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Magazine na Lanterna

segunda-feira, 30 de maio de 2016

Jesus é a Rosa de Saron? em qual Bíblia?



Infelizmente vivemos numa geração analfabeta de Bíblia. Os crentes querem sentir, não pensar. Querem sentir arrepios e não estudarem a Bíblia com dedicação. Tudo o que é falado em nome de Deus, estas pessoas aceitam.

Muito se tem falado no meio evangélico a respeito da famosa “Rosa de Saron”. Em quase toda igreja tem um conjunto ou um grupo denominado “Rosa de Saron”. Na maioria das vezes tem em mente que a Rosa de Saron seja uma referência a pessoa de Jesus. Pregadores no êxtase da mensagem dizem: Jesus é a Rosa-a-a-a- de Saron, aleluia!
Portanto, estamos diante da pergunta intrigante: “Quem é a Rosa de Saron”?
Antes de respondermos a questão acima, se faz necessário exortar a todos os leitores da Bíblia, que devemos ler a Bíblia com a máxima atenção, analisando os pontos, as vírgulas etc. Não podemos ler a Bíblia como se tivéssemos lendo um jornal, uma revista ou um periódico. Na verdade a falta de leitura com atenção, é a causa da difusão de tantas “doutrinas” perniciosas no seio da igreja. Se os membros das igrejas se dedicassem mais à leitura do texto sagrado, com certeza, não seriam tão facilmente enganados e nem participariam de “estórias” chamadas bíblicas.
No capítulo 2 de Cantares de Salomão, basta um simples exame do livro, usando a versão ARA (Almeida Revista e Atualizada) para dissipar de uma vez por todas esta suposta contradição. Nesta versão encontramos um título que indica quem está falando; ora a esposa, ora o esposo, ora as filhas de Jerusalém. No texto de Cantares 2.1, encontramos em cima da fala o nome: “esposa” e ela diz:
Eu sou a rosa de Saron” no hebraico: Ani Havatselet há Sharon
Se ainda pairasse dúvida quanto à afirmação ser do amado ou da amada, o texto original decide a questão quando se observa que as terminações das palavras são as do feminino. A letra Tav no final da palavra indica feminino.

Saron – o local onde brota o Havatselet

Não podemos falar do havatselet sem falar de Saron, a planície onde ela nasce, floresce e fenece. A palavra “Saron” no hebraico é “Sharon” que significa: plano, planície.
Sharon é assim denominada a área fértil e úmida da região. A planície costeira de Israel é chamada de Sharon. Os sábios judeus comparam os justos às rosas do vale, que são as mais belas de sua espécie. Elas mantêm o frescor dos vales úmidos. Enquanto isso, os “reshaim” (perversos) são semelhantes às rosas das montanhas, que pouco duram porque secam sob a inclemência da natureza, esvoaçando depois como o vento faz o debulho.
A rosa requer bastante claridade, o que ela obtém nas planícies do Sharon. Os largos espaços são ideais para que sua fragrância se espalhe.
O gado de Davi pastava em Sharon, sob o comando de Sitrai, o saronita (1 Cr 27.29).
As características do Havatselet e sua aplicação
A sua cor era vermelho-vinho:  A igreja entende o sacrifício de Jesus e reconhece que foi pelo sangue do Cordeiro que ela foi salva
Suas flores eram perfumadas: O viajante podia sentir a fragrância de muito longe, ou seja, cada cristão deve ser o bom perfume de Cristo, o bom cheiro do Evangelho
Tinha 6 pétalas:  A igreja por mais abençoada que seja, sabe que é formada por homens. O número 6 na Bíblia é o numero do homem.


Fonte de referencia, estudos e pesquisa: http://estudos.gospelprime.com.br/grego-hebraico


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quarta-feira, 25 de maio de 2016

Origens da Humanidade

Origens da humanidade

Você já deve ter tido a curiosidade de saber como surgiu a espécie humana no planeta em que vivemos, não é mesmo? Essa curiosidade não é só sua. Muitos pesquisadores e cientistas têm estudado para descobrir como se deu a origem do ser humano na Terra.
Quanto mais a ciência se desenvolve, mais avançados são os recursos científicos que esses pesquisadores podem utilizar. Eles são capazes de encontrar novas possibilidades para explicar a origem humana. Assim, como um quebra-cabeça, cada nova descoberta vai completando o nosso conhecimento sobre o tema.
Entre as diversas explicações para o aparecimento do ser humano na Terra, duas se destacam pelo amplo debate que provocaram: o criacionismo, defendido por judeus e cristãos, e a teoria da evolução

A criação

Durante muito tempo, os sábios idealistas sustentaram a teoria do limite intransponível entre o homem e os animais. Essa concepção se baseava no mito bíblico da criação do homem por Deus, que o teria feito "à sua imagem e semelhança".
A questão sobre as origens do homem remete um amplo debate, no qual filosofia, religião e ciência entram em cena para construir diferentes concepções sobre a existência da vida humana e, implicitamente, por que somos o único espécime dotado de características que nos diferenciam do restante dos animais.
Desde as primeiras manifestações mítico-religiosas, o homem busca resposta para essa questão. Neste âmbito, a teoria criacionista é a que tem maior aceitação. Ao mesmo tempo, ao contrário do que muitos pensam, as diferentes religiões do mundo elaboraram uma versão própria da teoria criacionista.
A mitologia grega atribui a origem do homem ao feito dos titãs Epimeteu e Prometeu. Epimeteu teria criado os homens sem vida, imperfeitos e feitos a partir de um molde de barro. Por compaixão, seu irmão Prometeu resolveu roubar o fogo do deus Vulcano para dar vida à raça humana. Já a mitologia chinesa, atribui a criação da raça humana à solidão da deusa Nu Wa, que ao perceber sua sombra sob as ondas de um rio, resolveu criar seres à sua semelhança.

