10 - Bem-aventurados os que são perseguidos pôr
causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus.
PERSEGUIDOS - O mundo ama o pecado e aborrece a
justiça, e foi essa a causa de sua hostilidade para com Jesus. Todos quantos
recusam Seu infinito amor, acharão o cristianismo um elemento perturbador. A
luz de Cristo espanca as trevas que lhes cobrem os pecados, patenteando-se a
necessidade de reforma. Ao passo que os que se submetem à influência do
Espírito Santo começam lutar consigo mesmos, os que se apegam ao pecado
combatem contra a verdade e seus representantes[1].
Aqui Cristo se refere em primeiro lugar à
perseguição sofrida no processo de abandonar o mundo e voltar-se a Deus. Desde
a entrada do pecado, existiu inimizade entre Cristo e
Satanás, entre o reino dos céus e o reino deste mundo, e entre os que servem a
Deus e os que servem a Satanás Gênesis 3: 15; Apocalipse 12: 7
a 17. Este conflito tem de continuar até que os reinos
do mundo venham a ser de nosso Senhor e de seu Cristo Apocalipse
11: 15; Daniel. 2: 44; 7: 27. Paulo advertiu os crentes que através
de muitas tribulações teriam de entrar no reino de Deus
Atos 14: 22. Os cidadãos do reino celestial podem esperar tribulações
neste mundo João 16: 33, porque seu caráter, seus ideais,
suas aspirações e sua conduta dão um depoimento unânime e silencioso contra a
impiedade deste mundo I João 3: 12. Os inimigos do reino
celestial perseguiram a Cristo, o Rei, e se espera que persigam a seus súditos
leais João 15: 20. E também todos os que querem viver
piedosamente em Cristo Jesus padecerão perseguição. II Timóteo 3: 12[2].
DELES É O REINO DOS CÉUS - No verso 3 se
faz a mesma promessa aos que sentem sua necessidade espiritual. Se
sofremos, também reinaremos com ele. II Timóteo 2: 12; Daniel 7: 18 e 27.
Quem mais sofre por Cristo são os que melhor podem apreciar quanto sofreu ele
por eles. É apropriado que na primeira bem-aventurança e na última esteja a
segurança de que essas pessoas serão súditos do reino. Os que cumprem com
as oito condições aqui enumeradas para ser cidadãos, são dignos de um lugar no
reino[3].
A BEM-AVENTURANÇA DE SOFRER POR CRISTO
Uma das qualidades importantes de Jesus era sua
honra e transparência. Nunca deixou dúvida alguma a alguém que pretendesse
segui-lo. Estava seguro que não viera para conceder uma vida fácil, mas fazer
pessoas grandes.
Nos custa alcançar o que sofreram os cristãos
primitivos. Todos sofreram intensamente.
1. Ser cristão afetaria seu trabalho. Suponhamos
que um cristão primitivo era pedreiro. Parece ser uma função inofensiva.
Suponhamos que sua empresa tenha um contrato para construir um templo de um dos
deuses pagãos. Que faria este homem? Suponhamos que o cristão fosse um
alfaiate, e que fosse encarregado de tecer vestimentas para os sacerdotes
pagãos. Que faria este homem? Nesta situação em que os primeiros cristãos se
encontravam, existiam poucos trabalhos em que não houvesse conflito entre os
interesses comerciais e sua lealdade a Jesus Cristo.
A igreja colocaria em dúvida a obrigação da
pessoa.Mais de cem anos depois disto, um homem foi a Tertuliano com o mesmo
problema. Falou de suas dificuldades comerciais. Acabou dizendo: que posso
fazer? Tenho que viver! Está seguro? Disse Tertuliano. Se tivesse que escolher
entre a lealdade e a vida, um verdadeiro cristão não colocaria em dúvida
escolher a lealdade.
2. Seu cristianismo quedaria sem dúvida para a
vida social. No mundo antigo, a maior parte das festas eram celebradas no
templo de algum deus. Eram raros os sacrifícios que se queimavam completamente
o animal no altar. Muitas vezes eram queimadas pequenas partes do animal como
um sacrifício simbólico. Os sacerdotes recebiam como oferendas de seu ofício parte
da carne, e outra parte devolviam ao adorador. Com sua parte fazia uma festa
para seus parentes e amigos. Um dos deuses mais populares era Serapis. Quando a
festa era celebrada em seu Templo, os convites diziam assim: Convido-te
a cear comigo, na mesa de nosso senhor Serapis.
Poderia um cristão participar de uma oferta
oferecida em um templo pagão? Até as comidas corriqueiras eram oferecidas como
libação, e um copo de vinho era derramado em honra aos deuses. Era como o nosso
dar graças pelo alimento. Poderia um cristão participar de um gesto pagão como
este? Novamente vemos que a resposta cristã era clara. Um cristão tinha que
se afastar de seus amigos antes de prestar sua aprovação a tais
coisas com sua presença. Tinha que estar disposto a ser um cristão fiel.
3. O pior de tudo: Ser cristão poderia trazer
terríveis problemas para sua família. Sucedia que muitas vezes o membro da
família era cristão e os demais não. Uma mulher poderia ser cristã e seu marido
não. O mesmo poderia ser com um filho ou filha. Imediatamente surgia uma
divisão na família. Muitas vezes as portas da casa eram fechadas para sempre
para os que se tornavam cristãos.
O cristianismo não trazia muitas vezes paz mas
espada que dividia as famílias. Era literalmente certo que uma pessoa tinha que
amar a Cristo mais que seu pai, mãe, esposa, irmão ou irmã. O cristianismo era
escolhido por pessoas que tornavam Jesus o mais querido em suas
vidas.
Os castigos sofridos pelos cristãos eram
terríveis além de toda descrição. A história nos relata de cristãos que foram
jogados na arena e devorados por leões, queimados em patíbulos; porém estas
eram mortes consideradas piedosas. Nero envolvia os cristãos com betume e
colocava fogo para usar como tochas vivas em seus jardins. Cobria-lhes com
peles de animais selvagens os lançava para feras famintas para serem
despedaçadas, eram torturados por cavalos, arrancavam a pele com garfos,
lançavam no chumbo fervido derretido, fixavam placas de bronze fervendo nas
partes mais sensíveis do corpo, arrancavam os olhos, cortavam partes de seu
corpo e assavam ante seus olhos, queimavam suas mãos e colocavam água fria para
intensificar o sofrimento. Não é agradável pensar nestas coisas, mas eles
sofriam em nome de Cristo. Poderíamos perguntar o porque dos
romanos perseguirem os cristãos. Parece algo extraordinário que uma pessoa que
viveu uma vida cristã se considerasse uma vítima apropriada para ser perseguida
até a morte.
Havia algumas razões:
1. Se haviam disseminado algumas calúnias
contra os cristãos.
1.1 Acusava-se os cristãos de canibalismo. As palavras da
Última Ceia: Este é meu corpo; Este corpo é o novo concerto é meu
sangue. Havia calúnias em que os cristãos sacrificavam crianças
para comê-las.
1.2Acusava-se os cristãos de práticas imorais, e se dizia que
participavam de orgias indecentes. A reunião semanal dos cristãos se chamava
Ágape, a Festa do amor, e esse nome se interpretava maliciosamente. Os cristãos
se saudavam com o beijo da paz, e isto foi usado para construir acusações
caluniosas.
1.3Os cristãos eram acusados de ser incendiários. É verdade que
falavam que o fim do mundo estava próximo, e revestiam sua mensagem com quadros
apocalípticos do mundo em chamas. Seus caluniadores tomavam estas palavras e as
interpretavam como ameaças de terrorismo político e revolucionário.
1.4Os cristãos eram acusados de desfazerem laços familiares. De
fato, por causa do cristianismo foram ocasionadas divisões em famílias. Causava
divisões entre marido e mulher e desarticulava o lar. Haviam calúnias
inventadas por gente má.
2. Porém o maior campo de perseguição era de
fato, o político. Pensemos na situação. O império romano abarcava quase todo o
mundo conhecido, desde as ilhas britânicas até o Eufrates, desde a Alemanha até
o Norte da África. Como podia manter todos estes povos unidos? Que princípio
unificador poderia encontrar Em um princípio se encontrou o culto a deusa de
Roma, o espírito de Roma. Este era o culto que os povos das províncias davam de
boa vontade, porque lhes havia trazido paz e um bom governo, ordem e justiça.
Limparam suas rodovias de bandidos, os piratas dos mares, os déspotas e tiranos
foram despojados da imparcial justiça romana. As pessoas das províncias estavam
dispostas a oferecer sacrifícios ao espírito do império que havia feito tanto
por ela.
Porém
o culto de Roma foi transferido para outro objeto. Havia um homem que era a
personificação do império romano, em que se podia dizer que Roma se encarnava,
e esse homem era o imperador, e assim não demorou para que fosse considerado um
deus, e se iniciaram as honras divinas e a se levantar templos a sua divindade.
Não partiu de Roma o início deste culto, de fato, fez todo possível para
desanimá-lo. O imperador Cláudio, dizia que lamentava que lhe dessem
honras divinas a qualquer ser humano.
Porém,
com o passar dos anos, o governo romano viu no culto ao imperador a única
prática que podia unificar o vasto império romano, assim haveria um centro em
que poderia reunir todos seus habitantes. Assim é que acabou não só em aceitar
mas impor o culto ao imperador. Uma vez ao ano, todas as pessoas tinham que
presentear e queimar incenso a divindade de Cesar e dizer: Cesar é
senhor. E isto os cristãos se negavam a fazer. Para eles Jesus Cristo era o
único Senhor, e não dariam a nenhum ser humano num título que pertencia
exclusivamente a Cristo.
Está
claro que o culto a Cesar era uma forma de lealdade política mais que nenhuma
outra coisa. De fato, quando um homem havia queimado uma pira de incenso e
repetido a fórmula recebia um certificado, um libellus de que
havia feito, e logo poderia oferecer um culto a qualquer outro deus, sempre que
não fosse contra a decência e a ordem pública. Os cristãos se negavam a
submeter-se. Ao enfrentarem o dilema Jesus/Cesar não vacilavam em se definirem
como cristãos. Negavam-se a qualquer outra proposta. Na verdade por melhor que
fosse o cidadão, ou de excelente convívio se tornava imediatamente um fora da
lei. No antigo império romano não era tolerado qualquer desavença, e isto era o
que as autoridades romanas consideravam ser as congregações cristãs. Um poeta
disse: Ao agoniado e encurralado rebanho cujo crime era Cristo.
O
único crime que os cristãos haviam colocado era terem Cristo em primeiro lugar
acima de Cesar, e por sua suprema lealdade morreram milhares de cristãos e
foram torturados devido sua opção de declarem a Jesus como o supremo em suas
vidas[4].
A Última Bênção
Bem-aventurados os
perseguidos por causa da justiça, porque deles e o reino dos Céus. Mateus 5: 10.
Com o verso 10,
chegamos à última bem-aventurança. A promessa dessa bem-aventurança e idêntica a da
primeira: deles é o reino do Céu. Mateus 5: 3 e 10.
Assim, Jesus começou e
terminou com a mesma promessa. A promessa da primeira bem-aventurança e da última
formam um pacote verbal bastante abrangente, com Mateus 5: 11 e 12 provendo
um comentário sobre o verso
10.
Nesse pacote, Jesus colocou
alguns dos mais importantes conselhos de Seu ministério. Nele, Ele descreveu a
essência do caráter de cada
cristão.
O fato de que Jesus apoiou
esse importante segmento de Seus ensinos com a menção do reino de Deus, é
altamente significativo. O centro, tanto da Sua mensagem Mateus
4: 17 como da mensagem de João Batista Mateus 3: 2 era que o
reino de Deus era chegado.
A importância do Sermão do
Monte, é que ele apresenta os princípios do reino de Jesus no início do Seu ministério. E esses
princípios, são extremamente diferentes dos
princípios do mundo, e até mesmo dos princípios do mundo religioso
dos dias de Jesus e dos nossos.
Os judeus esperavam um reino
de poder e glória, mas Jesus disse que antes daquele reino chegar, Seus seguidores
viveriam em um reino de humildade de espírito, lamento pelo pecado, mansidão,
fome e sede de justiça,
misericórdia, pureza, promoção da paz, e perseguição.
Para colocar em termos
simples, o reino de Jesus não era o que os judeus esperavam. Aquele reino virá
em sua plenitude por ocasião da segunda vinda de Cristo. No reino de poder e
glória, os caminhos do mundo e do mundo religioso não terão lugar. Muito pelo contrário,
seus caminhos serão de mansidão, paz,misericórdia e assim por diante.
