Filhos de
Balaão
Pessoas
Perigosas que Fazem Comércio da Palavra de Deus
Exemplos
de grandes erros registrados no Antigo Testamento servem para nos instruir hoje.
Falando de tais exemplos, o apóstolo Paulo escreveu: “Ora, estas coisas
se tornaram exemplos para nós, a fim de que não cobicemos as coisas más, como
eles cobiçaram....Estas coisas lhe sobrevieram como exemplos e foram escritas
para advertência nossa” (1
Coríntios 10:6,11). Este comentário inclui os erros dos israelitas no deserto,
depois de sairem do Egito e antes de entrarem em Canaã, a terra prometida por
Deus aos descendentes de Abraão, Isaque e Jacó. Uma pessoa influente em um dos
maiores erros do povo de Israel foi um profeta chamado Balaão. Vamos considerar
a conduta deste profeta, e aprender lições que servem ainda “para advertência nossa”.
Como veremos, ainda há muitos “filhos de Balaão”, pessoas que imitam o exemplo
deste homem, fazendo comércio da palavra de Deus e conduzindo outras pessoas à
morte.
A História de Balaão
Quase 40
anos depois de sair do Egito, o povo de Israel estava chegando à terra de
Canaã. Pelo poder de Deus, venceram os inimigos que impediram sua jornada,
mesmo os povos numerosos e os reis gigantes que ocupavam as terras próximas a
Canaã. Balaque, rei dos moabitas, viu os israelitas chegando perto do
território dele e ficou desesperado. Ele mandou mensageiros para tentar
contratar o profeta Balaão para amaldiçoar os israelitas. Inicialmente, Balaão
respeitou a palavra de Deus e recusou ir. Depois, quando outros mensageiros de
Balaque fizeram uma proposta mais lucrativa, o profeta novamente procurou a
permissão de Deus. O Senhor deixou o profeta rebelde ir, mas explicitamente disse
que teria que fazer e falar somente o que veio de Deus. No caminho, o Anjo do
Senhor mostrou a ira de Deus contra este homem, mas ainda deixou o profeta
chegar ao rei dos moabitas.
Quando
Balaão chegou, ele explicou para o rei Balaque que ele ia falar somente a
palavra de Deus (Números 22:38). Da mesma forma que ele tinha insistido com
Deus para conseguir a resposta que ele queria, ele estava agora preparado a
insistir e tentar conseguir a resposta que Balaque queria. A motivação foi
simples: o rei lhe ofereceu riqueza e honra. Balaão pretendia buscar uma
resposta de Deus para agradar o rei e ganhar dinheiro.
Balaão se
esforçou para entregar as bênçãos que o rei desejava. Ele pregou a mesma doutrina
que muitos pregam hoje: “Se fizer um sacrifício para Deus, ele ouvirá a sua
oração e certamente dará o que você pede”.
Conforme
esta noção, Balaão ensinou Balaque sobre a necessidade de sacrifícios. O rei
foi obediente e fez sete altares e sacrificou sete novilhos e sete carneiros.
Balaão subiu um morro e pediu a Deus a resposta que o rei queria. Deus
respondeu, mas suas palavras foram totalmente contrárias ao desejo do rei.
Mas estes
homens não desistiram. Foram para outro lugar e o rei fez mais sete altares e
ofereceu mais catorze animais. Mais uma vez, Balaão procurou uma resposta
favorável de Deus. Nisso,
ele fez a mesma coisa que alguns fazem hoje. Buscam uma resposta e quando
interpretam uma palavra negativa, tentam outra vez esperando uma resposta
diferente de Deus. Para
Balaão, não deu o resultado que ele queria. Nesta segunda tentativa, como na
primeira, a resposta foi negativa.
Ainda
persistiram. Foram para outro lugar e o profeta falou para o rei fazer outros
altares. Fez mais sete altares e sacrificou mais sete novilhos e sete
carneiros. Quando Balaão procurou uma resposta de Deus, veio novamente uma
palavra negativa, contra a vontade do rei.
Balaque
demitiu o profeta, dizendo para ele que Deus tinha o privado de ganhar as
riquezas e honras que ele queria (Números 24:11).
Esta
história, porém, ainda não terminou. Alguns capítulos depois descobrimos que
Balaão deu mais um conselho para o rei que até ajudou a enfraquecer os
israelitas que ele tanto temia.
Os
moabitas e midianitas fizeram uma festa que juntava práticas pagãs e a
imoralidade, e convidaram os israelitas a participarem. Foi Balaão que deu esta
ideia de colocar uma pedra de tropeço diante do povo (Números 31:16). O que
Balaão não conseguiu com palavras ele conseguiu, pelo menos parcialmente, pela
tentação carnal. 24.000 israelitas morreram por causa do pecado de participar
desta festa pagã. O povo foi enfraquecido pela influência deste profeta
ambicioso.
No final
das contas, Balaão sofreu o castigo justo pelo seu erro. Ele foi morto na
batalha de Israel contra os midianitas, Balaão foi morto (Números 31:8).