O cristianismo adota a Bíblia como fonte explicativa sobre a criação do homem. Segundo a narrativa bíblica, o homem foi concebido depois que Deus criou céus e terra. Também feito a partir do barro, o homem teria ganhado vida quando Deus assoprou o fôlego da vida em suas narinas. Outras religiões contemporâneas e antigas formulam outras explicações, sendo que algumas chegam a ter pontos de explicação bastante semelhantes.
Pintura feita por Michelangelo no teto da Capela Sistina, no Palácio do Vaticano, em 1510, que representa a criação do homem por Deus, à sua imagem e semelhança.
Fonte de referência, estudos e pesquisa: http://www.sohistoria.com.br/

terça-feira, 24 de maio de 2016

Juizo Final

Juizo Final



 (...)e eis que com as nuvens do céu vinha um como Filho de Homem; ele chegou até o Ancião de Dias, e o fizeram aproximar de sua presença. E lhe foi dada soberania, glória e realeza, assim as pessoas de todos os povos, nações e línguas o serviam.


(...)
a seguir, os Santos do Altíssimo receberão a realeza, e possuirão a realeza para sempre e para todo o sempre.

(...) e o julgamento fosse dado em favor dos Santos do Altíssimo, e que chegasse o tempo e os Santos possuíssem a realeza.



A expressão Filho do Homem, aparece no Antigo Testamento em diversos contextos e sentidos. No livro de Daniel, surge com um significado especial. Uma figura que viria executar o juízo em nome do próprio Altíssimo, num julgamento em que tomarão parte os seus Santos. Está inserido em uma grande parte que trata de “visões”, ao estilo da chamada literatura apocalítica. Repercute também em diversos textos importantes da literatura apocalíptica judaica, em destaque no Apocalipse das Semanas de Enoch:

Então interroguei a um dos anjos que estava comigo e que me explicou todos os mistérios relativos ao Filho do homem. Perguntei-lhe quem era ele, de onde vinha e porque acompanhava o Ancião dos Dias. Respondeu-meo nessas palavras: 'Este é o Filho do Homem a quem toda justiça se refere, com quem ela habita, e que tem a chave de todos os tesouros ocultos; pois o Senhor dos espíritos o escolheu preferencialmente e deu-lhe glória acima de todas as criaturas. Esse Filho do Homem que viste, arrancará reis e poderosos de seu sono voluptuoso, fá-los-á sair de suas terras inamovíveis, colocará freio nos poderosos, quebrará os dentes dos pecadores. Expulsará os reis de seus tronos e de seus reinos, porque recusam honrá-lo, de tornarem públicos seus louvores e de se humilharem diante daquele a quem todo reino foi dado. Colocará tormentos na raça dos poderosos; forçá-los-á a se deitarem diante dele'.
Outros textos desse período que refletiam uma imagem semelhante são 4 Esdras ( final do século I) e o contido no papiro 11 Melquisedeque - parte dos Manuscritos do Mar Morto, aplicado ao mesmo [ a respeito das referências em correlação com o livro de Daniel, confira o capítulo "The Messianic Associations of The Son of Man", do livro Messianism among Jews and Christians: twelve biblical and historical studies de William Horbury] .

O Apocalipse das Semanas é uma composição antiga que fora incluída na "Epístola de Enoque",  pertencente ao"Livro de Enoque", que é uma compilação de materiais que vão de período posterior ao regresso judaico sob domínio persa, cerca de três séculos antes de Cristo, até a um período imediatamente anterior ao despontar de Jesus, começo do primeiro século [confira a respeito - James J. Collins, "Books of Enoch" em Dictionary of New Testament Backgrounds, eds. Craig A. Evans e Stanley Porter; também J.J. Colins, "The Apocalyptic Imagination: An Introduction to Jewish Apocalyptic Literature", pgs 177-8, 192-3] . Neste aspecto, é importante chamarmos atenção para fragmentos do material mais recente, "As Similitudes de Enoque", que foram citados no começo da postagem. A eles também se assomam:

 E naquela hora o Filho do Homem foi nomeado na presença do Senhor dos Espíritos; e seu nome perante o Ancião dos Dias. Sim, antes que o sol e os sinais fossem criados, antes que as estrelas dos céus fossem formadas, seu nome foi nomeado perante o Senhor dos Espíritos. Ele será uma fortaleza para os justos,  onde poderão permanecer e não cair, será a luz dos gentios, e a esperança dos amargurados de coração.

Jesus emprega o termo O Filho do Homem, nos evangelhos em diversos sentidos, incluindo passagens que é algo que remete a uma circunlocução de auto-referência, tal como "um homem como eu" - p. ex., Mateus 8.20 e 12.32.