Para mim, isso significa
que a época presente é o tempo de começar a viver os princípios do
Céu. Meu caráter não será transformado por ocasião do segundo advento. Continuarei
sendo o que tenho sido. Agora é o tempo de permitir que Deus mude meu coração e
minha vida para que eu possa
estar preparado para a plenitude do reino[5].
Jesus Nunca nos Prometeu um Mar de Rosas
Se o mundo os odeia, tenham
em mente que antes odiou a Mim. Se vocês pertencessem ao
mundo, ele os amaria como se fossem dele. Todavia, vocês não são do mundo, mas
Eu os escolhi, tirando-os do mundo; por isso o mundo os odeia. João 15: 18 e 19.
O cristianismo, conforme Jesus apresentou, não é
como um piquenique pacífico. Entre todos os
importantes educadores do mundo, talvez Ele seja o mais honesto. Vez após
outra, Jesus salientava o fato de
que Seus seguidores seriam perseguidos porque eram semelhantes a Ele, porque
andariam de acordo com princípios totalmente opostos aos da cultura
em geral.
O cristianismo tem
resultado em perseguição em todas as áreas da vida cristã: no trabalho,
por causa das questões de observância do sábado; na família, por causa das
responsabilidades e prioridades; e na vida social, por causa de novos estilos de vida.
A realidade é que o
verdadeiro cristianismo muda as pessoas. Ele as deixa fora de sintonia com a cultura humana
normal isto é, pecaminosa. E o resultado é perseguição.
E essa perseguição nem
sempre tem sido suave. O imperador Nero, por exemplo, cobriu os cristãos de piche e os incendiou, para
que servissem de tochas vivas para iluminar seu jardim. Ele também os costurou dentro de peles frescas de animais e colocou
os próprios cães de caça atrás
deles para os atacarem e estraçalharem. Outros cristãos foram costurados
dentro de peles frescas de animais e colocados ao sol para secar e
morrer, enquanto as peles se encolhiam e lentamente os sufocavam e esmagavam seu corpo indefeso. Ainda
outros tiveram partes do seu corpo
decepadas e assadas diante de seus olhos, ou receberam uma chuva de
chumbo derretido fervendo.
A lista de atrocidades seria
infinda. O próprio Jesus não ficou isento. Ele morreu a terrível e humilhante morte de cruz.
A perseguição e
discriminação ainda não estão no fim. A Bíblia nos diz que elas continuarão até o fim dos
tempos. Tais coisas, porém, não
quebrantam o espírito dos seguidores de Cristo, porque eles sabem
que este mundo não é seu lar. Eles sabem que aqueles que são
perseguidos por causa da justiça herdarão o reino de Deus[6].
Perseguidos, Por Quê?
Todos quantos querem viver
piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos. II Timóteo 3:
12.
Todos os tipos de pessoas que alegam ser cristãs
são perseguidas. Será que a perseguição delas significa que são cristãs?
A resposta bíblica a essa
pergunta é um categórico não! Jesus não disse: Bem-aventurados aqueles que são perseguidos, mas Bem-aventurados
os que são perseguidos por causa da justiça.
Existe uma grande diferença
entre essas duas idéias. Tenho um amigo que pertence a certo grupo religioso
que acredita que a perseguição
que sofrem é sinal de que suas doutrinas e estilo de vida
estão corretos.
A essa altura, precisamos ler nossa Bíblia
atentamente. Ela não diz: Bem-aventurados os que são perseguidos por
serem censuráveis ou difíceis. Nem tampouco promete bênçãos aos que são
perseguidos, por serem tolos ou insensatos na maneira de darem seu
testemunho.
Encaremos a realidade.
Algumas pessoas testemunham de maneira que verdadeiramente ofende as pessoas
sensíveis e até ao bom senso [negam-se a salvar uma vida através de uma
transfusão de sangue, negam-se a prestar Serviço Militar, etc.]. . Nesse caso,
é noção ridícula de testemunhar que provoca sua perseguição. Essa perseguição
pode ter pouco ou nada a ver
com o que Jesus está dizendo.
O mesmo pode ser dito acerca
daqueles que são extremamente zelosos ou fanáticos. O fanatismo e o extremismo nunca são elogiados
no Novo Testamento.
A passagem final das
bem-aventuranças é bastante específica. Ela diz: Bem-aventurados os que são
perseguidos por causa da justiça. Mateus 5: 10. Eles são considerados abençoados porque vivem de acordo com os princípios de Jesus, os princípios das
bem-aventuranças. Como resultado, são
encontrados fora de sintonia com a cultura geral e até mesmo com
grupos religiosos que assimilam os princípios da cultura geral.
Conforme indica nosso
texto, a perseguição sobrevirá, de uma forma ou outra, a toda pessoa que
procura viver piedosamente em Cristo Jesus. O mundo não tem
capacidade nem disposição para aceitar os princípios radicais do evangelho. O
verdadeiro cristianismo está fora de sintonia com a cultura, porque ele se baseia
em um conjunto radical de
princípios[7].
As Pessoas Boas e os Cristãos
Ai de vos, quando todos vos
louvarem! Porque assim procederam seus pais com os falsos profetas. Lucas 6: 26.
Muitos de nós achamos este
texto complicado. Não deveriam os cristãos
ser os melhores cidadãos, os vizinhos mais amigáveis e os colegas de trabalho
mais prestativos? Por que Jesus pronuncia
um ai em vez de uma bênção sobre aqueles a quem todos louvam?
Precisamos nos lembrar de
que bem-aventurados não são aqueles que são perseguidos por serem bons ou por serem nobres ou
altruístas. Esses traços são geralmente
apreciados pela cultura pagã. Como D. Martin Lloyd-Jones coloca: Você provavelmente não será perseguido por ser bom... Ou nobre. O mundo... Geralmente
louva, admira e ama os bons e os nobres.
Lloyd-Jones continua
sugerindo que os bons e os nobres raramente são perseguidos, porque até os pagãos acham que essas pessoas
sãoexatamente como eles mesmos. Não são os
bons que são perseguidos, mas os justos, aqueles que estão vivendo
a vida de Jesus como é apresentada nas
Bem-aventuranças. A verdadeira justiça cristã faz com que a mera
bondade e nobreza humanas tenham aparência egocêntrica e esfarrapada.
Uma coisa e ser bom; e outra
bem diferente é ser humilde e manso. Uma coisa é ter orgulho de nossas nobres
realizações; mas outra bem
diferente é ser humilde de espírito e ter fome e sede da justiça e bondade que
unicamente Deus pode suprir.
Precisamos aceitar o fato.
As Bem-aventuranças definem a linha de batalha entre os princípios do reino de
Satanás e os do reino de Cristo. E cada conversão aos princípios de Cristo, é um
ato no drama do grande conflito entre
as forças do bem e do mal.
No livro O Maior Discurso de Cristo à pagina 29
lemos: Quem manifestar, na conduta, o
amor de Cristo e a beleza da santidade, subtrai a Satanás os seus súditos, e por isso o príncipe das trevas contra
ele se levanta. Opróbrio e
perseguições atingirão a todos os que estão cheios do Espírito de
Cristo. Precisamos avaliar bem a nossa situação quando todos nos louvam[8].
Os Perseguidos Recebem o Reino
Aos Seus seguidores Jesus não dá nenhuma
esperança de glória ou riquezas terrestres ou de uma vida livre de tentações,
mas mostra-lhes o privilégio de trilhar com o Senhor o caminho da abnegação e
suportar calúnias do mundo que não os conhece.
A Ele que viera para salvar o mundo perdido,
opuseram-se unidas as forças do inimigo de Deus e dos homens. Em cruel
conspiração levantaram-se os homens e anjos maus contra o Príncipe da paz.
Embora cada palavra e ação testificassem da compaixão divina, Sua falta de
semelhança com o mundo provocava a mais amarga inimizade. Porque não
consentisse em nenhuma inclinação má da natureza humana, despertou a mais feroz
oposição e inimizade. Assim acontece a todos quantos desejam viver piamente em
Cristo Jesus. Entre a justiça e o pecado, amor e ódio, verdade e falsidade
há conflito irreprimível. Quem manifestar, na conduta, o amor de Cristo e a
beleza da santidade, subtrai a Satanás os seus súditos, e por isso o príncipe
das trevas se levanta contra ele. Opróbrio e perseguições atingirão a todos os
que estão cheios do espírito de Cristo. A maneira das perseguições poderá mudar
com o tempo, mas o fundamento o espírito que lhes serve de base é
o mesmo que, desde os tempos de Abel, assassinou os escolhidos de Deus.
Logo que os homens procuram viver em
harmonia com Deus, acharão que o escândalo
da cruz ainda não findou. Principados, potestades e exércitos espirituais da
maldade nos lugares celestiais, estão voltados contra todos os que se submetem
obedientemente à lei celestial. Por isso, aos discípulos de Cristo, deveriam as
perseguições causar alegria, em lugar de tristeza, porque elas são uma
demonstração de que seguem os passos do Senhor.
O Senhor não prometeu estarem Seus servos livres
de perseguição, assegura-lhes coisa muito melhor. Diz Ele: A tua
força será como os teus dias. Deuteronômio 33: 25. A Minha graça te
basta, porque o Meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. II Corintios 12: 9.
Quem precisar, por amor de Cristo, passar pelo calor da fornalha, terá ao lado
o Senhor, como os três fiéis de Babilônia. Quem amar ao Redentor, alegrar-se-á
em todas as ocasiões, de participar das Suas humilhações e insultos. O amor de
Jesus torna doces os sofrimentos.
Em todos os tempos, Satanás perseguiu, torturou
e matou os filhos de Deus; mas, morrendo eles, tornaram-se vencedores.
Testemunharam em sua perseverante fidelidade que Alguém mais poderoso que o
inimigo, estava com eles. Satanás podia torturar-lhes o corpo e matá-los, mas
não tocar na vida que, com Cristo, estava escondida em Deus. Encerrou-os nas
masmorras, mas não pôde prender-lhes o espírito. Os prisioneiros, através da
escuridão do cárcere, podiam olhar para a glória e dizer: Porque
para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para
comparar com a glória que em nós há de ser revelada. Romanos 8: 18. Porque a
nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui
excelente. II Corintios 4: 17.
Pelo sofrimento e perseguição, a glória o
caráter de Deus será manifestada em Seus escolhidos. A igreja
de Deus, odiada e perseguida pelo mundo, é educada e disciplinada na escola de
Cristo; caminha na Terra pela estrada estreita, é purificada na fornalha da
aflição, segue o Senhor através de duras batalhas, exercita-se na abnegação e
sofre amargas experiências, mas reconhece por tudo isso a culpa e a miséria do
pecado e aprende a afugentá-lo.
Visto tomar parte nos sofrimentos de Cristo, o
sofredor participará também de Sua glória. Em visão, contemplou o
profeta a vitória do povo de Deus. Diz ele: E vi um como mar de
vidro misturado com fogo e também os que saíram vitoriosos da besta, e da sua
imagem, e do seu sinal, e do número do seu nome, que estavam junto ao mar de
vidro e tinham as harpas de Deus. E cantavam o cântico de Moisés, servo de
Deus, e o cântico do Cordeiro, dizendo: Grandes e maravilhosas são as Tuas
obras, Senhor, Deus Todo-poderoso! Justos e verdadeiros são os Teus caminhos, ó
Rei dos santos! Apocalipse 15: 2 e 3. Estes são os que
vieram de grande tribulação, lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do
Cordeiro. Por isso estão diante do trono de Deus e O servem de dia e de noite
no Seu templo; e Aquele que está assentado sobre o trono os cobrirá com a Sua
sombra. Apocalipse 7: 14 e 15[9].
11 - Bem
aventurados sois, quando vos injuriarem e vos perseguirem e, mentindo, disserem
todo o mal contra vós pôr causa de mim.
INJURIAREM - Grego: oneidízô, injuriar, caluniar, xingar. Os versos
11 e 12 não constituem outra bem-aventurança. Trata-se
singelamente de uma explicação das formas em que pode manifestar-se a
perseguição.
Comentário Lucas 6: 22. Apartai-vos. Bem-aventurados sereis
quando os homens vos odiarem, quando vos rejeitarem, insultarem e proscreverem
vosso nome como infame por causa do Filho do Homem. Possivelmente
seja uma referência à exclusão da sinagoga João 9: 22, 34; 12: 42;
16: 2. No Talmude se descrevem com muitos detalhes as razões pelas
quais se excluía uma pessoa da sinagoga e a maneira em que se levava a cabo
essa excomunhãoMo’ed Qatan 15a, 16a, 16b, 17a. As prescrições iam desde
um mínimo de trinta dias até a excomunhão permanente. O que tinha sido
excomungado devia andar como se tivesse estado doente, e os demais não deviam
aproximar-se a menos de quatro cotovelos 1,80 metros dele.
