Aquele que foi manifestado na carne foi justificado em espírito, contemplado por
anjos, pregado entre os gentios, crido no mundo, recebido na glória. (1Ti 3:16
ARA)
As
Escrituras não deixam dúvidas de que Cristo é divino. Mesmo no Velho Testamento
existem evidências de um Messias divino: Sl.2.6-12, 45.6-7, 110.2; Is.9.6;
Jr.23.6; Dn.7.13; Mq.5.2; Zc.13.7; Ml.3.1. O Novo Testamento é muito
mais enfático e claro nesse sentido. Os escritos joaninos expõem esse fato
incansavelmente: Jo.1.1-3, 14,18; 2.2,25; 3.16-18, 35, 36; 4.14,15; 5.18,
2-22,25-27; 11.41-44; 20.28; 1Jo.1.3, 2.23; 4.14, 15; 5.5, 10-13, 20. Para
Paulo a questão tem resposta clara, e por isso muitas evidências são declaradas
em seus escritos: Rm.1.7; 9.5; 1Co.1.1-3; 2.8; 2Co.5.10; Gl.2.20; 4.4; Fp.2.6;
Cl.2.9; 1Tm.3.16. O autor de Hebreus, além de ter por propósito demonstrar a
supremacia de Cristo, evidencia esse fato: Hb.1.1-3, 4.14; 5.8 entre outros. Os
evangelhos sinóticos são versados sobre essa idéia: Mt.5.17; 9.6; 11.1-6, 27;
14.33; 16.16, 17; 25.31-46; 28.18; Mc.8.38; 13.35-37; Lc.10.22 entre muitas
outras.
Não existem
duvidas de que Cristo é humano, e verdadeiramente humano, em diferença clara
entre os conceitos do gnosticismo (realidade da humanidade), Docetismo
(integralidade da humanidade) e Apolinarismo (integralidade da humanidade).
Atualmente, o debate sobre Cristo envolve muito mais sua divindade que sua
humanidade. Seitas, por todos os lados, crescem anunciando a humanidade de
Cristo, ou apenas sua humanidade (Legião da Boa Vontade,
Espíritas,Testemunhas de Jeová, Muçulmanos, entre outros). E, neste ponto o
Novo Testamento é claro: Jo.8.40; At.2.22; Rm.5.15; 1Co.15.21; Jo.1.14;
1Tm.3.16; 1Jo.4.2; Mt.26.26,28, 38; Lc.23.46; 24.39; Jo.11.33; Hb.2.14;
Lc.2.40, 52; Hb.2.10, 18; 5.8; Mt.4.2; 8.24; 9.24; 9.36; Mc.3.5; Lc.22.44;
Jo.4.6; 11.35; 12.27; 19.28, 30; Hb.5.7.
Segue-se
que é impossível negar que Cristo é integralmente homem e plenamente Deus diante
da evidência apresentada nas escrituras. A esse fato a Teologia
Reformadadenomina “União Hipostática”. União Hipostática é a expressão que
descreve a existência de duas naturezas distintas, juntas e sem mistura, humana
e divina, na pessoa única de Jesus Cristo, de forma que sua humanidade não
diminuiu sua divindade, bem como sua divindade não detratou sua humanidade. De
modo claro e sucinto, Rm.9.5 afirma: “e também deles [os judeus] descende
o Cristo segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito para todo o sempre”.
Sobre essas
questões a sã teologia contemporânea não apresenta dificuldades. Entretanto, os
fatos evidenciados testemunham outro questionamento: “Qual é a razão para que
os autores bíblicos defendessem a humanidade de Cristo?” ou “Por que era
necessário que Cristo fosse homem?”.
1. A teoria de Anselmo de
Cantuária1(Cur
Deus Homo)
Anselmo de
Cantuária desenvolveu uma teoria muito conhecida sobre a necessidade da
humanidade de Cristo, de modo que tratou logicamente do assunto sem faltar com
as escrituras no processo. Seu método foi muito interessante, pois além de
defender a necessidade da humanidade de Cristo, defendeu sua divindade. Ou
seja, a pessoa teantrópica de Cristo, tal como compreendida pelas escrituras
foi plenamente defendida de modo lógico. Observe o que ele diz:
Temos que
investigar agora como Deus pode ser homem. As naturezas divina e humana não
podem alternar-se mutuamente, de sorte que a divina torne-se humana ou a humana
divina; nem elas podem ser tão misturadas como se uma terceira devesse se
produzir das suas que não seria nem totalmente divina nem totalmente humana.
Pois, se fosse possível que uma delas se transformasse ou se convertesse na
outra, ou resultaria somente Deus e não homem, ou somente o homem e não Deus; e
se da mistura e corrupção das duas resultasse uma terceira, do mesmo modo que
de dois indivíduos animais de espécies diversas, macho e fêmea, nasce um
terceiro que não reproduz integralmente nem a natureza do pai nem a da mãe, mas
uma terceira, mistura de ambas, então nem seria Deus nem homem.