Contudo, essa passagem de Daniel, tomada no conjunto tendo em perspectiva todo o capítulo 7, a partir do sonho atribuído a Daniel durante o reinado de Belshasar até onde ele dá por encerrada, é retomada e/ou aludida em passagens importantes do Novo Testamento, que nos ajuda a refletir sobre a expectativa dos primeiros cristãos, sobre seu entendimento de si mesmos, de quem foi Jesus, e de Jesus sobre si mesmo e o caráter de sua missão.

Não encontramos a passagem-chave de Daniel 7.13 citada explicitamente. Mas nos evangelhos, ela ecoa bem ressonante em Marcos 13.26 Então, eles verão o Filho do Homem vir, rodeado de nuvens, na plenitude do Poder e da Glória. E toda a passagem de Marcos 13.14-27 retoma o capítulo 7 de Daniel, culminando com o vs. 27 Então ele enviará os anjos e, dos quatro ventos, da extremidade da terra à extremidade do céu reunirá seus eleitos. E retomado o tema novamente em 14.62, quando, indagado pelo Sumo Sacerdote se era o Messias, Filho do Deus Bendito, Jesus responde: Eu o sou, e vereis o Filho do Homem assentado à direita do Todo-poderoso e vindo com as nuvens do céu. O que é aparentemente paradoxal na imagem, em que ao mesmo tempo que se está sentado no trono está vindo entre as nuvens, se aclareia pelo fato que, partilhando de um substrato comum com culturas da Antiguidade no Oriente Próximo, no ideário judaico o "Trono de Deus" era também a "Carruagem" de Deus [vide o capítulo 1 e o 10 de Ezequiel, o 4 de Apocalipse, por exemplo].

David Flusser, no capítulo 4 de “O Judaísmo e as Origens do Cristianismo – vl.2” faz uma reconstrução crítica desse dito de Jesus no confronto com o Sacerdote, afirmando que Lucas 22,69 indica com maior acuidade a expressão original e direta de Jesus, ressoando assim sua carga de impacto própria. Ele reconstrói a passagem como “A partir de agora o Filho do Homem estará sentado à direita do Poder”. Acolhe a sugestão das influências do Salmo 110.1, muito utilizado pelas comunidades cristãs mais antigas (O Senhor diz ao meu Senhor: assenta-te à minha direita(...)” e 80.18 “Concede tua ajuda ao homem à tua direita, o filho do homem que tomaste como teu próprio”.

Flusser faz um minuncioso resgate de usos e termos “hipostáticos” acerca de Deus e Seus atributos, com análises de usos de rabinos, de textos na comunidade de Qumrã e comentaristas cristãos da antiguidade como Teodoreto de Ciro, dando destaque à passagem de Isaías 9,5-6, (títulos como Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai Eterno, Príncipe da Paz) e encontra uma visão no “Pergaminho de Ação de Graças" - encontrado entre os Manuscritos do Mar Morto (1 QH 3:2-18) -, em que a interpretação da combinação de títulos é de que o Messias seria um Maravilhoso Conselheiro do Deus Poderoso, um oráculo sobre o destino da criança. Mais adiante, esse menino é descrito numa visão como “Maravilhoso Conselheiro com Seu Poder [o de Deus]” – 1 QH 3:10. Aponta que “Poder”, do hebraico gevurah e grego dunamis, é o “Grande Poder” de Atos 8,10 – livro do mesmo autor do Evangelho de Lucas [ sendo que a hipóstase "Glória", presente em Marcos, consta no tratado de Enoque 104,1]. Flusser aponta que o hino contendo a expressão dessa interpretação esteve numa tradição que contribuíra de forma importante para o capítulo 12 de Apocalipse.

O contexto [sobre o complexo contexto e uma discussão prolífica da elaboração nos evangelhos, sugiro "The Background to the Son of Man Sayings", de F.F.Bruce] da fala dele, dada como resposta, e a reação do Sumo Sacerdote e demais, nos indicam de forma clara que Jesus referiu-se a si; provocando escândalo ao se colocar numa posição de mesmo plano para com Deus na grande epifania escatológica - sentado à direita. E sendo essa passagem retomada da outra supracitada, com a mesma aplicação e nos mesmos termos (combinando, possivelmente por releitura do evangelista, com o Salmo 110.1 (Oráculo do Senhor ao meu Senhor: Senta-te à minha direita, que eu faça dos teus inimigos o escabelo dos teus pés!) afasta a possível impressão de que na passagem do capítulo 13, Jesus se referia a uma terceira pessoa ou entidade.

Ainda no Novo Testamento, no livro de Apocalipse, podemos enxergar que os cristãos associavam a figura do Filho do Homem ao seu Senhor. Em 1.7, essa passagem de Daniel 7.13 é aludida, combinando com Zacarias 12.10 ( (...) Erguerão, então, o olhar para mim, aquele a quem traspassaram. Celebrarão o luto por ele, como pelo filho único. Chorarão amargamente como se pranteia um primogênico). Outra importante ilustração apocalítica: Ei-lo que vem entre as nuvens e todo olho o verá, até mesmo os que o traspassaram: todas as tribos da terra estarão de luto por causa dele. Fundamental notar que a passagem está integrada a (...) da parte de Jesus Cristo, a testemunha fiel, o primogênito dentre os mortos e o príncipe dos reis da terra.