Tratava-se de um castigo social e religioso. Conquanto os documentos que
descrevem estes castigos são posteriores à época de Jesus, é possível que
reflitam costumes conhecidos já noséculo I d. C[10].
CAUSA DE MIM - Os cristãos sofrem pelo nome que levam, o de
Cristo. Em todas as épocas, e nos tempos da igreja primitiva, os que
verdadeiramente amam a seu Senhor se têm regozijado por ter sido considerados dignos
de padecer afronta por causa do Nome Atos 5: 41; I Pedro 2: 19
a 23; 3: 14; 4: 14. Cristo advertiu que os que quisessem ser seus
discípulos seriam aborrecidos por todos por causa de seu nome.
Mateus 10: 22; mas adicionou em seguida que qualquer que perder sua
vida por causa dele, a acharia 10: 39. Os
cristãos devem estar prontos para padecer por ele Filipenses 1: 29[11].
A BEM-AVENTURANÇA DO CAMINHO ENSANGUENTADO
Quando
vemos quando surgiu a perseguição, estamos em condição de ver a verdadeira
glória do caminho dos mártires. Parece-nos estranho falar de bem-aventurança
aos perseguidos, mas para os que têm olhos para enxergarem além do presente
imediato e uma mente capaz de compreender a grandeza das questões implicadas,
tem a consciência da glória de um caminho ensangüentado.
1.
Sofrer perseguição era uma oportunidade de demonstrar fidelidade a Jesus
Cristo. Um dos mártires mais famosos foi Policarpo, ancião bispo de Esmirna. O
populacho o arrastou ao tribunal do magistrado romano, e foi feito a ele a
seguinte proposta: Oferecer sacrifício a César ou morrer. Oitenta e
seis anos, foi sua resposta imortal tenho servido a Cristo e ele
jamais me fez algum mal, Como vou blasfemar contra o meu rei, que me salvou? Assim
o levaram ao patíbulo onde fez sua derradeira oração: Oh Senhor Deus
Todo Poderoso, Pai de Teu amado e mui bendito Filho, por meio de quem temos
recebido o teu conhecimento... Dou-te graças por teres me considerado digno de
tua graça neste dia e hora. Havia uma oportunidade suprema de
demonstrar sua lealdade a Cristo.
Na
primeira guerra mundial, o poeta Rupert Brooke foi um dos que morreram muito
jovem. Antes de partir para o combate, ele escreveu:
Glória seja dada a Deus que nos deu esta honra.
Muitos
de nós pode ser que nesta vida não fizemos nada que possamos considerar um
verdadeiro sacrifício por Jesus Cristo. O momento em que parece provável que o
cristianismo nos custe algo é o momento quando temos a possibilidade de mostrar
lealdade a Jesus Cristo de uma maneira que os outros possam ver.
O ter que sofrer perseguições, como disse Jesus,
é percorrer o mesmo caminho que percorreram os profetas, os santos e os
mártires. Sofrer como justo é observado por Deus. A pessoa que sofre por algo
justo pode levantar sua cabeça e dizer:
Irmãos vamos marchando pelo caminho que abriram
os santos.
2.
Ter que sofrer perseguição é participar de uma grande ocasião. Sempre resulta
ser emocionante estar presente em grandes ocasiões e estar presente quando algo
memorável e crucial está tendo lugar. Porém há uma emoção ainda maior quando
tomamos parte, ainda que pequena no acontecimento. Este era o sentimento acerca
do qual escreveu Willian Shakespeare numa passagem envolvendo Henrique V, nas
palavras que colocou na boca do rei antes da batalha de Agincourt.
E
que eu viva este dia e que chegue até a minha velhice, festejarei este dia até
a véspera,e direi: porque dirá: Amanhã é dia de São Crispin. Mostrarei
arregaçando as mangas todas as minhas cicatrizes. Estas feridas obtive em São
Crispim...
Cavaleiros
ingleses que agora estão na cama são malditos e aqui não estiveram, que sejam
sempre menores porque não lutaram conosco no dia de São Crispim.
Quando somos chamados a sofrer algo pelo
Evangelho este é sempre um momento crucial. O grande conflito é sempre entre o
mundo e Cristo, é um momento do drama da eternidade. Ter um papel em tal cena
não é um castigo, mas uma glória. Alegremos neste momento, disse Jesus, e estai
contentes. A palavra para estar contentes é o verbo grego agal.
liasthai que procede das palavras que quer dizer dar um salto
extraordinário. É um gozo como que saltar de alegria. Como se diz
acertadamente, o gozo do escalador de montanhas quando alcança o pico de uma
montanha e salta de alegria.
3.
Sofrer perseguição é pôr-se em condição mais fácil do que se vem por trás. Hoje
desfrutamos da bênção da liberdade graças a pessoas que estiveram dispostas a
pagar com sangue suor e lágrimas. Estamos numa condição privilegiada devido o
testemunho e martírio que outros passaram.
Na
construção do grande pântano de Houver na América houve homens que perderam a
vida naquele projeto de construção. Quando se completaram as obras, se puseram
os nomes dos que haviam morrido no empreendimento na lápide que foi colocada
num muro do pântano com esta inscrição: Estes morreram para que o
deserto se regozijasse e florescesse como a rosa.
O
que peleja na batalha por Cristo sempre fará coisas mais fáceis para os que vem
depois. Para eles haverá um obstáculo menor para superar o caminho.
4.
O cristão nunca sofre perseguição sozinho. Se um cristão sofre perdas
materiais, fala dos amigos como calúnias, solidão até a morte por amor a seus
princípios... Não se encontrará só. Cristo estará mais perto do que em nenhuma
outra situação da vida.
A
antiga história do livro de Daniel nos conta que foram
lançados na fornalha sete vezes mais quente, e Sadraque, Mesaque e Abedenego
não cederam em sua lealdade a Deus. Os conselheiros observaram. Não
foram lançados três homens na fornalha? Perguntou o rei e exclamou: Pois vejo
quatro desatados, andando no meio do fogo e não acontece nada, e o aspecto do
quarto é semelhante ao filho dos deuses. Daniel 3: 19 a 25.
Como disse Browning em As Boas novas da
ressurreição. Colocando estas palavras na boca de um mártir cristão
nas catacumbas:
Nasci débil não tendo nada, um pobre escravo, na
miséria não podia guardar o ciúme de César aos filhos de Deus que haviam
recebido a graça por tão grande preço. Portanto com as feras do circo me
enfrentei duas vezes, e outras três suas leis cruéis sobre meus filhos foram
impostas. Finalmente liberdade obtive, ainda que tentassem me queimar vivo.
Então uma mão desceu e sacou minha alma das chamas e conduziu-me a presença de
Cristo e sua glória. Meu irmão Sergio escreveu na parede este testemunho, e
quanto a mim nunca esquecerei.
Quando um cristão tem que sofrer algo por sua
fé, é então quando nos encontramos na mais íntima companhia possível de Cristo.
Só
nos resta fazer uma pergunta: Por que esta perseguição é inevitável? Isso
ocorre quando a Igreja não tem mais o remédio para ser a consciência da nação e
da sociedade. A Igreja deve louvar o bem e igualmente condenar o mal, e fazer o
possível para ativar a consciência. Não deve o cristão descobrir faltas,
criticar e condenar demonstrando ódio em suas palavras.
Não
é provável que a morte nos aguarde por demonstrarmos nossa lealdade a Cristo.
Espera-se a prática do amor e do perdão cristão. Pode ser que no trabalho ou
afazeres soframos perseguições por sermos cristãos no trabalho diário. Cristo
segue aceitando suas testemunhas necessitam de pessoas que estejam dispostas,
não só a morrer por Ele, mas também viver por Ele. A contenda cristã e a glória
cristã segue existindo como antes[12].
Galeria de Honra dos Perseguidos
Bem-aventurados sois quando, por Minha causa,
vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós.
Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos Céus; pois assim
perseguiram aos profetas que viveram antes de vós. Mateus 5: 11 e 12.
Esses
dois versos não formam uma nova bem-aventurança. São, porém, complemento e
comentário sobre a oitava bem-aventurança. Como tal, há várias coisas que
devemos observar nos versos 11 e 12.
A
primeira delas é que através do curso da história, os profetas de Deus têm sido
perseguidos. Na verdade, no Antigo Testamento eram os falsos profetas, e não os
verdadeiros, que eram geralmente bem aceitos pelo povo, pelas autoridades
políticas e freqüentemente pelos líderes religiosos também. Isso acontecia
porque eles traziam mensagens suaves e agradáveis. Como Deus disse a Ezequiel: Eles
andam enganando Meu povo, dizendo: Paz, não havendo paz. Ezequiel 13: 10.
As
pessoas preferem ouvir coisas suaves do que o chamado de Deus para o
arrependimento e reforma. Foi esse chamado direto que trouxe rejeição e
perseguição aos mensageiros de Deus através dos tempos.
A
galeria de honra dos perseguidos está repleta de nomes de pessoas que seguiram
a Deus através dos séculos. Abel foi perseguido por Caim porqueofereceu
uma oferta mais agradável. Noé foi ridicularizado como sendo
fanático e alarmista. Davi foi perseguido por Saul, e Elias por Acabe. Daniel
passou algum tempo na cova dos leões, e Paulo foi perseguido em todos os seus
empreendimentos pelas pessoas de fora e até dentro da igreja.
O status
quo não gosta de ser desafiado pela verdade divina quando ela é
realmente a verdade de Deus. Aqueles que são rejeitados por causa de Cristo têm
uma herança sem paralelo. Precisamos estar sempre alerta quando
todos nos louvam. Lucas 6: 26. Não foi coisa
tão boa no caso dos profetas de Deus. Nem foi bom para o mais importante dentro
o povo de Deus, Jesus. Ele morreu na cruz por causa daquilo que ensinou e
viveu.
Pai,
ajuda-nos hoje a nos revestirmos de coragem, considerando a história do teu
povo quando os problemas atravessarem nosso caminho. Ajuda-nos a viver nos Teus
princípios, a despeito das dificuldades[13].
Saltos de Alegria em Meio aos Problemas
Bem-aventurados
vocês, quando os homens o odiarem, expulsarem e insultarem, e eliminarem o nome
de vocês, como sendo mau, por causa do Filho do homem. Regozijem-se nesse dia e
saltem de alegria, porque grande é a recompensa de vocês no Céu. Lucas 6:22 e
23.
Isso
é espetacular! Quem quer saltar de alegria por ser odiado,
expulso, insultado e rejeitado? Acho que esse é, dos mandamentos de Jesus, o
mais difícil de colocar em prática.
Minha
primeira reação quando insultado é insultar de volta, quando rejeitado,
rejeitar. Isso é humano, mas os modos de Cristo são divinos e Ele alega existir
uma benção em tudo isso.
Poucos
dias atrás, tive oportunidade de saltar de alegria por ser maltratado. Minha
família e eu construíamos uma linda fogueira para um piquenique no sábado à
noite, dentro do buraco próprio para fogueiras no Smoky Mountain National Park.
Mas, depois do fogo estar queimando bem, com lindas chamas, o guarda-florestal
me disse que teria que sair dali porque aquele buraco ainda não estava aberto
ao público.
Eu
havia usado aquele poço várias vezes antes, no início do verão, sem nenhum
problema. Mas dessa vez fui expulso. Meus primeiros pensamentos não
foram agradáveis. Mas conservei minha boca fechada e me mudei para uma área de
piquenique uns dez quilômetros abaixo.
Ali
conseguimos fazer um delicioso cachorro-quente vegetariano na
brasa, tivemos um alegre serviço de cânticos e alguns momentos de meditações
inspiradores.
Por
volta das 10:00 da noite estávamos prontos para retornar ao nosso alojamento.
Naquele momento, um carro chegou perto da nossa fogueira. Seus ocupantes nos informaram
de que acabara a gasolina do seu carro. Estavam felizes por nos encontrar, pois
o posto mais próximo ficava a uns 23 quilômetros dali e os acampantes
mais próximos dali, além de nós, deviam estar a mais de sete quilômetros de
distância.
Logo
descobrimos que nossos novos conhecidos eram dois teologandos de um Colégio
Adventista. Foi um privilégio ajudá-los e fazer novos amigos. Sem sabermos o
que estava acontecendo, Deus nos havia colocado no lugar certo, na hora certa.
Todos saltamos de alegria ao considerarmos Seu providencial cuidado, embora
tivéssemos sido, no início, tratados injustamente[14].
Cristãos se Preocupam com Recompensas?
Já
agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará
naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda.
II Timóteo 4: 8.
