História
A
Escola Dominical surgiu na Inglaterra,
com o propósito de evangelizar crianças que ficavam sem atividade durante os
serviços de domingo. Atualmente, esta atividade envolve os membros da
congregação, em todas as faixas etárias e acontece em horário diverso ao
serviço religioso. No Brasil, a maioria das comunidades adota a Escola
Dominical matinal e os serviços religiosos vespertinos.
A Igreja Católica Romana e as Igrejas
Ortodoxas Orientais comumente
mantém escolas paroquiais,
e parte da educação ali oferecida é, naturalmente, de cunho religioso. Muitos
grupos protestantes,
em contraste com isso, tradicionalmente têm dependido do sistema de escolas
públicas no que concerne à educação secular. Assim, foi apenas natural que,
como meio de ensinar a Bíblia às crianças, a
Escola Dominical tenha sido uma criação protestante. Ademais, tem sido sempre
típico da ênfase protestante salientar os estudos bíblicos, o cerne mesmo da
Escola Dominical.
Porém,
como uma espécie de escola dominical sem, contudo, receber este nome um Arcebispo Católic o Romano
de Milão, Itália,
criou um movimento semelhante ao Movimento de Escola Dominical. Carlos
Borromeo, segundo filho de uma família muito rica, filho do Conde Gilberto Borromeo e Margarita de Médicis,
nascido no Castelo de Arona,
Itália, em 2 de Outubro de 1538, considerando a morte de seu irmão, que caiu do
cavalo em que cavalgava, como um aviso enviado pelo céu, para estar preparado,
pois, no dia em que ele menos pensasse, Deus, por meio da morte, viria
acertar-lhe as contas, renunciou às suas riquezas e foi ordenado sacerdote.
Aos doze anos recebeu atonsura sacerdotal
e seu tio, Júlio César Borromeo, o Cardeal de Médicis, lhe
cedeu a abadia beneditina de São Graciano e São Felino, em Arona. Depois de
estudar latim em Milão, o jovem Carlos ingressou na Universidade de Pavia, estudando
sob a direção de Francisco Alciati, que
mais tarde foi promovido ao Cardinalato.
Carlos tinha muita dificuldade com a retórica e sua
inteligência não era deslumbrante, sendo considerado lento, embora fizesse
progressos em seus estudos. Aos 22 anos, quando seus pais já eram falecidos,
alcançou o título de Doutor e, em seguida,
retornou a Milão, onde recebeu a notícia de que seu tio, o Cardeal de Médicis
fora eleito Papa em um conclave,
em 1559, por ocasião da morte do Papa Paulo
IV. No início de 1560, o novo Papa ordenou seu sobrinho a diácono,
e, em 8 de fevereiro, o nomeou administrador da sede vacante de Milão. O
princípio do nepotismo beneficiou
Carlos, que foi nomeado, sucessivamente, Legado de Bolonha e da Marca de Ancona,
Protetor de Portugal,
dos Países
Baixos, dos Cantões Católicos Suíços,
das Ordens Monásticas dos Franciscanos, Carmelitas,
dos Cavaleiros de Malta e muitas outras,
antes de completar 23 anos. A influência de Carlos aumentou tanto que se tornou
decisivo no reinício das sessões do Concílio de Trento, intenção de seu tio, o Papa Pio
IV, suspenso em 1552. Seus esforços foram um sucesso, e o Concílio
voltou a reunir-se em janeiro de 1562, tornando-se o diretor intelectual e o
espírito reitor da terceira e última sessão do Concílio de Trento. Foi ordenado
presbítero (padre) em 1563 e, dois
meses tarde, recebeu a consagração episcopal. Foi confiado a
ele a supervisão da publicação do Catecismo de Trento e a reforma dos
livros litúrgicos e da música sagrada.
Em
abril de 1566, Carlos chegou a Milão para trabalhar na reforma de sua Arquidiocese,
organizando sua própria casa. Estabelecido em Milão, Carlos vendeu objetos
preciosos da Arquidiocese, avaliados em 30.000 coroas, soma que foi usada para
socorrer famílias necessitadas. Sua diocese sustentava pobres com duzentos
coroas mensais. A generosidade de Carlos foi tamanha para com o Colégio Inglês
de Douai, na época,
pertencente à Inglaterra, que o Cardeal Allen, considerou o
Arcebispo de Milão como seu fundador.