Também em 1.9-11 está implícito, culminando em 1.13 imiscuído com textos diversos do Antigo Testamento: e no meio dos candelabros, um como Filho de Homem. Ele vestia uma longa túnica, um cinto de ouro lhe cingia o peito.

Observe-se o paralelo entre essa parte do evangelho de João [ que se relaciona intimamente com as perspectivas do grupo cristão oriundo dos chamados “judeus helenistas”, apresentando também uma ligação com conversos de Samaria] 5.25-27 e o quadro apocalíptico de Daniel comentadas aqui:

Em verdade, em verdade eu vos digo, vem a hora – e é agora – em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus e os que tiverem ouvido viverão. Porque assim como o Pai possui a vida em si mesmo, assim também deu ao Filho possuir a vida em si mesmo; ele deu o poder de exercer o julgamento porque é o Filho do Homem. Nesse caso, há a associação com o título messiânico – na perspectiva do messianismo de realeza [Filho de Deus]–, com a figura escatolótica.
Outra questão importante ressaltada no capítulo de Daniel é sobre a participação dos justos no julgamento. Em 7.22, o julgamento fosse dado em favor dos Santos do Altíssimo, e que chegasse o tempo e os Santos possuíssem a realeza.
Essa expectativa na escatologia, dos mártires e dos fiéis perseverantes tomando parte no Julgamento Final ecoa na perspectiva apocalítica no Novo Testamento. PauloAcaso, não sabeis que os santos julgarão o mundo?I Co. 6.2. Daniel 7.18 a seguir, os Santos do Altíssimo receberão a realeza, e possuirão a realeza para sempre e para todo o sempreecoa em Apocalipse 5. 9-10, também nas passagens sobre herdar o reino de Deus, mesmo por contraste, como em I Co. 6.9 – referindo-se aos injustos. Ecoa também no hino de II Timóteo 2.11-14, de forma elaborada em que, de grande importância, podemos ver que a própria liturgia da Igreja assimilara a expectativa do papel de Jesus no que concebiam como a manifestação definitiva da glória de Deus e o reinado do povo eleito e a nova realidade. Reverbera também em Lucas 22.28-30, Vós sois os que perseveraram comigo nas minhas provações. E eu disponho para vós o Reino como o meu Pai dispôs dele para mim: assim, comereis e bebereis à minha mesa em meu reino, e vos assentareis sobre o trono para julgar as doze tribos de Israelcom ecos mais suaves em Mateus 19.28; 25.31. Também, a partir de uma visão maior justapondo essas três passagens, ilumina-se o olhar sobre Apocalipse 3.21, no sentido de entender a leitura escatológica da igreja primitiva.




Em destaque, Daniel 7.18 ressoa mais altissonante na leitura de Lucas 12.32: Não temas, pequeno rebanho, porque foi do agrado de vosso Pai dar-vos o ReinoE de forma mais impactante, logo no início da narrativa de Marcos, 1.15: Cumpriu-se o tempo – destacamos o impacto do termo tempo, relacionado a cumprir, em se tratando de expectativa escatológica e o Reinado de Deus aproximou-se; convertei-vos e crede no Evangelho.
Importante refletirmos nisso tendo em mente que, no registro da concepção para com a ressurreição dos mortos tal como em II Macabeus 7.9 e 7.23, que assinala um aspecto que era decisivo na compreensão das diversas correntes do judaísmo do segundo templo: a associação da ressurreição com a justiça feita aos mortos pela causa da Aliança.




Abstemo-nos aqui de uma discussão, que para ser verdadeiramente imparcial demandaria um bom espaço, a cerca de se as passagens dos evangelhos destacadas seriam plausivelmente autênticas na atribuição a Jesus propriamente. Por um lado, reconhecemos a possibilidade de serem coloridas, trabalhadas ou elaboradas redacionalmente à luz de temáticas da pregação e crença das igrejas. Contudo, achamos, particularmente, que o critério da descontinuidade não tem valor em tal escala, para rechassar a autenticidade como apelo maior. Qualquer pessoa lúcida é capaz de compreender que ditos e ensinamentos de alguém tomado como um mestre excepcional com uma prerrogativa extraordinária tenha impactos sobre seus discípulos e nos movimentos que descendem dele, e que em certos períodos, se concentrem mais ênfase em dados aspectos, e outros, que foram menos destacados antes, podem ser retomados com mais ênfase, ou recapitulados,em outros contextos. Assim se dá com os partidos comunistas e os institutos liberais em relação à Marx e Mises. 
De qualquer forma, temos elementos suficientes para depreender que: com toda a certeza, o movimento de Jesus e as igrejas cristãs ligada ao círculo de seus discípulos (assim consideramos também a(s) comunidade(s) de Hebreus e as fundadas por Paulo) lhe atribuíam o papel da figura que exercerá o Juízo de Deus. E que a expectativa deles para a definição final da História é que nesse Juízo, exercido pelo Salvador, tomarão parte os santificados e comissionados de Deus ( retomamos aqui também a reflexão sobre o papel dos 'Doze', simbolizando as doze tribos de Israel – daonde entende-se o dilema descrito em Atos para substituir Judas, só entendida a operação como legítima à luz de sua apostasia – para com os tronos falados em Daniel 7.9, o tribunal, em Daniel 7.10). E que com quase toda a certeza, isso foi consolidado a partir do que Jesus pregava, ensinava e arrogava para si e para o sentido de sua obra.