Algumas
pessoas parecem pensar que os cristãos não devem se preocupar com a recompensa
final. Isso quer dizer que eles deveriam viver acima do pensamento da promessa
eterna ou do temor do inferno. O verdadeiro cristão, conforme pensam
vive a vida cristã pelo simples prazer de ser cristão.
Bem,
parece haver um pouco de verdade nessa linha de pensamento. Afinal, ninguém
será salvo por temer o inferno. Nem tampouco as pessoas estarão no reino eterno
de Deus meramente porque o consideram a melhor coisa que existe. Além disso, as
pessoas não recebem uma benção intrínseca simplesmente porque a vida cristã é
melhor do que as outras alternativas.
Essas
verdades, porém, não constituem a verdade total. A Bíblia não deixa dúvidas ao
falar acerca de recompensas e castigos por ocasião do segundo advento. Mateus
5: 12, com suas palavras a respeito da grande recompensa no Céu para os
fiéis, é simplesmente um dos muitos textos sobre o assunto.Tiago fala
acerca da coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que O amam.
Tiago 1: 12. E Paulo não deixou dúvidas na passagem de hoje de que ele
aguardava o recebimento de sua coroa da justiça por
ocasião da volta de Cristo.
Deus
ama Seus filhos. Ele deseja abençoá-los mais abundantemente do que eles podem
imaginar. Parte de Sua bênção é a recompensa futura na Terra renovada.
Esse
pensamento nos transporta de Mateus ao Apocalipse: Eis
que venho sem demora, lemos no último capítulo do Apocalipse, e
comigo está o galardão que tenho para retribuir a cada um segundo as suas
obras, Apocalipse 22: 12.
Conquanto
nossa motivação principal não seja a esperança de recompensa e o temor do
castigo, precisamos ir além da idéia não-bíblica de que esses não devem ser os
motivadores. Deus quer que desejemos as melhores coisas. É seu desejo que
almejemos o Céu ao peregrinarmos neste mundo, que não é o ideal[15].
Outro Vislumbre do Céu
Pois
eis que Eu crio novos céus e nova terra; e não haverá lembrança das coisas
passadas, jamais haverá memória delas. Isaías 65:17.
Antes
de sairmos do assunto das Bem-aventuranças e da idéia da recompensa divina para
os crentes fiéis, devemos considerar mais um vislumbre do Céu. Afinal, as oito
bem-aventuranças são apoiadas pela promessa de que a recompensa dos seguidores
de Jesus será o reino do Céu.
Quando
Jesus falava sobre o Céu, Seus ouvintes tinham em mente as promessas do Antigo
Testamento. E, nesse testamento, um dos livros mais explícitos nesse assunto é Isaías.
Consideremos rapidamente a recompensa do Céu,
através do raciocínio de Isaías.
Uma
das minhas passagens favoritas acerca do Céu, no livro de Isaías,
é aquela que nos diz que o lobo habitará com o cordeiro, e o
leopardo se deitará junto com o cabrito; o bezerro, o leão novo e o animal
cevado andarão juntos, e um pequenino os guiará... Não se fará mal nem dano
algum em todo o Meu santo monte, porque a terra se encherá do
conhecimento do Senhor, como as águas cobrem o mar. Isaias11: 6 a 9.
Uma
segunda passagem está em Isaías 35: Veja, o seu Deus... Vai salvar você! Quando
Ele vier, vai abrir os olhos dos cegos e destapar os ouvidos dos surdos. Os aleijados
pularão e caminharão perfeitamente, e os mudos cantarão! Fontes brotarão na
terra seca e os rios correrão no deserto!
Estes,
que foram comprados pelo Senhor, passarão por esse caminho, indo para Sião e de
lá voltando com canções de alegria. Para eles nunca mais haverá dor ou
tristeza, porque eles receberam a alegria perfeita. Versos 4 a 10.
Que
promessas! Que bênçãos! Essas são promessas que Deus desejava conceder a
Israel. Mas, sendo que Israel rejeitou a Jesus, elas são agora promessas para a
igreja. São promessas para cada um de nós.
Senhor,
eu desejo estar lá. Aguardo ansioso a oportunidade de viver na plenitude do Teu
reino, um reino onde as doenças da presente era terão se tornado história[16].
Diante do Ideal de Deus
O Senhor é a minha luz e a minha salvação; de
quem terei medo? O Senhor é a fortaleza da minha vida. Salmo 27: 1.
Nossos pensamentos se concentraram em Mateus
5: 2 a 12; as Bem-aventuranças. Observamos as oito
características devem constituir o centro da vida de cada cristão. Cristão é uma
pessoa humilde de espírito, mansa, que tem fome de justiça de Deus, é
misericordiosa, e outras coisas mais.
Sem todas as oito
características, não estamos vivendo vida cristã. O ideal de Deus para cada um
de nós é que vivamos as bem-aventuranças todos os dias, através do poder do
Espírito Santo. Elas são os princípios do Seu reino aqui na Terra e na Terra
por vir. Elas definem o caráter cristão.
Mas você pode estar pensando: Minha vida
não é tudo que devia ser; diariamente falho diante do ideal de Deus.
Você tem razão! Você e eu falhamos. Isaías,
em sua visão de Deus, clamou: Ai de mim! Quando nos
deparamos face a face com Deus e Seus princípios, nos sentimos perdidos.
Isaias 6: 5.
As boas novas são que Jesus conhece nossas
falhas e provê uma solução para o nosso dilema no Sermão do Monte.
Primeiramente, o reconhecimento de nossa
fraqueza de caráter está no centro das Bem-aventuranças. Esse reconhecimento é
que nos torna humildes de espírito, nos leva a chorar pelos nossos erros, nos
ajuda a troca arrogância espiritual pela mansidão e nos conduz a Jesus, ao
sentirmos fome e sede de justiça.
A segunda e terceira provisões de Jesus para
nossas faltas na vida cristã são encontradas na Sua importante oração. Ele nos
aconselha a orarmos para que Deus perdoe as nossas dívidas e
livre-nos do mal. A primeira dessas recomendações tem a ver com a graça
perdoadora de Deus; a segunda, em parte, tem a ver com a graça habilitadora.
Exaltado seja Deus por ter feito provisões para
nossas fraquezas. Louvado seja Jesus pelos ideais que nos ajudam a reconhecer
quando falhamos e que nos conduzem a Ele para obter perdão e forças[17].
SALMOS 27
INTRODUÇÃO
Davi
escreveu este Salmo quando fugia e tinha que
buscar refúgio nas rochas e nas covas do deserto[18].
O salmista manifesta sua confiança em Deus em meio aos perigos. É chamado do Salmo restaurador. Em
nenhum outro Davi expressa tão intensamente seu anelo pelo serviço do
santuário. Alguns pensam que o marco histórico deste Salmo é I
Samuel 22: 22. O poema se divide em três partes. Os versos 1
a 6 expressam a segura confiança do poeta em Deus,
apesar das ameaças do inimigo. Os versos 7 a 12 são
um angustioso clamor em procura de ajuda. Na conclusão, versos 13 e
14, se vê o seguro alívio proporcionado pela esperança posta em Deus.
No ritual judaico moderno se recita o Salmo 27 todos os
dias do sexto mês, em preparação para o ano novo e o dia do perdão dia da
expiação[19].
Este
cântico de Davi revela a natureza da fé viva. Tal fé é confiante e segura em
Deus versos 1 a 6, 13, totalmente dependente e
submissa a Deus. EsteSalmo tem o mesmo tom de confiança e
triunfo como o Salmo 46 Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro
bem presente nas tribulações. Portanto, não temeremos. Salmo 46: 1 e 2.
No Salmo 27 nós observamos que há duas formas de fé.
Primeiro Davi expressa a sua confiança
inabalável no Senhor ao ele encontrar um inimigo dominante que o ameaça de
morte versos 1 e 2. Ele continua professando a sua certeza
completa de vitória verso 3. Ele conhece o seu Deus e está
determinado a ficar na Presença divina.
Não obstante, o Salmo 27 é
um exemplo dramático de como a fé confiante intercambia com a fé lutadora no
crente. Este intercâmbio pode ser observado ao Davi falar no princípio sobre o
Senhor, versos 1 a 6, fala diretamente ao Senhor, versos 7
a 12. A ajuda de Deus não é automaticamente determinada. A
salvação Divina é resultado de Sua graça. Ele vem, via de regra, por meio de
orações insistentes de súplica e petição.
O Salmos 27 originou-se em uma situação na qual Davi foi acusado
falsamente, e perseguido, expulso do tabernáculo da Presença de Deus. Nesta
situação a base do pleito de Davi na qual ele permanece para mover Deus a
responder as suas orações. Ele testemunha com convicção[20].
EXEGESE: JUNTO A DEUS NÃO HÁ TEMOR
FÉ VITORIOSA
1
- Iahweh é minha luz e minha salvação: de quem terei medo? Iahweh é a
fortaleza de minha vida: frente a quem temerei?
IAHWEH
É MINHA LUZ - Iahweh é a luz que ilumina as trevas que rodeiam e
ilumina seu caminho. Esta expressão, é freqüente no NT João 1: 7
a 9; 12: 46; I João 1: 5, não é tão freqüente no AT. conforme a
bênção sacerdotal Números 6: 25[21].
Estas
palavras são organizadas no estilo poético de um paralelismo complementar, que
poderosamente reforça as boas novas de que o Deus de Israel é um Deus salvador.
Para Davi, Deus não é uma idéia abstrata ou uma especulação filosófica. O
Senhor já provou ser um Redentor na vida de Davi. Nesta base Davi confia
implicitamente Nele para o futuro.
Sempre que Deus agiu em nome de Seu povo,
os hebreus expressavam isto dizendo que Deus fez o Seu rosto resplandecer sobre
eles Números 6: 24 a 26; Salmos 4: 6; 97: 11.
Quando Deus conduziu Israel fora do Egito, Ele foi diante deles numa coluna de fogo, para iluminá-los,
e assim podiamcaminhar de dia e de noite. Êxodo
13: 21. Ele estava entregando as crianças dele ativamente. No fim da madrugada,
do alto da coluna de fogo e denuvem, o Senhor viu
o exército dos egípcios e o pôs em confusão. Êxodo 14: 24.
Contra
este fundo as palavras de Jesus assumem novo significado: Eu sou a
luz do mundo. Quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida. João
8: 12. Cristo é para os Seus seguidores a coluna de fogo, o sol da
justiça, a brilhante Estrela da Manhã. Malaquias 4: 2; Apocalipse
22: 16.
Cristo
demonstrou o Seu poder salvador pelo milagre de abrir os olhos ao cego João
9: 1 a 7. Luz e salvação são
descrições sinônimas de Deus na Bíblia. A confissão de fé de Davi é, O Senhor
é minha luz e minha salvação; a quem temerei? O cristão pode
cantar o hino de Davi com pleno significado messiânico: Cristo é
minha luz e minha salvação, a quem temerei? Esta é a revelação
progressiva na doutrina de Deus no Novo Testamento. Cristo não é outro Deus ao
lado de ou abaixo de Iahweh. Deus é um e é revelado como a unidade essencial do
Pai, Filho, e Espírito Santo Mateus 28: 18 a 20.
Este desdobramento da fé de Israel no Novo Testamento é a singularidade da fé
cristã[22].
SALVAÇÃO -
Literalmente Chifres, chifre de minha salvação. O Chifre era símbolo de força Deuteronômio
33: 17[23]. Salmo
18: 2; O salmista observa que não somente recebe a salvação de Deus,
mas que Deus é a própria salvação Salmo 62: 2, 6[24].
DE
QUEM TEREI MEDO - Nem de outros deuses, porque são falsos, nem de
demônios, nem de seres humanos Romanos 8: 31[25].
FORTALEZA -
Lugar seguro. Salmo 28: 8. Segundo João Calvino, o triplo
escudo que Davi tinha para defender-se era: Luz, Salvação, Fortaleza. O Salmo
inicia com uma expressão de absoluta falta de temor, e que desaparece pela
confiança que o salmista tem em Deus[26].
A
QUEM TEMEREI - Davi experimentou a Deus como o forte refúgio de
sua vida. Ele explicou isto mais completamente no Salmo 18,
onde ele chamou a Deus a minha rocha, a minha fortaleza e o meu libertador,
verso 2. Ele cria que sua vida era protegida pela Presença de Deus,
mesmo quando estava longe do santuário do Senhor. Deus o protegeria contra
todos os acusadores que estavam fora a devorá-lo como animais predadores. A sua
esperança em Deus é incansável:
2
- Quando os malfeitores avançam contra mim para devorar a minha carne,
são eles, meus adversários e meus inimigos, que tropeçam e caem.
DEVORAR
MINHA CARNE - O salmista
compara muitas vezes seus inimigos com animais ferozes Salmo
22: 13, 16, 21[27].
