Fim dos Tempos - Apocatástase
No desejo ardente de dividir conhecimento e movido pela intelectualidade que lhe era peculiar,Orígenes de Alexandria (185-253 d.C.), também conhecido como Orígenes cristão, para designar a restauração final de todas as coisas em sua unidade absoluta com Deus, criou o termo apocatástase.
Este termo, apocatástase representa a redenção e salvação final de todos os seres, habitantes do paraíso ou do hades, terráqueos ou não, galardoneanos ou comuns. É, assim, descrito por Orígenes como um evento posterior ao próprio apocalipse.
Este acontecimento, segundo Orígenes, sintetizaria o poder do Logos ou Verbo encarnado, não obstante, o próprio Cristo como poder redentor e salvador que não conheceria limite algum, livraria a todos quanto foram criados pelo poder do amor e da misericórdia.
Como forma de proposta, a apocatástase levanta uma série de questões interessantes para o cristianismo. É uma teoria, muito embora para Orígenes uma tese.
Em primeiro lugar, ela leva a supor que não há um único mundo criado - o que principia no Gênesis e finda no Apocalipse - como afirmado pela Bíblia. Ao contrário, em sua atividade criadora, Deus cria infinitamente, uma sucessão de mundos, que só se esgotaria na apocatástase, quando todos os seres repousassem definitivamente em Deus. Os seres aqui não se resumiriam aos homens, mais a todos os seres criados nos outros mundos.
Em segundo lugar, parece dar a possibilidade de estabelecer uma distinção entre o Logos ou Verbo e sua encarnação como Cristo. Uma vez que Cristo é uma encarnação histórica neste mundo em particular, estaria aberta a possibilidade de uma encarnação futura do Logos ou Verbo. Essa possibilidade não é totalmente incompatível com os textos sagrados cristãos, que falam de uma volta do Logos, contudo, permitem questionar a divindade de Cristo, dogma comum a muitas denominações emblemadas como cristãs.
Séculos após a morte de Orígenes, durante o segundo concílio de Constantinopla, os aspectos de sua doutrina que permitiriam subordinar a figura de Cristo ao Logos e ao Pai, rompendo também com o dogma da Santíssima Trindade foram considerados errôneos. Desde então, a maior parte das denominações se referem ao apocalipse, mas não à apocatástase. Aceitando assim, em definitivo a revelação inerrante da santa Palavra.