Estava no cerne da crença do cristianismo apostólico das origens que o sentido para o qual aponta o seu caminho: na consumação da História se dará o julgamento, a deslegitimação e subversão das estruturas, discursos e lógicas de dominação do mundo. Isso constantemente foi e é obnublado.

Para mais a respeito da posição do presente autor ante as controvérsias quanto aos ditos do "Filho do Homem" nos evangelhos, este está alinhado com Delbert Royce Burkett em "The son of man debate: a history and evaluation".

 Obs. citações bíblicas estão na versão da Bíblia Teológica Ecumênica - TEB

Fonte de referência, estudos e pesquisa: http://adcummulus.blogspot.com.br/

segunda-feira, 23 de maio de 2016

O diabo disputou o corpo de Moisés?

O diabo disputou o corpo de Moisés?

Porque se introduziram alguns, que já antes estavam escritos para este mesmo juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus, e negam a Deus, único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo. Mas quero lembrar-vos, como a quem já uma vez soube isto, que, havendo o Senhor salvo um povo, tirando-o da terra do Egito, destruiu depois os que não creram; 

E aos anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação, reservou na escuridão e em prisões eternas até ao juízo daquele grande dia; Assim como Sodoma e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que, havendo-se entregue à fornicação como aqueles, e ido após outra carne, foram postas por exemplo, sofrendo a pena do fogo eterno. E, contudo, também estes, semelhantemente adormecidos, contaminam a sua carne, e rejeitam a dominação, e vituperam as dignidades. Mas o arcanjo Miguel, quando contendia com o diabo, e disputava a respeito do corpo de Moisés, não ousou pronunciar juízo de maldição contra ele; mas disse: O Senhor te repreenda. Estes, porém, dizem mal do que não sabem; e, naquilo que naturalmente conhecem, como animais irracionais se corrompem.

Essa passagem citada na epístola de Judas nos mostra uma disputa entre o arcanjo Miguel e Satanás pelo corpo de Moisés. No entanto, antes que possamos prosseguir em nossa análise, vamos retornar ao Antigo Testamento e averiguar como foi a morte de Moisés. De acordo com o texto de Deuteronômio 34:5-6, assim temos:


Assim morreu ali Moisés, servo do SENHOR, na terra de Moabe, conforme a palavra do SENHOR. E o sepultou num vale, na terra de Moabe, em frente de Bete-Peor; e ninguém soube até hoje o lugar da sua sepultura.


Um fato importante deve então ser destacado - a disputa não se fez pelo corpo de Moisés ainda vivo. De acordo com a junção das duas passagens, podemos inferir que parentemente Satanás descobriu o local do túmulo e foi até lá para tomar o corpo de Moisés para si. A questão, no entanto, que se apresenta é: "Qual seria o interesse de Satanás no corpo enterrado de Moisés. Porém, a trama se torna ainda mais complexa dado que o Arcanjo Miguel aparece também neste contexto para o retomar o corpo do patriarca. E nisso nos deparamos com uma nova questão: "Por que Miguel faria isso?"

Para que possamos avaliar bem toda essa estória, devemos estabelecer alguns pontos e iniciar a reflexão sobre algumas novas questões.

1 - O que é atribuído a Satanás no Novo Testamento e ao arcanjo Miguel no Novo Testamento?

2 - O que a figura de Moisés poderia significar simbolicamente?

3 - Em qual contexto aparece essa disputa de Satanás e Miguel no texto de Judas? Do que é que se está falando neste texto?

Quer nos parecer que não houve uma disputa real entre essas "figuras". E essa disputa não foi também por algum suposto corpo enterrado de Moisés. Esta é uma disputa pelo simbólico envolvido em "Moisés". Esta é um disputa por Israel. Sinteticamente é possível afirmar que o que está ali em jogo é a disputa sobre quem ficará com o "domínio sobre Israel" e em última instância sobre quem "ficará o domínio sobre o mundo".

No entanto, de forma a realmente entendermos esta proposição, é necessário que estudemos a fonte primária usada pelo autor da epístola de Judas em tal passagem. Ela provém de um livro apócrifo chamado Assemptio Mosis ou "Ascensão de Moisés". Orígenes já citava ter vindo deste livro a passagem de Judas. Este apócrifo, perdido ao longo dos tempos, foi encontrado no século XIX. Porém, infelizmente o manuscrito encontrado contêm apenas dois terços do texto original. E, para a nossa "desgraça" a parte que nos interessa é uma das que falta.

Apesar disso, no entanto, podemos fazer algumas ilações a partir do material disponível. Vamos a ele:


ASSUMPTIO 11 - Josué falando com Moisés [próximo à sua morte]:


“[Mas agora] que lugar o receberá? Ou qual será o sinal que marcará o (seu) sepulcro? Ou quem ousará mover o seu corpo de lá como se fosse um mero homem? Porque todos os homens quando morrem tem de acordo com a idade os seus sepulcros na terra; mas seu sepulcro é da subida ao pôr-do-sol, e do sul aos confins do norte: todo o mundo é seu sepulcro. Meu senhor, estás partindo, e quem alimentará este povo?”

[...]