TROPEÇAM
E CAEM - Fracassaram em seus propósitos. As declarações
deste versículo referem-se a algum incidente específico quando Davi foi salvo
dos ataques de seus inimigos[28].
Ele
não tem nenhuma dúvida de que Deus confundirá o seu enredo assassino por uma
desordem surpreendente nas fileiras inimigas de forma que eles repentinamente tropeçariam
e cairiam. Davi sobreviveu a uma conspiração perigosa contra o seu trono, conduzido
por Absalão, ele viu a mão de Deus na história: Tu quebras os
dentes dos ímpios. Salmo 3: 7. Davi recusou desesperar da
estabilidade do seu trono. Ele confiou implicitamente na promessa de que Deus
cuidaria da teocracia davídica para sempre II Samuel 7: 12 a 16.
Aqueles
que devoram a minha carne são de fato os caluniadores do nome de Davi. Ele
chama os seus inimigos falsas testemunhas que respiram violência verso 12.
A calúnia pertence aos males mais insidiosos que jamais se pode enfrentar.
Sua natureza é diabólica. Jesus disse de Satanás, Ele é mentiroso e
pai da mentira. João 8: 44.
A fé de Davi em Deus só se tornou mais forte na
adversidade[29].
3
- Ainda que um exército se acampe contra mim, meu coração não tremerá;
ainda que uma guerra estoure contra mim, mesmo assim estarei confiante.
ESTAREI
CONFIANTE - Davi expressa
ferventemente a confiança que tem em Deus[30].
Assim como o último pensamento antes de dormir havia sido a completa
confiança, o primeiro pensamento ao despertar é reconhecer que Deus havia
recompensado a confiança depositada Nele. O salmista é fortalecido para
enfrentar as necessidades do dia. Muitas vezes os últimos pensamentos da noite
são também os primeiros do dia. Note que esta passagem muda de maneira
dramática e repentina da depressão ao triunfo. A bênção da noite e a promessa
de um novo dia Lamentações 3: 22 e 23[31].
Pode-se
jamais expressar maior confiança em Deus? Davi afirma sua confiança
em Deus em antecipação ao tempo de angústia. Ele tinha demonstrado tal fé em
ação ao desafiar o filisteu Golias, um gigante mais de quatro metros de altura.
Ele ousou lutar uma funda de um pastor e alguns seixos da correnteza. Levantando-se
diante deste herói aterrorizador, Davi gritou:
Você vem contra mim com espada, com lança e com
dardos, mas eu vou contra você em nome do Senhor dos Exércitos, o
Deus dos exércitos de Israel, a quem você desafiou. Hoje mesmo o Senhor o
entregará em minhas mãos. I Samuel 17: 45 e 46.
Antes que Golias pudesse atirar sua lança, uma
pedra da funda de Davi atingiu o filisteu na fronte de modo que ele caiu com o
rosto no chão. Deus recompensou plenamente a esperança e confiança de Davi
Nele. O Salmo 27 pretende nos ensinar que Deus
recompensará nossa fé quando tivermos que enfrentar nosso dia de angústia,
contra o anticristo na batalha do Armagedom. Apocalipse 16: 13
a 16; 17: 14 e no dia de ajuste final, Romanos 5:
9.
Com o Salmo 27 em seu
coração e nos seus lábios, quem pode ser derrotado? Um desejo de
estar seguro, não é o bastante. Davi buscou o Senhor para encontrar segurança e
conhecer a vitória[32].
4
- Uma coisa peço a Iahweh e a procuro: é habitar na casa de Iahweh
todos os dias de minha vida, para gozar a doçura de Iahweh e meditar no seu
templo.
UMA
COISA - Davi expressa
com palavras formosas seu anseio de participar sempre no serviço de Deus e ser
hóspede perpétuo do Anfitrião celestial Salmos 15, 23 e 65[33].
PEÇO -
Notável é a determinação e decisão da fé de Davi: Uma coisa pedi! A
paixão consumidora de sua vida era buscar a Deus para participar Sua comunhão e
encontrar a certeza final[34].
MORAR -
Significa adorar a Deus no Seu Templo. Davi crê que Deus é belo ou gracioso em
Seu Templo. Poucos crentes parecem ter descoberto tal atração em Deus ou
possuir tal paixão por Deus, o Deus da libertação.
DOÇURA - Hebraico:
no'am, bondade, graça[35].
Ele quis contemplar a beleza do Senhor. Levar em
sua alma a graciosidade ou bondade do Senhor, e buscar conselho de Deus para
sua vida. Esta é a essência da adoração e do discipulado[36].
MEDITAR
EM SEU TEMPLO - O templo cristão ilumina nossas mentes, desaparecem
nossas dúvidas, se confortam nossos corações com a verdade divina.
De
que modo Davi buscou e encontrou a Deus e recebeu uma resposta a suas petições?
Não do modo como os crentes pagãos estão buscando a Deus. Tais pessoas olham a
alguma imagem ou estátua de um deus nos seus templos. Podem-se visitar hoje
templos hindus ou santuários budistas e podem-se contemplar as antigas
esculturas e faces de seus deuses. O israelita não tinha nenhum quadro do seu
Deus. O segundo mandamento proibia estritamente qualquer imagem de escultura ou
semelhança de Deus. Israel tinha a santa Arca do Senhor. O crente hebreu tinha
um quadro mental do caráter e da vontade do Senhor quando trazia o seu cordeiro
sacrifical e via os serviços no Templo. Os sacerdotes levitas ensinavam o
significado de todos os rituais simbólicos. Davi inquiriu para conhecer a
vontade de Deus e Seus propósitos eternos[37].
A Beleza da Bondade Divina
Acham-se ao alcance de todos exaltadas faculdades.
Sob a supervisão de Deus, o homem pode ter um espírito isento de corrupção,
santificado, elevado, enobrecido. Pela graça de Cristo, a mente humana é
habilitada a amar e glorificar a Deus, o Criador.
O Senhor Jesus veio ao nosso mundo a fim de
retratar o Pai... Cristo era a expressa imagem da pessoa de Seu Pai; e veio ao
mundo restaurar no homem a imagem moral de Deus, a fim de que o homem, embora
caído, pudesse, pela obediência aos mandamentos de Deus, ter estampada em si a
imagem e o caráter divinos - ser adornado com a beleza da amabilidade divina. E
dos que são assim transformados no caráter, diz-se: Agora, aspiram a
uma pátria superior, isto é, celestial. Hebreus 11: 16[38].
Deus quer que as crianças sejam belas, não com
adornos artificiais, mas com a beleza do caráter, os encantos da bondade e da
afeição, o que lhes guarnecerá o coração com a alegria e a felicidade[39].
Deve-se ensinar às moças que o verdadeiro
encanto da feminilidade não consiste apenas na beleza da forma ou do aspecto,
ou na posse de realizações; mas no espírito manso e quieto, na paciência,
generosidade, bondade, e na prontidão para fazer algo pelos outros e sofrer por
eles. Devem ser ensinadas a trabalhar, a estudar para algum propósito, a viver
por algum objetivo, a confiar em Deus e a Temê-lo, e a respeitar aos pais.
Assim, ao avançarem em anos, tornar-se-ão mais puras, mais confiantes em si e
amadas. Será impossível desprezar tal mulher. Ela escapará às tentações e
provas que têm sido a ruína de tantos[40].
Cristo foi enviado como nosso modelo, e não
mostraremos que possuímos todo o Seu amor e bondade e... Atrativos? E o amor de
Jesus Cristo tomará posse de nosso caráter e de nossa vida, e nossa conversa
será santa e se fixará nas coisas celestiais[41].
5
- Pois ele me oculta na sua cabana no dia da infelicidade; ele me
esconde no segredo de sua tenda, e me eleva sobre uma rocha.
DIA
DA INFELICIDADE - O dia da
adversidade de Davi se referia especificamente ao dia em que seus
inimigos apresentaram suas falsas acusações diante dos juízes do Templo. Mas
Davi está confiante de que Deus o vindicará no seu tabernáculo me
esconderá. Deus oferece para a alma arrependida asilo no Seu Templo,
proteção dos falsos acusadores. Davi, portanto, se empenha em ir ao Templo do
Senhor com gritos de alegria e faz voto de cantar sua ação de graças depois de
sua libertação. Sua fé permanece inabalável[42].
TENDA - Hebraico:
sok, um refúgio. Usado para referir-se a cova ou gruta de um leão, Salmo
10: 9; Jeremias 25: 38; portanto, um lugar oculto. NoSalmo 76: 2,
a palabra sok se traduz tabernáculo, do qual se diz que
está em Salem. No Salmo 27: 5, sok representa
um lugar onde se protege. Não pode referir-se a casa de Deus em Jerusalém,
porque este edifício foi construído muitos anos mais tarde[43].
SEGREDO -
Na parte mais íntima da morada. A voz hebraica que se traduz em
segredo, é o substantivo do verbo esconder: um esconderijo[44].
Quando
Davi lutou contra os Filisteus, ele perguntou repetidamente ao Senhor, Devo
atacar os filisteus? Tu os entregarás em minhas mãos? II Samuel 5: 19. Deus
então lhe deu conselho explícito de como proceder II Samuel 5: 23 e
24. Assim Davi era o governante teocêntrico de Israel[45].
Ele Será Para Nós um Santuário
Há para o cristão sincero e fiel, regozijo e
consolação que o mundo não conhece. Isso lhe é um mistério. A esperança do
cristão acha-se repleta de imortalidade e plena de glória. Ela penetra para
além do véu, e é uma âncora para a alma, âncora há um tempo segura e firme. E
quando sobrevier aos ímpios a tempestade da ira de Deus, esta esperança não
lhes falhará, a eles cristãos, porém hão de estar no oculto de Seu pavilhão[46].
Acham-se diante de nós tempos difíceis; os
juízos de Deus estão a cair sobre o mundo. As nações da Terra deverão tremer.
Haverá provas e dificuldades por toda à parte; o coração dos homens desfalecerá
de temor. E que faremos nós naquele dia? Ainda que a Terra cambaleie como um
bêbado, e seja removida como a choça, se fizemos de Deus a nossa confiança, Ele
nos livrará. Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra
do Onipotente descansará. Salmo 91: 1. Pois disseste: O
Senhor é o meu refúgio. Fizeste do Altíssimo a tua morada. Nenhum mal te
sucederá... Porque aos Seus anjos dará ordens a teu respeito, para que te
guardem em todos os teus caminhos. Salmo 91: 9 a 11[47].
Cristo vê a terminação do conflito. A batalha
torna-se cada vez mais difícil. Em breve há de vir Aquele a quem pertence o
direito, e tomará posse de todas as coisas terrenas. Toda a confusão existente
em nosso mundo, toda a violência e crime, são cumprimento das palavras de
Cristo.
Estas coisas são os sinais da proximidade de Sua
vinda. Naquele dia em que há de vir, Cristo guardará os que O seguiram, a Ele,
o Caminho, a Verdade e a Vida. Ele Se comprometeu a ser-lhes santuário.
Diz-lhes: Entre num seguro retiro por um momento, e esconda-se até que Eu tenha
purificado a Terra de Sua iniqüidade[48].
6
- Agora minha cabeça se ergue sobre os inimigos que me cercam; vou
oferecer em sua tenda, sacrifícios de aclamação. Vou cantar, vou tocarem honra
a Iahweh!
ERGUE - Símbolo de vitória sobre seus inimigos[49].
Davi acrescentou, Agora, será exaltada a minha cabeça. Esta
expressão significa, Então Deus me concederá o triunfo. Salmos 3: 3;
110: 7. Unido ao Senhor, Davi saiu vencedor[50].
TENDA -
Cabana ou tenda designam o santuário de Jerusalém[51].
ACLAMAÇÃO - Hebraico:
teru'ah, aclamação júbilo. Este mesmo termo se emprega para descrever o
grito que acompanhou a queda dos muros de Jericó Josué 6: 5, 20. Teru'ah também
aparece em Números 23: 21; I Samuel 4: 5; II Samuel 6: 15; Salmo 33:
3; 150: 5[52].
VOU
CANTAR - Esta explosão de louvor brota de um coração tão cheio, que o
salmista expressa sua determinação explanando extensamente esta idéia[53].
EM
HONRA A IAHWEH - Como o cristão pode cultivar tal paixão por Deus?
Quando Jesus ficou na casa de Lázaro, suas irmãs, Marta e Maria, cuidaram do
Mestre. Maria se sentou aos pés do Senhor para escutar o que Ele tinha a dizer.
Quando Marta se queixou a respeito, Jesus respondeu: Marta! Marta!
Você está preocupada e inquieta com muitas coisas; todavia apenas uma é
necessária. Maria escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada. Lucas
10:41, 42.
