Detalhe de afresco de 1509: Escola de Atenas
A filosofia nasce com uma
pergunta. O primeiro momento do raciocínio é a interrogação. É o estudo dos
seres e da natureza. Filosofar é questionar, é pensar, é refletir.
A obra escrita por Platão é composta de treze cartas, a Apologia, o Menexeno e um longo trecho expositivo no Timeu, e seus vinte e três diálogos. As cartas deviam ser lidas em público para um grupo de amigos. O estilo presente nos diálogos revela toda dramaticidade própria de uma rica e incomparável literatura, além de conter toda a profundidade de seu pensamento filosófico. A escolha do diálogo para expressar suas ideias filosóficas se explica por três razões: (i) preserva a forma socrática de fazer filosofia, pois no diálogo o pensamento filosófico vai se constituindo no decorrer da discussão, cada qual expondo livremente suas opiniões e percorrendo por si mesmo o caminho do conhecimento; (ii) é a maneira mais adequada para que as ideias sejam elaboradas conforme o método dialético, que parte de opiniões reputadas como verdadeiras, procurando encontrar nelas contradições, depurando-as desse modo; e, por fim, (iii) é propriamente uma criação literária de cunho dramático, que preserva algumas características da tragédia grega, tais quais as caracterizações do local onde se desenvolve a ação, dos participantes do diálogo, da ação (seu desenvolvimento, conflitos e desenlace). Os diálogos são divididos em três períodos: (i) de juventude, aqueles que ainda sofrem forte influência do pensamento Socrático; (ii) da maturidade, aqueles que não são aporéticos como os da primeira fase; e (iii) os da velhice, aqueles que possuem um estilo mais discursivo do que dialogal. De acordo com essa ordem de períodos, vejamos como os diálogos estão distribuídos:
(i) Os diálogos de juventude:
Apologia: defesa de Sócrates e refutações das acusações que lhe foram feitas pelo tribunal ateniense. Críton: sobre a virtude e elogio da moral socrática; a filosofia como missão. Cármides: sobre a prudência ou a sabedoria. Crátilo: sobre a linguagem e contra o verbalismo. Eutidemo: contra a erística, isto é, o discurso estéril e sem busca da verdade. Eutifron: sobre a piedade. Górgias: sobre a Retórica como discurso mentiroso, de adulação e enganador. Hípias menor: sobre a beleza; retrato crítico do sofista como aquele que ilude. Hípias maior: sobre a beleza. Laquês: sobre a coragem. Ion: sobre a Ilíada ou os rapsodos. Lisis: sobre a amizade.
Menexeno: sátira contra a Retórica. Mênon: sobre a virtude e o saber (trata da reminiscência). Protágoras: sobre o ensino da virtude.
(ii) Os diálogos da maturidade:
Fédon: sobre a imortalidade da alma. Fedro: sobre a linguagem e a Retórica. República: sobre a justiça e a cidade ideal. Parmênides: sobre o ser. Banquete: sobre o amor. Teeteto: sobre as ciências e as artes.
(iii) Os diálogos da velhice:
Crítias (inacabado): o Estado agrário como ideal em contraste com o imperialismo comercial. Leis: o ideal político conforme a prática legislativa. Filebo: sobre os fundamentos da ética. Político: sobre o político. Sofista: sobre o sofista. Timeu (inacabado): sobre a cosmologia.
PLATÃO. Diálogos. Tradução e notas de José Calvancante de Souza. São Paulo: Nova Cultural ,1991.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário desempenha um papel fundamental na melhoria contínua e na manutenção deste blog. Que Deus abençoe abundantemente você!