Na
Arquidiocese de Milão pouco se conhecia acerca da religião, e as práticas
religiosas configuravam superstição, além de haver abusos morais. Carlos,
então, ordenou aos clérigos sob sua liderança que atendessem a instrução cristã
das crianças, ensinando publicamente o catecismo todos os domingos e feriados,
estabelecendo a Companhia da Doutrina Cristã, que chegou a contar com 740
escolas, 3000 catequistas e 40000 alunos, dois séculos antes de Robert
Raikes criar
a Escola Dominical.
Robert
Raikes e a Primeira Escola Dominical no Mundo
A
Escola Dominical, como criação de cristãos evangélicos, tem sido reclamada a
sua criação para diversas pessoas, muitas delas metodistas,
devido a própria visão social que o Grande Despertamento fazia revelar-se
nos líderes avivalistas.
John
Wesley iniciou
estudos bíblicos dominicais em Savannah, Geórgia, em 1737. Entre 1763 e
1769, Hannah Ball Moore, uma senhora metodista começou estudos bíblicos
dominicais em sua própria casa e, a partir de 1769, nas dependências da Igreja
(Anglicana)
High Wycombe. Na década de 1770, o Ministro Unitariano Theophilus Lindsey
proveu lições bíblicas dominicais em sua igreja, a Capela da Rua Essex, em Londres.
O Rev. J. M. Moffatt,, Ministro Independente de Nailsworth, passou a lecionar
estudos bíblicos dominicais já em 1774. Em Ephata, Pennsylvania,
em Washington,
no Estado de Connecticut,
no início de 1780 já se usavam o Catecismo de Westminster e a Bíblia em estudos
bíblicos dominicais das igrejas presbiterianas. Howard J. Harris
declarou que, em 1780, estudos bíblicos dominicais eram feitos em cidades de
Gloucester e em vilas daInglaterra, como Painswick e Dursley. E um
ministro metodista de Charleston, Carolina
do Sul, em 1787, chamado George Daughaday, administrou estudos
bíblicos dominicais a crianças negras americanas. Mas o Movimento de Escola
Dominical, propriamente dito, teve como criador Robert
Raikes.
Robert
Raikes (14 de Setembro de 1735-5 de Abril de 1811), filho de Robert e
Mary Raikes, foi quem originou o Movimento de Escola Dominical. Anglicano,
Raikes foi batizado na infância na Igreja (Anglicana) de Santa Maria da Cripta
e educado na Escola da Cripta, ambos na Rua Southgate, em Gloucester, e, mais
tarde, na Escola dos Reis. Tornou-se aprendiz de Jornalismo com seu pai,
dono do Diário de Gloucester. Quando seu pai faleceu, em 1757, Raikes assumiu a
editoria do jornal, aumentando o tamanho do jornal e melhorando o layout.
Raikes
se interessava pela reforma prisional inglesa, por causas das condições
terríveis a que os presos eram submetidos. Certo dia, procurando um jardineiro
na Rua Saint Catherine, no bairro de Sooty Alley, ele encontrou um grupo de
crianças maltrapilhas brincando na rua. A esposa do jardineiro disse, então,
que aos domingos a situação era pior, pois as crianças que trabalhavam nas
fábricas, de segunda a sábado, durante horas muito longas, ficavam desocupadas
nesse dia, quase abandonadas, passando o tempo brincando, brigando e aprendendo
toda espécie de vícios. Elas extravasavam toda sorte de violência nesse dia.
Essas crianças, constatou Raikes, estavam a um passo do mundo do crime e ele
chegou a ver o destino de muitas delas, ao visitar as prisões de Gloucester.
Raikes
resolveu estabelecer uma escola gratuita para
esses meninos de rua. Então, Raikes contratou uma equipe de quatro mulheres no
bairro para lecionar, recebendo um xelim e seis pence, cada uma. Com a ajuda do
Rev. Thomas Stock, Ministro Anglicano, Raikes pôde logo associar cem crianças,
de seis aos doze ou quatorze anos, nestas escolas dominicais. A primeira foi
instalada na Rua Saint Catherine. Seu objetivo principal não era ensinar a
Bíblia, mas alfabetizar os
alunos e ministrar aulas de religião com o propósito
de reformar a sociedade. O objetivo último era modificar-lhes o caráter usando
os ensinamentos bíblicos.