Maria teve fome de Deus. Ela subordinou seus
deveres domésticos ao apreciado privilégio de ouvir Jesus falar. Quando Cristo
falou sobre Deus, Maria estava escutando. Ela entesourou as palavras de Cristo
a um valor supremo para sua vida. Podemos ainda escutar o Mestre, como Maria o
fez? Pela leitura meditativa dos Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas, e João no
Novo Testamento. Estes vibrantes testemunhos nunca ficarão antiquados. Eles
permanecem como o fundamento da nova aliança de Deus e a fonte da fé cristã. O
propósito destes Evangelhos é nos informar sobre os fatos da vida e obra de
Jesus. Eles têm um propósito mais elevado: Mas estes foram escritos
para que vocês creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus e, crendo, tenham
vida em seu nome. João 20: 31.
Cristo só nos liberta do fardo de real
culpabilidade e nos deixa livres para encontrar a realização de nossa alma: o
companheirismo agradável com nosso Criador. Identificando-nos com os vários
pecadores nos Evangelhos, nós podemos aceitar as palavras de Cristo de cura e
libertação também para nós mesmos e experimentar a salvação e alegria que eles
receberam.
A transformação de Saulo é um exemplo revelador
do poder de Cristo. Em seu cego zelo por Deus, Saulo perseguiu os cristãos
judeus porque eles tinham renunciado certas tradições judaicas. Quando ele
descobriu quem realmente era Jesus, o Messias de Israel, sua alma ficou para
sempre amarrada ao Messias Jesus. Como o grande apóstolo de Cristo, Paulo se
lembrava freqüentemente de seus pecados. Mas ele confiava no perdão dos pecados
pelo sangue expiatório de Jesus. Pela fé ele decidiu uma coisa: Mas
uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que ficaram para trás e avançando para
as que estão adiante, prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado
celestial de Deus em Cristo Jesus. Filipenses 3: 13 e 14.
Cada pessoa é chamada por Deus hoje para entrar no Templo divino por fé em
Cristo para receber pessoalmente o perdão e certeza, alegria e força, Hebreus
10: 19 a 22; 4: 14 a16. Este é o caminha da fé vitoriosa[54].
ORAÇÃO DE PETIÇÃO
Na
segunda parte do Salmo 27 o humor de Davi mudou
drasticamente. As expressões exuberantes de certeza de repente dão modo a
lamentos e súplicas humildes, diretamente a Deus[55].
7
- Ouve, Iahweh, meu grito de apelo, e tem piedade de mim e responde-me!
OUVE,
IAHWEH - A esta altura do Salmo,
as expressões de plena confiança dão passo a um melancólico rogo em procura de
ajuda. Por isto alguns críticos opinam que este Salmo está
composto por dois salmos diferentes; porem esta conclusão não é necessária quando
se dá por satisfeito que, apesar da confiança que o salmista tem em Deus, a
gravidade das circunstâncias o obrigava a suplicar sua ajuda em forma muito
real. Ainda que estejamos seguros do favor divino, é necessário que
constantemente reconheçamos nossa necessidade Dele e que solicitemos sua ajuda[56].
PIEDADE -
Davi compreende que mesmo como rei ele precisa da misericórdia de Deus. Ele
lembra Deus dos Seus atos de misericórdia no passado, apelando ao Senhor como o
seu Salvador[57].
8
- Meu coração diz a teu respeito: Procura sua face! É tua face Iahweh,
que eu procuro,
FACE - Procura sua face, conjunção;
Procurai minha face, hebraico - A expressão conforme Amós
5: 4 que originalmente significava ir consultar a Iahweh em
seu santuário II Samuel 21: 1, tomou um
sentido mais geral: procurar conhecê-lo viver em sua presença. Procurar
Iahweh Deuteronômio 4: 29: Salmo 40: 17; 69: 7; 105: 3; Amós 5: 4 é
servi-lo fielmente[58].
Neste
versículo se apresenta o diálogo de uma formosa relação entre Davi e Deus. Buscai
meu rosto, lhe havia dito Deus, e Davi lhe recorda o que lhe havia
ordenado; e desde o profundo do coração, replica: Teu rosto buscarei.
Aqui se revela uma relação íntima, similar a amizade que existiu entre Moisés e
Deus Êxodo 33: 11. Esta preciosa comunhão, em tempo de
necessidade, faz que a alma diga para sí mesma o conselho divino. A Formosura
do favor de Deus contemplada no rosto divino que olha seus filhos, é um dos
conceitos mais formosos do saltério. Números. 6: 25[59].
Ele
implora a Deus que não esconda dele Sua face agora que ele está em
necessidade crítica. Mas o Espírito de Deus já tinha falado ao rei, Busque
a minha face! Este é o mandamento gracioso de Deus a cada de nós: Busque
a minha face! Entre no Templo de Deus! Nossa procura por Deus não
é realmente a nossa iniciativa. Deus já estava nos procurando antes que nós
despertássemos para nossa necessidade Dele. Nosso buscar de Deus é a respostaà
Sua busca por nós. O coração de Davi responde ansiosamente, A tua face,
Senhor, buscarei. Ele respondeu à atração do amor de Deus. Ele era um homem
segundo o coração de Deus[60].
9
- não me escondas a tua face. Não afastes teu servo com ira, tu és o eu
socorro! Não me deixes, não me abandones, meu Deus salvador!
NÃO
ME ESCONDAS - Em contraste com
os planos de seus inimigos o salmista só deseja o favor de Deus, que é o
supremo bem. O verdadeiro filho de Deus encontra satisfação duradoura, não nos
bens materiais nem nos deleites sexuais, sim na convicção de que o céu aprova
sua conduta e de gozar a comunhão com Deus. Salmo 4: 6[61].
TUA
FACE - Que tremendo privilégio aceitar o mandamento de Deus de buscar
a Sua face. Em outro salmo a iniciativa divina é desenvolvida mais plenamente: Invoca-me
no dia da angústia; eu te livrarei, e tu me glorificarás. Salmo 50: 15.
Davi está a par de que Deus não está em dívida e que o Senhor pode facilmente
achar razões para irar-se com ele. Isto o levou a pedir ansiosamente, Não
rejeites com ira o teu servo. Salmo 27:9. Deus de fato tinha rejeitado
o Rei Saul, o predecessor de Davi, por causa de sua impenitência. Davi então
agarra ainda mais ao Senhor como servo de Deus: Não me desampares nem me
abandones, ó Deus, meu Salvador! Davi apreciou o seu companheirismo com Deus
mais que toda sua riqueza, como mais doce que todos os prazeres de sua
monarquia, e como até mais estável que o amor de seus próprios pais[62].
NÃO
AFASTES - Davi ora para que sua relação com Deus continue[63].
MEU
DEUS SALVADOR - Os méritos recebidos no passado sempre são uma razão
para esperar bênçãos futuras. Podemos rogar que, assim como até agora Deus nos
tem salvo, e siga exercendo seu poder em nosso favor[64].
10
- Meu pai e minha mãe me abandonaram, mas Iahweh me acolhe!
ABANDONARAM-ME - Há pais que abandonam seus filhos, porém
Deus nunca desampara a seus filhos Isaias 49: 14 15; 63: 16.
Este verso é uma espécie de provérbio[65].
Este
poeta parece totalmente abandonado por todos. Ele é considerado por outros um
homem culpado, sob a ira de Deus por causa do seu infortúnio. Mas Deus olha ao
coração de cada indivíduo e o aceita como Seu filho o pecador penitente que vem
a Ele. Quando Deus Se tornou seu pai e mãe da pessoa, ela chegou à casa do Pai.
O amor de Deus se tornou real. A alma é renascida. Por meio profeta Isaías Deus
nos assegura:
Haverá
mãe que possa esquecer seu bebê que ainda mamãe não ter compaixão do filho que
gerou? Embora ela possa esquecê-lo, eu não me esquecerei de você! Veja, eu
gravei você nas palmas das minhas mãos; seus muros estão sempre diante de mim.
Isaias 49: 15 e 16.
ME
ACOLHERÁ - O hebraico emprega o verbo asaf,
juntar, recolher. Também se usa o verbo Asaf para referir-se a
uma recepção hospitaleiraJosué 20: 4; Juizes 19: 15, 18[66].
11
- Ensina-me o teu caminho, Iahweh! Guai-me por uma vereda plana por
causa daqueles que me espreitam;
ENSINA-ME - Agora que Davi tem certeza que Deus o adotou, sua oração
escala uma nova altura e alcança a petição central do salmo inteiro[67].
TEU
CAMINHO - Como nos falta percepção espiritual, necessitamos que a luz
de Deus se projetasse sobre nosso caminho. Moisés orou por esta luzÊxodo
33:13, o salmista reconhece sempre sua necessidade dela Salmo
27: 11; 86: 11; 119: 33. Esta idéia está magnificamente expressa no
cântico cristão Divina Luz, que é uma oração. Quando oramos para poder
compreender os caminhos de Deus, de fato estamos pedindo a compreensão de seus
propósitos para poder governar com sabedoria nossa conduta. Salmo
25: 4, 5[68].
Davi
busca a Deus não só para encontrar a graça perdoadora de Deus, mas para
aprender o caminho de Deus! Além de sua necessidade de salvação, Davi tem sede
da sabedoria de Deus e de Sua direção em sua vida diária. Ele almeja uma vida
santificada, por uma vida que desfruta a companhia constante de Deus. Ele
reconhece que só o caminho de Deus é o caminho certo, o reto caminho.
Ele pede a Deus esclarecimento de forma que ele possa conhecer o caminho de
Deus e voluntariamente caminhar no caminho de Deus: Ensina-me...
Conduze-me... Não pede uma estrada fácil, mas o caminho que é certo no
olhar de Deus. Este é o seu rogo a Deus se Deus lhe concede libertação da
destruição[69].
VEREDA
PLANA - Um caminho plano. Depois de andar por caminhos ásperos e
perigosos, subindo montes sobre pedras entre espinhos, suspira com grande
alívio porque encontrou um lugar seguro e solo plano. Este é o precioso
privilégio de cada filho de Deus. Salmo 26: 12[70].
12
- não me entregues à vontade dos meus adversários, pois contra mim se
levantam falsas testemunhas, respirando violência.
VONTADE - Hebraico: néfesh, palavra
que geralmente é traduzida como alma ou vida, aqui
equivale à vontade; ânsia. No ugarítico se pode observar que nefesh não
só significa alma, mas também desejo ou vontade[71].
FALSAS
TESTEMUNHAS - Com freqüência Davi havia sido objeto de falsas
acusações Salmo 7: 3; I Samuel 24: 12; 26: 18[72].
Davi
tinha que enfrentar testemunhas falsas, falsos acusadores no tribunal. Satanás
é chamado o acusador diabolos dos irmãos, nos acusa dia e
noite diante de nosso Deus Apocalipse 12: 10. Satanás
é um inimigo poderoso, mas ainda ele não nos pode arrebatar quando Cristo é
nosso todo-poderoso Defensor.
O profeta Zacarias retratou impressivamente a
redenção de Deus em um relatório de sua visão. Ele vê o sumo sacerdote Josué,
como representante do Israel pós-exílico, levantando-se com vestes sujas no
Templo, enquanto Satanás está à sua direita, para acusá-lo diante de Deus. Mas
Deus o surpreende:Mas o Senhor disse a Satanás: O Senhor te repreende, ó
Satanás; sim, o Senhor, que escolheu a Jerusalém, te repreende; não é este um
tição tirado do fogo? Zacarias 3: 2.
Deus é realista. Ele não nega que nós sejamos
pecadores e sujos. Mas Ele tem uma resposta à Sua justiça que sempre são as
mais surpreendentes boas novas jamais anunciadas pelo próprio Deus. O Senhor nos
escolheu como Seus filhos por Sua graça! Maravilhosa graça! Isto não
significa que Ele tolera ou justifica nosso egoísmo e males. A graça de Deus
nos separa de nossa culpabilidade e pecados. Sua ordem concernente a Josué é, Tirai-lhe
as vestes sujas... Eis que tenho feito que passe de ti a tua iniqüidade e te
vestirei de finos trajes. Zacarias 3:3, 4. Esta operação divina legal é
chamada pelo apóstolo Paulo justificação pela fé independente das
obras da lei. Romanos 3: 28; 4: 4 a 6. As boas novas são que
a vida e morte de Jesus Cristo proveram os méritos todo-suficientes e justiça
para nossa justificação. Nós estamos justificados por Deus, não porque nossos
esforços eram bons, mas porque a obediência e méritos de um Homem são
perfeitos: de Jesus Cristo Romanos 5: 18 e 19.