Resumindo,
apesar de todos os esforços de adquirir o que queriam, mesmo com toda a despesa
de construir 21 altares e sacrificar 42 animais, Balaque e Balaão não
conseguiram as “bênçãos” que desejavam. O motivo: Deus não quis dar o que eles
queriam (Deuteronômio 23:5; Josué 24:10).
Lições Importantes
para Nós
Aprendemos
muitas coisas valiosas da história de Balaão. Considere algumas aplicações
práticas:
(1) Não manipulamos a vontade de Deus
com sacrifícios. Ouvimos este tema nas mensagens de muitos pregadores da
teologia da prosperidade: se for fiel nos dízimos e ofertas, alcançará a
prosperidade. Usam trechos como Malaquias 3, ignorando seu contexto como parte
do Antigo Testamento, para pressionar as pessoas a fazer sacrifícios por
motivos egoístas. Quantas pessoas já venderam casas, carros e outros bens
acreditando que iam alcançar prosperidade maior? Toda a riqueza do rei Balaque
não foi suficiente para manipular a vontade de Deus!
(2) Nenhum homem pode garantir
resultados para as pessoas
que buscam bênçãos de Deus. Já ouvi pregadores garantindo que as pessoas iam
conseguir emprego, alcançar metas financeiras, restaurar casamentos, etc.
Devemos orar sobre as nossas provações e necessidades, mas ninguém tem direito
de garantir respostas favoráveis. Nem Balaão ousou garantir resultados!
(3) A ganância nos púlpitos hoje é um
problema grande e grave. Pregadores ambiciosos incentivam a avareza porque
eles mesmos querem alcançar a prosperidade. A Bíblia ensina que o servo merece
seu sustento (1 Coríntios 9:14; 1 Timóteo 5:18), mas este princípio não
justifica as exigências, os exageros e a ganância de muitos pregadores hoje.
Aqueles que pregam também precisam praticar o que Deus ensinou a todos: “Tendo sustento e com que nos
vestir estejamos contentes” (1
Timóteo 6:8). Há uma triste ironia em observar pregadores condenando a
“idolatria” de outras religiões enquanto incentivam a idolatria da avareza (cf.
Colossenses 3:5). Pedro comparou pregadores deste tipo com Balaão: “abandonando o
reto caminho, se extraviaram, seguindo pelo caminho de Balaão, filho de Beor,
que amou o prêmio da injustiça” (2
Pedro 2:15).
(4) Devemos orar conforme a vontade de
Deus. Não devemos distorcer uma passagem para contradizer outra. A mesma
Bíblia que fala de orações de fé e das respostas de Deus também fala das
condições e limites destas promessas. Não devemos ler somente 1 João 5:15 sem
observar que no contexto ele limita esta promessa. No mesmo livro, ele fala de
duas condições para receber respostas às orações: obediência (1 João 3:22) e
aceitação da vontade de Deus nos pedidos (1 João 5:14). Às vezes, Deus ouve a
oração de uma pessoa fiel e ainda diz “não”. Ele fez isso como Paulo (2
Coríntios 12:8-10) e certamente pode recusar as nossas petições.
(5) Precisamos ter cuidado com as
outras táticas do Inimigo. Quando Balaão não derrubou o povo com palavras,
ele usou tentações da carne. Quantas pessoas hoje resistem bem os ataques de
falsas doutrinas (Efésios 4:14) mas caem nos pecados de imoralidade sexual,
mentiras, etc.? O nosso adversário é esperto e usa várias artimanhas para nos
enredar no pecado (1 Pedro 5:8-9; Efésios 6:11,17). Sejamos vigilantes!
(6) Devemos evitar a participação em
atividades pagãs e imorais. Os
moabitas e midianitas seduziram o povo de Israel com uma festa onde os servos
de Deus participaram das práticas pagãs de outras culturas. A festa juntou
elementos de idolatria e imoralidade. Devido ao sincretismo praticado durante
muitos séculos por supostos cristãos, muitos elementos de religiões pagãs têm
encontrado lugar nas atividades religiosas do nosso dia. O Carnaval e outras
festas misturam aspectos do cristianismo com o paganismo e a sensualidade. E
muitas igrejas “evangélicas” seguem a mesma tendência quando se adaptam à
cultura e introduzem práticas que tem suas raízes em religiões erradas ou na
imoralidade da sociedade. Paulo disse: “Que
ligação há entre o santuário de Deus e os ídolos? Porque nós somos santuário do
Deus vivente, como ele próprio disse: ‘Habitarei e andarei entre eles serei o
seu Deus, e eles serão o meu povo. Por isso, retirai-vos do meio deles
separai-vos, diz o Senhor não toqueis em coisas impuras; e eu vos receberei’” (2 Coríntios 6:16-17). João disse com
carinho no final da sua primeira carta: “Filhinhos,
guardai-vos dos ídolos” (1
João 5:21).
Hoje, há
muitos filhos de Balaão. Não seja um deles!
Fonte de referência,
estudos e pesquisa: http://www.estudosdabiblia.net/