“E os reis dos Amoreus também quando eles ouvem que nós estamos atacando, acreditarão que não estará mais entre eles o espírito santo que era digno do Senhor, múltiplo e incompreensível, o senhor da palavra, que era fiel em todas as coisas, o profeta principal de Deus ao longo da terra, o mestre mais perfeito do mundo, [que não está mais entre eles], dirão “Marchemos contra eles. Se o inimigo apenas uma vez agiu impiamente contra o seu Deus, eles não têm nenhum defensor para oferecer suas orações, como Moisés o grande mensageiro que todos os dias de dia e de noite teve os seus joelhos fixados na terra, orando e procurando a ajuda dEle para que regesse todo o mundo com compaixão e justiça, fazendo-O lembrar do pacto dos pais e propiciando o Deus com juramento”. Porque eles dirão: “Ele não está com eles: vamos então e os destruamos e os lancemos para fora da face da terra”. O que restará então deste povo, meu senhor, Moisés?”


ASSUMPTIO 12 - Moisés respondendo a Josué:


"Por que eu vos digo, Josué: não é por causa da piedade deste povo que tu lançará fora as nações. As luzes do céu, os fundamentos da terra foram feitos e foram aprovados por Deus e estão debaixo do anel de sinete da sua mão direita. Então, esses que fazem e cumprem as ordens de Deus aumentarão e prosperarão: mas esses que pecam e fixam e negligenciam as ordens estarão sem as bençãos mencionadas, e eles serão castigados com muitos tormentos pelas nações. Mas lançar fora completamente e os destruir não é permitido. Porque Deus irá adiante pois previu todas as coisas para sempre[...]"


O que poderíamos, pois, extrair destas passagens?

1 – Pela sua grandeza, o sepulcro de Moisés atinge simbolicamente toda a Terra. O sepulcro de Moisés é todo o mundo.

2 – Josué tem Moisés como o símbolo defensor de Israel, mediador entre Deus e os homens.

3 – Para Josué, a morte de Moisés é o fim de Israel.

4 – Mas Moisés desqualifica Josué dizendo que Deus está no controle de tudo.

5 – Trata-se, pois, de um texto pré-determinista.

6 – Aqui está em jogo, afinal, a batalha dos justos contra os ímpios. O que é dito a Josué é que Deus está no controle do mundo e não o mal. Ele PERMITE que o mal aconteça. No entanto, NÃO PERMITE que neste momento o mal seja debelado por completo: “Mas lançar fora completamente e os destruir não é permitido.”

7 – Deus tem um plano para o final dos tempos e as coisas caminharão de acordo com este plano. “Então, esses que fazem e cumprem as ordens de Deus aumentarão e prosperarão.”

8 – A disputa do corpo de Moisés por Miguel e Satanás é a disputa sobre quem governa o mundo.

9 – Nós temos duas instâncias interligadas – a terrena e a celeste. Os chefes das nações ímpias se ligam a Satanás. Josué se liga a Miguel. Está feito o campo de batalha. A luta se dará sobre o destino dos ímpios e dos justos sobre a terra. No entanto, nem a Josué é permitido destruir de vez os ímpios e nem a Miguel foi permitido amaldiçoar Satanás, como é dito no texto de Judas. “não ousou pronunciar juízo de maldição contra ele; mas disse: O Senhor te repreenda.”

10 – Miguel diz: “O Senhor te repreenda” porque somente a Deus cabe este papel – qual seja: decidir o destino final dos ímpios e dos justos. Da mesma forma era proibido a Josué destruir as nações ímpias, porque somente a Deus cabe este papel.

Perceba agora, sabendo dessa passagem, que o texto de Judas se refere a um embate entre grupos cristãos. De acordo com o autor desta epístola, alguns indivíduos "psíquicos" [ou seja, carnais] se infiltraram na Igreja. E estes indivíduos estão injuriando os "espirituais" e desrespeitando as autoridades.

Neste ponto nós temos duas proposições:

1 - Uma definitiva: nem o próprio Arcanjo Miguel quando se defrontava com o próprio Satan pôde injuriar. Logo, estes homens psíquicos estão fazendo algo que nem a altíssima hierarquia angélica não ousou fazer.

2 - Uma sugestão: os espirituais devem transferir a autoridade da repreensão a Deus - "Que o Senhor os repreenda".

No entanto, após isso, o autor do texto também caminha por uma trilha prédeterminista através das profecias de Henoc. Ou seja, a mesma lógica vista na ASSUMPTIO MOSIS - as coisas acontecem desta forma atualmente porque assim está previsto no plano divino. Mas ao final, Deus intervirá em favor dos justos [no caso, os cristãos espirituais].

O autor do texto da Ascensão de Moisés está, na verdade, em uma polêmica com outros autores apocalípticos. Contrariando a idéia de que "o mundo jaz no maligno", o autor deste texto está dizendo "o mundo está e sempre esteve nas mãos de Deus.
Fonte de referência, estudos e pesquisa: http://adcummulus.blogspot.com.br/

Paulo presenciou a morte de Estevão?

Paulo presenciou a morte de Estevão?


Gálatas - 1,22 - "De acordo que, pessoalmente, eu era desconhecido às igrejas da Judéia que estão em Cristo"

Atos - 7,58 - "Lançaram Estevão fora da cidade e começaram a apedrejá-lo. As testemunhas depuseram os seus mantos aos pés de um moço chamado Saulo (Paulo).