Não pode,
pois, o Deus-homem que buscamos ser o resultado da natureza divina e humana
pela conversão de uma na outra ou pelo nascimento de uma terceira como
resultante da decomposição de ambas, pois esta decomposição não cabe nelas, e,
ainda que fosse possível, não diria respeito ao caso que aqui nos interessa.
Também temos de descartar qualquer outra união destas duas naturezas em que
permaneçam íntegras, de sorte que o homem seja um ser distinto de Deus, e Deus
distinto do homem, pois neste caso é impossível que estas realizem o que se
necessita, pois Deus não o fará, pois Ele não está obrigado, e o homem
tampouco, pois este não poderá; e para que isto o torne Deus-homem, é
necessário que aquele que tem de cumprir esta satisfação seja perfeito Deus e
perfeito homem, pois não poderá cumpri-la se não for verdadeiro Deus, e nem
estará obrigado a ela, se não for verdadeiro homem.
E como é
necessário que exista um Deus-homem com as duas naturezas bem distintas, também
o é que estas duas naturezas bem distintas e perfeitas se reúnam em uma só
pessoa, como o corpo e a alma racional se reúnem em um só homem, pois do
contrário não pode ser perfeitamente Deus e perfeitamente homem2.
Abaixo, a
teoria de Anselmo é apresentada de modo resumido, observe:
1. Se os
homens sempre dessem a Deus o que lhe é devido, nunca pecariam, pois pecar nada
mais é do que não conceder a Deus o que lhe é devido;
2. Se pecar
é não dar a Deus o que lhe é devido, estamos desonrando a Deus, e tiramos-lhe o
que lhe é devido. Segue-se que, enquanto não for restituído, a culpa permanece;
3. Se,
porventura, resolvemos conceder tudo o que é devido a Deus, não estamos fazendo
mais do que a nossa obrigação, e assim, não cancelamos a dívida lançada
anteriormente;
4. Ou seja,
a dívida que o homem tem diante de Deus é impagável por sua condição;
Nós,
normalmente, não temos ideia da gravidade do pecado diante de Deus, pois temos
convicção que a culpa dos nossos atos já foi removida. Entretanto, note o grau
da gravidade da dívida do homem diante de Deus:
1. O grau
da gravidade da ofensa depende do nível de dignidade do ofendido;
2. O Pecado
é uma ofensa direta a infinitude da dignidade de Deus;
3. Logo, a
culpa do homem é infinita, e para supri-la exige uma satisfação infinita;
4. Se isto
é verdade, o homem nunca poderá supri-la, pois é finito;
5. Assim,
apenas Deus pode sanar essa dívida. Mas a culpa não é de Deus, mas do homem.
Logo, Deus não deve pagá-la.
6. Ou seja,
o homem deveria pagar, mas não pode. Deus poderia, mas não deve.
Segue-se
que é necessário um Homem-Deus, pois como homem deve, e como Deus pode. Por que
“o que não é assumido não é redimido3”.
2. O testemunho das Escrituras
O
testemunho lógico lançado acima é bem demonstrado pela literatura bíblica.
Pois, “desde que o homem pecou, era necessário que o homem sofresse a
penalidade. Além, disso, o pagamento envolvia sofrimento de corpo e alma,
sofrimento incabível ao homem, Jo.12.27; At.3.18; Hb.2.14, 9.22“ (Berkhof).
Assim, era necessário que Cristo assumisse a natureza humana, e como
representante capital da raça, pagasse a dívida perante Deus, do gênero humano.
O fato de
que Cristo assumiu a raça humana, não significa que Ele possuía pecado, ou
natureza pecaminosa, pois o pecado não é inerente a natureza humana, é um
acréscimo depreciador da realidade original desta natureza. Por isso, não se
deve acoplar pecado com humanidade, nem Cristo com pecado, pois o pecado é
acessório (não fundamental, não essencial) à natureza humana (Hb.2.14-18).
Assim,
Cristo, isento de pecado, se fez pecado por nós para que pudéssemos ser feitos
justiça de Deus (2Co.5.21). E, era necessário que não conhecesse o pecado, pois
se possuísse pecado, estaria destituído de sua vida, o que consequentemente o
privaria da possibilidade de prover redenção a si mesmo (Hb.7.26). Assim,
“unicamente um Mediador verdadeiramente humano, que tivesse conhecimento
experimental das misérias da humanidade e se mantivesse acima de todas as
tentações, poderia identificar-se com todas as experiências, provações e
tentações do homem, Hb.2.17, 18, 4.15-5.2, e ser um perfeito exemplo humano
para Seus seguidores, Mt.11.29; Mc.10.39; Jo.13.13-15; Fp.2.5-8; Hb.12.2-4;
1Pe.2.21” (Berkhof).
Material
retirado do site: http://www.monergismo.com
» Os
cristãos primitivos chamavam Jesus de "um deus"? - Hilário e Irineu
» Os
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Clemente
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Fonte de Estudos e Pesquisa: http://www.e-cristianismo.com.br/pt/cristologia/276
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