povo é, sem nenhuma dúvida, o capítulo mais sombrio de toda uma história de sombras, dizia Arendt. Sendo acusada, por Scholem, de lhe faltar “amor ao povo judeu” (Ahabath Israel), responde que sempre considerou a sua judaicidade como algo dado que ela jamais quis mudar ou repudiar, mas que nunca amou povos ou coletividades – como o povo alemão, francês ou americano, ou a classe operária. Na mesma reposta afirma ainda que tinha grande confiança na capacidade de cada um pensar por conta própria. O pensar por conta própria é um legado de Lessing, uma das figuras intelectuais biografadas por ela no belíssimo livro Homens em Tempos Sombrios.
A expressão banalidade do mal foi outro foco de discórdia por ter sido vista como trivialização do ocorrido. Para alguns, Arendt havia traído a idéia do mal radical defendida anteriormente passando a considerá-lo apenas como banal. Ocorre que Arendt nunca abandonou a idéia do “mal radical”, mas o que presenciou em Jerusalém não se enquadrava na definição. A banalidade do mal estava ligada à incapacidade de pensar e à execução automática de tarefas do burocrata moderno.
Segundo Arendt, Eichmann não era um monstro, mas era difícil não desconfiar que fosse um palhaço. Até suas últimas palavras foram frases feitas. Diante dessas palavras, Hannah Arendt explica por que teria sido levada a adotar a expressão “banalidade do mal”. Foi como se naqueles últimos minutos estivesse resumindo a lição que este longo curso de maldade humana nos ensinou – a lição da temível banalidade do mal, que desafia as palavras e os pensamentos. Apesar de concordar com a pena de morte aplicada, ela nos deixa um alerta: faz parte da própria natureza das coisas humanas que cada ato cometido e registrado pela história da humanidade fique com a humanidade como uma potencialidade muito depois da sua efetividade ter-se tornado coisa do passado. Nenhum castigo jamais possuiu poder suficiente para impedir a perpetração de crimes.
Já no final da vida, a partir do início dos anos 70 ela retorna então à filosofia. Ainda sob o impacto de seu relato do julgamento de Eichmann, em que se deparou com a incapacidade de pensar como uma possibilidade para a dificuldade do juízo, é porque Eichmann não pensava no que estava fazendo, que não tinha a capacidade de identificar sua conduta como criminosa, ela começa a escrever A Vida do Espírito, obra que ficaria inacabada com sua morte em 4 de dezembro de 1975, e que seria dividida em três partes: o pensamento, a vontade e o juízo. Uma das perguntas neste livro seria: o que estamos fazendo quando estamos pensando? Sua preocupação consistia em indagar como podemos, sem nos afastarmos do mundo ou transcendermos a ele, retirar-nos apenas o bastante, ou seja, ter a distância necessária para chegar à compreensão.Outra pergunta daí resultaria: é a capacidade de pensar que nos faz distinguir entre o bem e o mal?
A compreensão é a base do pensamento de Arendt: dizia que não queria educar ou convencer, mas apenas compreender. Pedia ainda que não fizéssemos esforços para concordar com ela, mas apenas pensar no que ela estava dizendo. Pensadora controvertida, manteve-se sempre afastada das escolas acadêmicas, partidos políticos e linhas ideológicas. Daí decorre a relutância de alguns meios em aceitar sua obra, pois, como ela mesma dizia, de certa forma, eu não me enquadro.
No que se refere à sua visão do mundo, podemos dizer que seu pensamento é realista, sem, no entanto, cair no pessimismo estéril. Após o julgamento de Eichmann, ela diria, de forma visionária: as razões particulares que falam pela possibilidade de repetição dos crimes cometidos pelos nazistas são ainda mais plausíveis. A assustadora coincidência da explosão populacional moderna com a descoberta de aparelhos técnicos que, graças à automação, tornarão ‘supérfluos’ vastos setores da população, até mesmo em termos de trabalho, e que, graças à energia nuclear. possibilitam lidar com essa dupla ameaça com o uso de instrumentos ao lado dos quais as instalações de gás de Hitler pareceriam brinquedos de uma criança maldosa – tudo isso deve bastar para nos fazer tremer.
Estamos festejando o centenário de Hannah Arendt, o que não é uma celebração qualquer. Sua obra é permeada pela idéia do nascimento, do milagre do novo. O homem, para ela, é capaz de realizar o infinitivamente improvável, e isso só é possível porque cada homem é singular; a cada nascimento, vem ao mundo algo de singularmente novo. Há cem anos, “uma criança veio ao mundo” , alguém que acreditaria na possibilidade do início de um novo começo, mesmo vivendo numa época em que o mal se mostrou ao mesmo tempo banal e radical, mas sempre extremo. Viva Hannah Arendt!
Texto de autoria da Profa. Cláudia Perrone Moisés, publicado no jornal Valor Econômico, de 14 de outubro de 2006.

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