Assim,
a Escola Dominical nasceu como um instituto bíblico infantil, operando de forma
independente das igrejas, alfabetizando e ensinando Bíblia às crianças
carentes. Algumas crianças, a princípio, relutaram em vir para as escolas
porque as suas roupas estavam tão rotas, mas Raikes providenciou tudo de que
eles precisavam, inclusive banho e cabelos penteados.
As
aulas começavam às 10 horas da manhã e iam até as duas da tarde, com lições de
matemática, história e inglês, com um intervalo de uma hora para o almoço. Eles
eram levados então à igreja para serem instruídos no catecismo até as 17:30 h.
Recebiam pequenas recompensas, como livros, canetas, jogos, aqueles que
tivessem dominado a lição ou aqueles cujo comportamento tivessem mostrado uma
melhoria notável. Entrementes, recebiam castigo corporal aqueles de mau
comportamento, como era do costumepedagógico da época.
Depois
de um período experimental, Raikes divulgou suas ideia e os resultados em seu
jornal, no dia 3 de Novembro de 1783, data em que se comemora, na Grã-Bretanha,
o dia da Fundação da Escola Dominical. Esta experiência foi transcrita em
outros jornais. Líderes religiosos tomaram conhecimento do movimento que se
espalhava.
Em
1784, eram 250 mil alunos matriculados. A taxa de criminalidade de Gloucester
caiu, com o advento das escolas dominicais de Raikes, de forma que em 1792 não
houve um só caso julgado pela comarca de Gloucester.
O
trabalho de Raikes foi saudado com entusiasmo, e em breve, escolas dominicais
já estavam sendo criadas em todo o Reino
Unido e
exportadas para os Estados
Unidos. Seu trabalho foi muito assessorado pelo comerciante William
Fox (1736-1826), diácono da Igreja Batista da Rua Prescott,
em Londres. Impressionado pelas escolas dominicais fundadas por Raikes que eram
responsáveis pela redução do índice de criminalidade de Gloucester, Fox chamou
Raikes para formar uma associação para promoção e criação de escolas
dominicais. Foi criado, então em 1785, a Sunday School Society of Great Britain
(Sociedade da Escola Dominical da Grã-Bretanha), com o apoio dos bisposanglicanos de Chester e Salisbury. Essa sociedade foi
ajudada por muitos filantropos, podendo abrir cerca de trezentas escolas
dominicais, suprindo-as com livros, material didático e professores. Esta
sociedade publicou, na gráfica de Raikes, o Sunday School Companion, livro com
versículos bíblicos para leitura. Em 1787, segundo depoimento de Samuel Glasse,
200 mil crianças eram alunas da Escola Dominical em toda a Inglaterra.
Houve,
no entanto, uma forte oposição ao movimento de Raikes, que era considerado por
alguns líderes religiosos como um movimento diabólico, porque era à parte das
Igrejas e era dirigido por leigos, isto é, pessoas que não tinham formação
religosa. O Arcebispo de Canterbury reuniu os bispos
para considerar o que deveria ser feito para exterminar o movimento. Chegou-se
a pedir que o Parlamento, em 1800, aprovasse um decreto para proibir o
funcionamento de escolas dominicais. Achavam que este movimento levaria à
desunião da Igreja e que profanava “o dia do Senhor”. Tal decreto nunca foi
aprovado.
Em
1802, Raikes se aposentou, e, em 1811, após um ataque de coração, veio a
falecer. Seus alunos vieram ao funeral, na Igreja (Anglicana) de Santa Maria do
Filão e receberam da Sra. Raikes um xelim e uma fatia de um grande bolo de
ameixa cada um. Quando Raikes faleceu, quatrocentos mil alunos estavam
matriculados nas diversas escolas dominicais britânicas. Nesse ano ocorreu a
divisão em classes, possibilitando alfabetização de adultos.
John
Wesley e o Movimento da Escola Dominical
John
Wesley (1703-1791)
também foi uma grande força por detrás da propagação do Movimento de Escola
Dominical. Ele chegou a dizer que “encontro estas escolas aonde quer que eu
vá”. Essa declaração foi publicada no Diário de Gloucester em julho de 1784. A Igreja
Metodista da Inglaterra,
fundada após sua morte, deve muito de seu fenomenal crescimento às Escolas
Dominicais das Sociedades Metodistas da Igreja da Inglaterra, estabelecidas por
Wesley, entre outros, na Inglaterra e nos Estados
Unidos.