A seguinte exortação a Josué tem grande
significado:
Assim diz o Senhor dos Exércitos: Se
você andar nos meus caminhos e obedecer aos meus preceitos, você governará a
minha casa e também estará encarregado das minhas cortes, e eu lhe darei um
lugar entre estes que estão aqui. Zacarias. 3:7.
Nós vemos em Zacarias 3 o
espectro inteiro do plano de salvação. Começa com a eleição graciosa de Deus de
homem pecador. Então Ele o reconcilia Consigo pela justificação de Sua graça e
Ele santifica o homem por Sua vontade e sabedoria. Finalmente, Ele oferece
diante do homem a promessa de glorificação eterna.
Davi teve esta esperança gloriosa para o futuro
no Salmo 27. Ele fecha seu cântico de fé em uma nota de
alegre expectativa[73].
RESPIRANDO
VIOLÊNCIA - Compare-se com as palavras usadas para descrever o intenso
zelo perseguidor de Saulo: Saulo, respirando ainda ameaças de
morte contra os discípulos do Senhor. Atos 9: 1[74].
Salmo
16: 10. Hebraico:
néfesh. Este vocábulo aparece 755 vezes no AT, dos quais 144 pertencem aos Salmos.
Frequentemente se traduz alma; porem esta é uma tradução inexata, porque o
termo alma sugere idéias não contidas em néfesh. Uma breve análise
da voz hebraica ajudará a esclarecer o sentido que os autores bíblicos lhe
davam.
Néfesh deriva da raiz nafash, verbo
que aparece só três vezes no AT Êxodo 23: 12; 31: 17; 2 Samuel 16:
14, e em cada uma destas ocasiões significa reviver, refrescar-se. O
significado básico deste verbo é respirar.
A
definição de néfesh pode deduzir-se do relato bíblico da
criação do homem Gênesis 2: 7. Aqui se afirma
que, quando Deus colocou vida no corpo que Ele havia formado, o homem se
converteu em um ser vivente; resultou que o homem é um ser vivente; constituiu
o homem como um ser vivo. A alma não existe antes que o corpo; venha a
existência quando Adão foi criado. Quando nasce uma criança, uma nova alma vem
à existência. Cada nascimento representa uma nova unidade, diferente e única,
separada de outras unidades similares. Nunca poderá fundir-se com outras;
sempre será a mesma. Poderão existir muitíssimos indivíduos parecidos, porém
nenhum será com a mesma unidade. Esta identidade única do indivíduo é a idéia
dominante que parece traduzir o termo hebreu néfesh.
A
palavra néfesh se emprega para referir-se tanto a seres
humanos como a animais. A passagem traduzida produza as águas seres
viventes Gênesis 1: 20 diz literalmente: que as águas
revolviam como enxames de néfesh jayah seres de vida.
Se chama seres de vida, ou seja, seres viventes aos
animais e as aves Gênesis 2: 19. Por isto se entende que
tanto os animais como os seres humanos são almas.
A
idéia básica do que é alma representa o indivíduo e não uma de
suas partes que pode ser nos vista diversos usos da palavra néfesh.
Seria mais correto dizer que determinada pessoa ou determinado animal é uma
alma, e não que tenha uma alma.
Desta
idéia básica de que néfesh representa o indivíduo ou a pessoa
surge seu uso idiomático como substituto do pronome pessoal. A expressão minha
alma significa, eu, meu; tua alma, tu,
e sua alma, ele ou eles.
Como
cada vez que aparece néfesh expressa uma nova unidade de vida,
muitas vezes se usa o termo como sinônimo de vida. A RVR traduz néfeshcomo vida 170
vezes, e há outros casos em que vida seria uma tradução mais
precisa ver comentário I Reis 17: 21.
Quase
sempre a voz néfesh pode traduzir-se como pessoa, indivíduo,
vida ou o pronome pessoal que corresponda. Viva minha alma por causa
de ti Gênesis 12: 13 significa viva eu por causa de ti[75].
13
- Eu creio que verei a bondade do Iahweh na terra dos vivos.
VEREI - Pode-se compreender também: Ah se eu não
devesse ver! Na época macabaica esta passagem foi interpretada em função da fé
numa vida futura[76].
BONDADE -
Davi enfatizou a libertação do perigo presente, olhou adiante à libertação da
ameaça de morte. Suas palavras se aplicam especialmente aos anciãos que
enfrentam o momento da morte. Deus não nos ajuda a repetidas vezes durante
nossa vida para nos abandonar de repente quando mais contamos com isso. Davi
expressou sua certeza de vida eterna mais claramente em outro poema: Eu,
porém, na justiça contemplarei a tua face; quando acordar, eu me satisfarei com
a tua semelhança. Salmo 17: 15.
Mas como se pode ter certeza? O que nós
precisamos é paciência, perseverança e fé quando tarda nossa salvação final. Fé
não é sentimento. Fé vive através da confiança nas infalíveis promessas de
Deus. As últimas palavras do salmo são consideradas por alguns para ser o
oráculo de encorajamento especial de Deus[77].
HOUVESSE
DESMAIADO - Estas palavras não aparecem no original. Completa-se no
sentido evidente das palavras do salmista: Que haveria sido de mim se eu não
houvesse crido na bondade de Deus? Seus inimigos são tantos e tão temíveis, que
desmaiaria se não fosse por sua completa confiança em que finalmente veria uma
revelação da bondade de Deus na terra ver Jó 19: 25 a 27.
Esta passagem assinala uma fé sublime que devesse anelar cada filho de Deus. Se
a esperança não mantiver viva sua chama, a fé poderia converter-se em temor[78].
14
- Espera em Iahweh, sê firme! Fortalece teu coração e espera em Iahweh!
ESPERA EM
IAHWEH - Primeiramente salmista
exorta a si mesmo. Sua natureza mais forte anima a sua natureza mais débil para
que esta não desespere ver comentário Salmo 25: 3[79].
FORTALECE
TEU CORAÇÃO - Ver Salmo 31: 24. Cf. o conselho de
Moisés a Josué Deuteronômio 31: 7, o conselho de Deus a
Josué Josué 1: 6[80].
O Salmo termina
com a repetição da ordem: Sim, espera em Iahweh, como si o salmista quisesse
fixar na mente do leitor a idéia de que, em todo momento de dúvida ou perigo,
em vez de nos desesperar deveríamos avançar, confiando sempre em Deus, que é
nossa fortaleza, nossa luz e nossa salvação[81].
Um
dos maiores segredos que tem ajudado alguns de nós a ter uma vida de oração
mais significativa é simplesmente deixar de estar tão apressado! Deus Se
comunica conosco de duas maneiras. Ele nos fala por meio de Sua Palavra, mas
também fala conosco pela oração. Deus tem um modo de orientar nossos
pensamentos e de produzir idéias ou convicções em nossa mente se estivermos
dispostos a esperar perante Ele, dando-lhe assim a oportunidade de fazê-lo. A
essência da oração é não se apressar em Sua presença dizendo o que temos em
mente e então retirar-se açodadamente.
Muitos,
mesmo nas horas de devoção, deixam de receber a bênção da comunhão real com
Deus. Estão em demasiada pressa. Com passos precipitados se apertam
ao atravessar o grupo dos que têm a durável presença de Cristo. Detendo-se
possivelmente um momento no recinto sagrado, mas não para esperar conselho. Não
tem tempo de ficar com o Mestre divino. E com seus fardos voltam eles a seus
trabalhos... Nada de uma parada momentânea em Sua presença, mas um contato
pessoal com Cristo... Tal a nossa necessidade[82].
Quando
acabardes de falar com Deus acerca do que lestes em vosso período de devoção, e
lhe apresentastes vossos pedidos e súplicas, concluindo o que tínheis a dizer,
ficai ali. Não vos levanteis nem saiais precipitadamente para ir ao trabalho ou
as aulas. Permanecei em Sua presença. Conservem a mente aberta as
mensagens que o Espírito Santo talvez queira transmitir-vos. Prestai atenção.
Concedei a Deus a oportunidade de suscitar pensamentos em vosso cérebro que vos
sejam úteis no decorrer do dia. Dai a oportunidade de trazer-vos a lembrança
certas coisas que de outro modo talvez tivessem esquecido. Permiti que Ele Se
comunicasse diretamente convosco, concedendo-lhe alguns momentos tranqüilos
para focalizar a vossa atenção naquilo que Ele vê que deveis considerar.
Procurar
descrever este conceito às vezes é um pouco difícil, mas eu creio na sua validade
e que, se ficarmos de joelhos durante algum tempo depois de proferirmos nossas
breves orações, descobriremos que Deus pode comunicar-Se conosco de duas
maneiras, e muito mais do que freqüentemente Lhe permitimos. Pela oração
sincera somos postos em ligação com o infinito[83].
Quando
Moisés morreu, Josué, o filho de Num, foi comissionado para conduzir Israel na
terra prometida com estas palavras encorajadoras, Seja forte e
corajoso, porque você conduzirá este povo para herdar a terra que prometi sob
juramento aos seus antepassados. . . . Seja forte e corajoso! Não se apavore,
nem desanime, pois o Senhor, o seu Deus, estará com você por onde você andar.
Josué 1:6, 9. O cristão crê neste Deus de Israel que é o Salvador e
Justificador de todos os que Nele confiam.
Paulo proclama triunfalmente: Quem
fará alguma acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica...
Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou
perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada?... Mas, em todas estas
coisas somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Pois estou
convencido de que nem morte nem vida... Nem qualquer outra coisa na criação
será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso
Senhor. Romanos 8: 33, 35, 37 a 39[84].
LEITURA ADICIONAL
Por que Existe o Mal
Propôs-lhes outra parábola, dizendo: O
reino dos céus é semelhante ao homem que semeia boa semente no seu campo; mas,
dormindo os homens, veio o seu inimigo, e semeou o joio no meio do trigo, e
retirou-se. E, quando a erva cresceu e frutificou, apareceu também o joio.
Mateus 13: 24 a 26.
O campo, disse Cristo, é o mundo. Mateus 13: 38.
Precisamos, porém, entender isto como significativo da igreja de Cristo no
mundo. A parábola é uma descrição pertinente ao reino de Deus, Sua obra pela
salvação dos homens, e esta obra é executada pela igreja. Em verdade, o
Espírito Santo saiu a todo o mundo; opera no coração dos homens em toda parte;
mas é na igreja que devemos crescer e sazonar para o celeiro de Deus.
O que semeia a boa semente é o Filho do homem,
... A boa semente são os filhos do reino, e o joio são os filhos do maligno.
Mateus 13: 37 e 38.
Aboa semente representa aqueles que são nascidos da Palavra de Deus, da
verdade. O joio representa uma classe que é o fruto ou encarnação do erro, de
princípios falsos. O inimigo que o semeou é o diabo. Mateus
13: 39. Nem Deus nem os anjos jamais semearam semente que produzisse
joio. O joio é sempre lançado por Satanás, o inimigo de Deus e do homem.
No Oriente, os homens vingavam-se muitas vezes
do inimigo, espalhando sementes de qualquer erva daninha, muito semelhante ao
trigo, em crescimento, em seu campo recém-semeado. Crescendo com o trigo
prejudicava a colheita, e causava fadigas e prejuízos ao proprietário do campo.
Assim Satanás, induzido por sua inimizade a Cristo, espalha a má semente entre
o bom trigo do reino. O fruto de sua semeadura atribui ele ao Filho de Deus.
Introduzindo na igreja aqueles que levam o nome de Deus, conquanto Lhe neguem o
caráter, faz o maligno que Deus seja desonrado, a obra da salvação mal
representada e almas postas em perigo.
Dói aos servos de Cristo ver misturados na
congregação crentes falsos e verdadeiros. Anseiam fazer alguma coisa para
purificar a igreja. Como os servos do pai de família, estão dispostos a
arrancar o joio. Mas Cristo lhes diz: Não; para que, ao colher o
joio, não arranqueis também o trigo com ele. Deixai crescer ambos juntos até a
ceifa. Mateus 13: 29 e 30.
Cristo ensinou claramente que aqueles que
perseveram em pecado declarado devem ser desligados da igreja; mas não nos
confiou à tarefa de ajuizar sobre caracteres e motivos. Conhece demasiado bem
nossa natureza para que nos delegasse esta obra. Se tentássemos desarraigar da
igreja os que supomos serem falsos cristãos, certamente cometeríamos erro.
Muitas vezes consideramos casos perdidos justamente aqueles que Cristo está
atraindo a Si. Se devêssemos proceder com essas pessoas segundo nosso
parecer imperfeito, extinguir-se-ia talvez sua última esperança. Muitos que se
julgam cristãos serão finalmente achados em falta. Haverá muitos no Céu, os
quais seus vizinhos supunham que lá não entrariam. O homem julga segundo a
aparência; mas Deus vê o coração. O joio e o trigo devem crescer juntos até a
ceifa; e a colheita é o fim do tempo da graça.