Em Gálatas Paulo afirma nunca ter estado em Jerusalém e em Atos, Lucas afirma que ele estava no apedrejamento de Estevão e que devastava a igreja em Jerusalém. Como resolver tal antinomia?

Para que possamos tentar elucidar um pouco deste problema, devemos deixar claro alguns pontos centrais — Lucas não conheceu Jesus. Isso é um fato. Nenhum evangelista o conheceu - outro fato. Todos evangelistas se utilizaram de fontes escritas e orais baseadas nas tradições acerca de Jesus. Da mesma forma, por incrível que isso possa parecer, o autor do evangelho segundo Lucas e dos Atos dos Apóstolos provavelmente não conheceu Paulo. Se o conheceu, seu contato foi insuficiente para dele ter sido um seguidor, companheiro ou discípulo de longa data.

As contradições entre os relatos dos Atos e as Cartas de Paulo, bem como as diferenças entre “teologia paulina” apresentada por Lucas e a teologia das cartas autênticas de Paulo são várias e extrapolam o escopo deste tópico. Neste sentido, como pontua Kümmel, “É fora de dúvida, pois, que nos três pontos básicos supracitados, a respeito da atividade de Paulo, o autor de Atos tem um conhecimento de tal forma deturpado a respeito dos fatos históricos, que dificilmente poderia ter sido companheiro de Paulo nas viagens missionárias deste.” KUMMEL, Introdução ao Novo Testamento, 1982, p.230)

Não só o autor de Lucas possui um conhecimento secundário acerca da trajetória de Paulo, como também toda a obra dos Atos dos Apóstolos de forma alguma pode ser considerada como um texto com pretensões historiográficas. Como pontua Helmut Koester, “É muito difícil encontrar no Livro dos Atos informações históricas úteis. Como o autor não escreve uma história, mas uma epopéia, ele não submeteu nenhum material tradicional ao escrutínio crítico do historiador.” KOESTER, Introdução ao Novo Testamento, vol. 2, 2005, p.339-40)

Neste sentido, o material lucano deve ser encarado prioritariamente a partir de seu propósito apologético, qual seja – o de transmitir a um público gentio a trajetória de uma Igreja unificada, evitando-se e minimizando a idéia de conflitos de tal Igreja para com o Império Romano. É possível encontrar ecos de eventos e tradições antigas ligadas aos autores dos discursos encontrados em Lucas. Por outro lado, tais discursos só podem ser devidamente interpretados a partir da proposta apologética editorial do autor lucano.

Como mencionam Cláudio Moreschini e Enrico Norelli em seu História da Literatura Cristã Antiga grega e Latina: “Os discursos dos Atos são importantes para o estudo do pensamento do autor; as convenções historiográficas antigas permitiam por na boca dos personagens históricos discursos que eles não tinha realmente pronunciado, mas que serviam para iluminar o significado da situação.” [1995, p.98] Koester [p.340] concorda com Moreschini e Norelli quanto à inserção de discursos compostos pelo autor na boca de personagens históricos retratados como sendo uma técnica da historiografia antiga. No entanto, ressalta, que a mesma técnica era usada por autores de romances e epopéias, de tal forma a destacar o significado de eventos importantes.

Com relação à antinomia em questão, pontuamos a seguinte visão dos autores:

“A presença de Paulo na morte de Estevão (At 7,58) é excluída por Gl 1,22. Atos 8,3 não é histórico pela mesma razão, e consequentemente também Atos 26,10-11. É impensável que Paulo, de posse de cartas do sumo sacerdote, pudesse ter levado cristãos de fora da Palestina para Jerusalém para serem punidos. Nem o sumo sacerdote e nem o sinédrio judaico em Jerusalém jamais tiveram esses poderes de jurisdição.” [KOESTER, p.115]

“Por outro lado, é pouco provável que tenha recebido uma formação rabínica em Jerusalém junto ao grande Gamaliel (At 5,34; 22,3) [...] Que, no entanto, o centro de sua atividade de perseguidor fosse Jerusalém (At 9, 1-2), a ponto de assistir ao apedrejamento de Estevão (At 7,58; 8,1; 22,20), parece contradito por Gl 1,22, segundo a qual ele era pessoalmente desconhecido nas igrejas da Judéia.” [MORESCHINI e NORELLI, p.35-6]

Concluindo, então:

1 - Os relatos acerca de Paulo, sob a perspectiva lucana, devem ser avaliados sempre com reservas e cotejados com a informação das epístolas de Paulo, as quais possuem sempre uma primazia enquanto fonte histórica.

2 – O texto de Lucas não se conforma como um trabalho com pretensões historiográficas. O mesmo deve ser visto sob a ótica literária de uma epopéia e a partir do propósito apologético específico do autor.

3 – Os relatos sobre a atividade de Paulo na Judéia apresentam antinomias. Neste sentido, tendo, pois a concordar com as supracitadas posições de Koester, Moreschini e Norelli.

Fonte de referência, estudos e pesquisa: http://adcummulus.blogspot.com.br/

sábado, 21 de maio de 2016

A Criação do Mundo...

A Criação do Mundo - No Princípio Deus Criou os Céus e a Terra - Gênesis 1.