A
Primeira Escola Dominical na América
Nos Estados
Unidos, a primeira Escola Dominical reconhecida foi a escola bíblica
fundada por William Elliot em 1802. Ela funcionava em sua fazenda aos domingos
à tarde. Mais tarde, foi transferida para a Igreja (Anglicana) de Oak Grave, no
condado de Accomac, Virgínia.
No
começo do século XIX, foram fundadas muitas escolas dominicais nos mais
diversos lugares dos Estados Unidos e o crescimento delas foi nada menos que
fenomenal. Várias uniões formais de Escolas Dominicais foram organizadas, para
ensino tanto de crianças quanto de adultos. Não demorou para que as Igrejas Evangélicas entendessem que
era necessário ensinar a Bíblia a seus membros, em regime semanal, o que
poderia ser feito, através da Escola Dominical. Em 1824, a União Americana de
Escolas Dominicais contava com escolas em dezessete dos trinta e quatro estados
americanos então existentes. Mesmo assim, a Escola Dominical continuava nas
mãos de leigos em sua maioria, embora já contassem com profissionais do
magistério então.
A
Escola Dominical no Brasil]
Iniciou-se
no Brasil em 19 de agosto de 1855, na cidade de Petrópolis - RJ, com o
missionário Robert Kalley e sua esposa Dona. Sarah Poulton Kalley.
Currículo
O
programa de disciplinas das ED é geralmente determinado pelo departamento de
educação e pode envolver estudo sistemático de livros bíblicos, bem como
fundamentos doutrinários ou temas relacionados com grupos específicos, como
classes para casais, para adolescentes, para novos adeptos ou para catecúmenos;
sempre baseados em fundamentos bíblicos.
Evolução
no Currículo e nos Métodos
No
começo do movimento, ensinava-se às crianças a ler e a escrever,
e então a Bíblia lhes era
ensinada com proveito. Essa função foi sendo abandonada, à medida que as
escolas públicas se foram ocupando da alfabetização. Assim, a Bíblia tornou-se,
virtualmente, o único material exposto na Escola Dominical, contando o dinheiro
recolhido e quantos alunos frequentam, divididos por classes, a Escola
Dominical. Entrementes, a educação religiosa tem assumido um escopo mais amplo,
e escolas regulares têm-se tornado uma das funções de muitas igrejas. Isso tem
feito a Escola Dominical tornar-se mais especializada. Várias denominações têm
uma literatura especial (revistas), bem como alguma forma de apresentação
sistemática de estudos bíblicos.
Em
algumas escolas também são debatidos temas seculares sob a ótica doutrinária de
cada denominação.
Antigas revistas de escola dominical utilizadas
pela Assembléia de Deus
Os
métodos didáticos utilizados são os comuns a outras práticas educativas: de
acordo com a faixa etária da classe são utilizados elementos como vídeo,
esquetes, marionetes, música, além das tradicionais brochuras com treze lições
que giram em torno de um tema central e que são utilizadas em praticamente
todas as escolas dominicais, sendo geralmente produzidas por uma editora
vinculada à própria denominação.
Objetivos
da Escola Dominical
Santificação - Ensinar os
fiéis a viverem de acordo com os princípios bíblicos defendidos pela
denominação.
Serviço - Preparar e
incentivar os membros a servir ao Senhor de diferentes formas: evangelizando,
apoiando os enfermos e necessitados enfim trabalhar na obra tendo amor por ela
e assim alcançar almas para o reino.
Organização
A
distribuição de departamentos e classes geralmente se faz em função da idade e
do gênero dos alunos. Na maioria das igrejas protestantes há pelo menos 3
turmas infantis (por exemplo: uma turma de 1 a 3 anos, outra de 4 a 7 anos e
mais uma de 8 a 11 anos) somadas a uma turma de adolescentes (para alunos entre
12 e 18 anos), uma turma de jovens (que geralmente aceita fiéis até 30 ou 35
anos e em geral não recebe casados). Os casados e adultos maiores de 30 anos
geralmente são divididos em duas turmas, de acordo com o gênero, mas também há
igrejas que reúnem homem e mulheres casados em uma só turma.[1]
Os
professores das escolas dominicais são geralmente membros leigos e com larga
experiência religiosa.
Fontes de Estudos e Pesquisa:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_Dominical