"No princípio Deus Criou os Céus e a Terra". Esta afirmação do livro do Gênesis, capítulo 1.1, já foi tema de muitos debates.
Entretanto o texto é claro e enfático ao dizer que tudo o que há, visível e invisível, tem um princípio e um criador.
Deus fez tudo o que existe. Ele é o Senhor e o Criador da terra, do céu e de tudo o que neles há.
O livro de Gênesis 1.1 - 2.25 descreve os sete dias da criação, bem como Elohim formou o homem e a mulher e os colocou no Jardim do Éden, o paraíso.

A Criação da Terra e do Céu

No princípio [Hebraico bereshit] remonta a um tempo desconhecido e remoto, escondido nas eras eternas, que antecede a criação. Mas pouca informação é dada sobre essa época. É certo que os anjos já existiam antes da fundação da terra. A ascensão, rebelião e queda de Satanás já havia ocorrido.
"No princípio criou Deus os céus e a terra." Gênesis 1:1
O capítulo 1 de Gênesis foca na criação do mundo físico - os céus e a terra. Deus é designado em hebraico pelo nome Elohim, um plural que indica a majestade e a magnitude divina. O nome Elohim acentua a sua glória e o seu poder como o Deus todo-poderoso.
O livro de Gênesis já apontava para uma doutrina claramente revelada em outras partes da bíblia, a saber, que se Deus é um, há uma pluralidade de pessoas na Divindade - Pai, Filho e Espírito Santo, que estavam engajados na obra criadora.
A Criação do Mundo no PrincípioNo Princípio Deus Criou o Céu a Terra e as Estrelas.
O verbo utilizado para descrever a criação do céu e da terra em hebraico é o termo bara, que está no singular e significa trazer do nada à existência e moldar sob nova forma.
O verbo bara tem sempre Deus como sujeito. O céu, a terra e o universo não foram formados a partir de materiais pré-existentes, mas feitos do nada. Este versículo declara a grande e importante verdade, que nada foi originado por acaso, ou da habilidade de qualquer agente inferior; mas que o universo inteiro foi produzido pelo poder criador de Deus.
"E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas." Gênesis 1:2
"Sem forma e vazia" [do Hebraico tohu va-bohu], esta expressão passa um único conceito: O caos. As palavras trevas [do Hebraico chosher] e abismo [do Hebraico tehom] retratam o caos, o desastre e a devastação.
"O espírito de Deus se movia... " já indicava uma esperança de vida que se erguia na escuridão, sobre o abismo, o caos e o vazio.
A ação poderosa do Espírito Santo sobre elementos mortos e discordantes, fez deste cenário de ruína, uma criação ordenada. Deus transformou o caos em cosmos, a desordem em ordem, o vazio em abundância.
a criacao da terraA Criação da Terra no Princípio. Deus Criou o Mundo.
Isso já, no princípio da criação, demonstrava a habilidade, o poder e a autoridade do Espírito Santo em rearranjar, remoldar, transformar e trazer do caos à uma nova existência. Eis um dos motivos pelo qual Jesus falou, a Nicodemos, que lhe era necessário nascer da água e do espírito.
E o Espírito de Deus trouxe luz à escuridão. A vida e a criação começam com a luz e o nascer do dia. A escuridão pode ter durado muito tempo, mas chegava naquele momento o fim do domínio das trevas. Toda alegria da vida nascia, com a luz de Deus, assim como o seu filho Jesus viria a ser a luz do mundo.
Como está escrito que o choro pode durar uma noite, mas alegria vem ao amanhecer, assim também este texto nos ensina que Deus tem o poder de trazer, do nada, luz e alegria às nossas vidas.
"Porque a sua ira dura só um momento; no seu favor está a vida. O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã." Salmos 30:5.
"Quando vejo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que preparaste;" Salmos 8:3
O poder criador da palavra de Deus ecoou pelo cosmos, transformando morte em vida, escuridão em luz. Bem descreveu o apóstolo João sobre a palavra criadora de Deus, o verbo vivo, que estava no princípio da criação.
"No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus." 
João 1:1
O verbo de Deus, a sua palavra criou a luz porque ele mesmo era a própria luz. Jesus em sua maestria poética, declarou palavras de beleza incomparáveis, revelando a sua sublime e altíssima origem.
"Falou-lhes, pois, Jesus outra vez, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida." João 8:12
Quando essa luz penetra em nosso ser, o caos se transforma em ordem, a morte vira vida, é tudo recriado, é o tempo de nascer de novo.
A criação dos céus e da terra corre em paralelo com a criação de um novo céu e uma nova terra (Ap 21.1).
A bíblia segue essa narrativa da criação e da redenção, ambos relacionados com a salvação.
Sumário dos Sete Dias da Criação:
Primeiro dia:Luz e trevas, separação da luz e trevas - Gênesis 1:3:5
Segundo dia:Separação das águas - céu abaixo das nuvens - Gênesis 1:6-8
Terceiro dia:Terra seca, oceano, vegetais, ervas verdes - Gênesis. 1:9-13
Quarto dia:Sol, lua e estrelas, marcação de tempo, dias e anos - Gênesis 1:14:19
Quinto dia:Animais marinhos e aves do céu - Gênesis 1:20:23
Sexto dia:Animais terrestres e o homem - Gênesis 1:24-31
Sétimo dia:Dia do descanso - Gênesis 2:1-3


Fontes de referência, estudos e pesquisa: http://www.bibliaonline.com.br

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