Há nas palavras do Salvador ainda outra lição,
uma lição de maravilhosa longanimidade e terno amor. Como o joio tem as raízes
entrelaçadas com as do bom trigo, assim falsos irmãos podem estar na igreja,
intimamente ligados com os discípulos verdadeiros. O verdadeiro caráter desses
pretensos crentes não é plenamente manifesto. Caso fossem desligados da
congregação, outros poderiam ser induzidos a tropeçar, os quais, se não fosse
isto, permaneceriam firmes.
A lição dessa parábola é ilustrada pelo proceder
de Deus para com os homens e os anjos. Satanás é um enganador. Ao pecar ele no
Céu, nem mesmo os anjos fiéis reconheceram plenamente seu caráter. Esta é a
razão por que Deus não o destruiu imediatamente. Se o tivesse feito, os santos
anjos não teriam percebido o amor e a justiça de Deus. Uma só dúvida quanto à
bondade de Deus teria sido como má semente, que produziria o amargo fruto do
pecado e da desgraça. Por isto foi poupado o autor do mal, para desenvolver
plenamente seu caráter. Durante longos séculos, suportou Deus a angústia de
contemplar a obra do mal. Preferiu dar a infinita Dádiva do Gólgota, a deixar
alguém ser induzido pelas falsas representações do maligno; pois o joio não
podia ser arrancado, sem o risco de desarraigar a preciosa semente. E não
seremos tão clementes para com nossos semelhantes, como o Senhor do Céu e da
Terra o é para com Satanás?
Por haver na igreja membros indignos, não tem o
mundo o direito de duvidar da
verdade do cristianismo, nem devem os cristãos desanimar por causa destes
falsos irmãos. Como foi com a igreja primitiva? Ananias e Safira uniram-se aos
discípulos. Simão Mago foi batizado. Demas, que abandonou a Paulo, era
considerado crente. Judas Iscariotes foi um dos apóstolos. O Redentor não quer
perder uma única pessoa. Sua experiência com Judas é relatada para mostrar Sua
longanimidade com a corrompida natureza humana; e nos ordena sermos pacientes
como Ele o foi. Disse que até ao fim do tempo haveria falsos irmãos na
igreja.
Apesar da advertência de Cristo, têm os homens
procurado arrancar o joio. Para punir os que foram considerados malfeitores,
tem a igreja recorrido ao poder civil. Os que divergiram das doutrinas
dominantes foram encarcerados, martirizados e mortos por instigação de homens
que pretendiam agir sob a sanção de Cristo. Mas atos tais são inspirados pelo
espírito de Satanás, não pelo Espírito de Cristo. Esse é o método peculiar de
Satanás de submeter o mundo a seu domínio. Por esta maneira de proceder com os
supostos hereges, Deus tem sido mal representado pela igreja.
Na parábola de Cristo não nos é ensinado que
julguemos e condenemos a outros, antes sejamos humildes e desconfiemos do eu.
Nem tudo que é semeado no campo é bom trigo. O estarem os homens na igreja não
prova que são cristãos.
O joio era muito semelhante ao trigo enquanto as
hastes estavam verdes; mas quando o campo estava branco para a ceifa, a erva
inútil nada se parecia com o trigo, que vergava ao peso das espigas cheias e
maduras. Pecadores que pretendem ser piedosos, confundem-se por algum tempo com
os verdadeiros seguidores de Cristo, e a aparência de cristianismo tende a
enganar a muitos; mas não haverá, na sega do mundo, semelhança entre os bons e
os maus. Então, serão manifestos aqueles que se ligaram à igreja, mas não a
Cristo.
É permitido ao joio crescer entre o trigo,
desfrutar os mesmos privilégios de sol e chuva; mas no tempo da ceifa será
vista a diferença entre o justo e o ímpio; entre o que serve a Deus
e o que não O serve. Malaquias 3: 18. Cristo mesmo decidirá quem é
digno de ser membro da família celestial. Julgará todo homem segundo suas
palavras e obras. A religião nada pesa na balança. O caráter é que decide o
destino.
O Salvador não aponta a um tempo em que todo o
joio se tornará trigo. O trigo e o joio crescem juntos até a ceifa, o fim do
mundo. Então o joio será atado em molhos para ser queimado, e o trigo será
recolhido no celeiro de Deus. Então, os justos resplandecerão como o Sol, no
reino de seu Pai. Mateus 13: 43. Mandará o Filho do homem os Seus anjos, e eles
colherão do Seu reino tudo o que causa escândalo e os que cometem iniqüidade. E
lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali, haverá pranto e ranger de dentes. Mateus
13: 41 e 42[85].
Bem-aventurados os que sofrem perseguição por
causa da justiça, porque deles é o reino dos Céus. Mateus 5: 10.
O Seu seguidor não dá Jesus nenhuma esperança de
glória ou riquezas terrestres ou de uma vida livre de tentações, mas
mostra-lhes o privilégio de trilhar com o Senhor o caminho da abnegação e
suportar calúnias do mundo que os não conhecemos.
A Ele que viera para salvar o mundo perdido,
opôs-se unidas as forças do inimigo de Deus e dos homens. Em cruel conspiração
levantaram-se os homens e anjos maus contra o Príncipe da paz. Embora cada
palavra e ação testificassem da compaixão divina, Sua falta de semelhança com o
mundo provocava a mais amarga inimizade. Porque não consentisse em nenhuma
inclinação má da natureza humana, despertou a mais feroz oposição e inimizade.
Assim acontece a todos quantos desejam viver piamente em Cristo Jesus.
Entre a justiça e o pecado, amor e ódio, verdade e falsidade há conflito
irreprimível. Quem manifestar, na conduta, o amor de Cristo e a beleza da
santidade, subtrai a Satanás os seus súditos, e por isso o príncipe das trevas
contra ele se levanta. Opróbrio e perseguições atingirão a todos os que estão
cheios do espírito de Cristo. A maneira das perseguições poderá mudar com o
tempo, mas o fundamento, o espírito que lhes serve de base, é o mesmo que,
desde os tempos de Abel, assassinou os escolhidos de Deus.
Logo que os homens procuram viver em
harmonia com Deus, acharão que o escândalo da cruz ainda não findou.
Principados, potestades e exércitos espirituais da maldade nos lugares
celestiais, estão voltados contra todos os que se submetem obedientemente à lei
celestial. Por isso, aos discípulos de Cristo, deveriam as perseguições causar
alegria, em lugar de tristeza, porque elas são uma demonstração de que seguem
os passos do Senhor.
Conquanto o Senhor não prometa estarem Seus
servos livres de perseguição, assegura-lhes coisa muito melhor. Diz Ele: A
tua força será como os teus dias. Deuteronômio 33: 25. A Minha graça
te basta, porque o Meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. II Corintios 12: 9.
Quem precisar, por amor de Cristo, passar pelo calor da fornalha, terá ao lado o
Senhor, como os três fiéis de Babilônia. Quem amar ao Redentor, alegrar-se-á em
todas as ocasiões, de participar das Suas humilhações e insultos. O amor de
Jesus torna doces os sofrimentos.
Em todos os tempos, Satanás perseguiu, torturou
e matou os filhos de Deus; mas, morrendo eles, tornaram-se vencedores.
Testemunharam em sua perseverante fidelidade que Alguém mais poderoso que o
inimigo, estava com eles. Satanás podia torturar-lhes o corpo e matá-los, mas
não tocar na vida que, com Cristo, estava escondida em Deus. Encerrou-os nas
masmorras, mas não pôde prender-lhes o espírito. Os prisioneiros, através da
escuridão do cárcere, podiam olhar para a glória e dizer: Porque
para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para
comparar com a glória que em nós há de ser revelada. Romanos 8: 18. Porque a
nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui
excelente. II Coríntios 4: 17.
Pelo sofrimento e perseguição, a glória, o
caráter, de Deus será manifestada em Seus escolhidos. A igreja de
Deus, odiada e perseguida pelo mundo, é educada e disciplinada na escola de
Cristo; caminha na Terra pela estrada estreita, é purificada na fornalha da
aflição, segue o Senhor através de duras batalhas, exercita-se na abnegação e
sofre amargas experiências, mas reconhece por tudo isso a culpa e a miséria do
pecado e aprende a afugentá-lo.
Visto tomar parte nos sofrimentos de Cristo, o
sofredor participará também de Sua glória. Em visão, contemplou o
profeta a vitória do povo de Deus. Diz ele: E vi um como mar de
vidro misturado com fogo e também os que saíram vitoriosos da besta, e da sua
imagem, e do seu sinal, e do número do seu nome, que estavam junto ao mar de
vidro e tinham as harpas de Deus. E cantavam o cântico de Moisés, servo de
Deus, e o cântico do Cordeiro, dizendo: Grandes e maravilhosas são as Tuas
obras, Senhor, Deus Todo-poderoso! Justos e verdadeiros são os Teus caminhos, ó
Rei dos santos! Apocalipse 15: 2 e 3. Estes são os que vieram de grande
tribulação, lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro. Por
isso estão diante do trono de Deus e O servem de dia e de noite no Seu templo;
e Aquele que está assentado sobre o trono os cobrirá com a Sua sombra.
Apocalipse 7: 14 e 15.
Bem-aventurados sois vós quando vos injuriarem.
Mateus 5: 11.
Sempre, desde sua queda, Satanás tem operado
mediante enganos. Como tem apresentado falsamente a Deus, assim, mediante seus
agentes, o apresentam de maneira desfigurada os filhos de Deus. Diz o Salvador: As
afrontas dos que Te afrontam caíram sobre Mim. Salmo 69: 9. Assim
recaem elas sobre os Seus discípulos.
Jamais houve alguém que andasse entre os homens
mais cruelmente caluniados do que o Filho do homem. Era desprezado e
escarnecido por causa de Sua incondicional obediência aos princípios da santa
lei de Deus. Aborreceram-nO sem causa. Todavia Ele permanecia calmo perante
Seus inimigos, declarando que o sofrimento é uma parte do legado dos cristãos,
aconselhando Seus seguidores quanto à maneira de enfrentar as setas da
perversidade, pedindo-lhes que não desfalecessem sob a perseguição.
Conquanto a calúnia possa enegrecer a reputação,
não pode manchar o caráter. Este se encontra sob a guarda de Deus. Enquanto não
consentirmos em pecar, não há poder, diabólico ou humano, que nos possa trazer
uma nódoa à alma. Um homem cujo coração está firme em Deus é, na hora de suas
mais aflitivas provações e desanimadoras circunstâncias, o mesmo que era quando
em prosperidade, quando sobre ele pareciam estar à luz e o favor de Deus. Suas
palavras, seus motivos, suas ações, podem ser desfigurados e falsificados, mas
ele não se importa, pois têm em jogo maiores interesses. Como Moisés, fica firme
como vendo o invisível Hebreus 11: 27; não atentando nas coisas
que se vêem, mas nas que se não vêem. II Coríntios 4: 18.
Cristo está a par de tudo quanto é
mal-interpretado e desfigurado pelos homens. Seus filhos podem esperar com
serena paciência e confiança, por mais que sofram malignidade e desprezo; pois
nada há oculto que não haja de manifestar-se, e aqueles que honram a Deus hão
de por Ele ser honrados na presença dos homens e dos anjos[86].
12 - Alegrai-vos
e regozijai-vos, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois foi assim
que perseguiram os profetas, que vieram antes de vós.
ANTES
DE VÓS - Os discípulos são os sucessores dos profetas cfe. 10:
41; 13: 17; 23: 24[87].
Quando vos injuriarem, e perseguirem, disse Jesus, exultai e alegrai-vos.
Mateus 5: 11 e 12. E apontou aos Seus ouvintes os profetas que
falaramem nome do Senhor, como exemplo de aflição e paciência. Tiago
5: 10. Abel, o primeiro cristão dos filhos de Adão, morreu mártir.
Enoque andou com Deus, e o mundo não o conheceu. Noé foi escarnecido como
fanático e alarmista. Outros experimentaram escárnios e açoites, e
até cadeias e prisões.Outros foram torturados, não aceitando
o seu livramento, para alcançarem uma melhor ressurreição. Hebreus 11: 36 e 35.
Em todos os séculos os escolhidos mensageiros de
Deus têm sido ultrajados e perseguidos; não obstante, mediante seus sofrimentos
foi o conhecimento de Deus disseminado no mundo. Todo discípulo de Cristo tem
de ingressar nas fileiras e levar avante a mesma obra, sabendo que seu inimigo
nada pode fazer contra a verdade, senão pela verdade. Deus pretende que a
verdade seja posta pela frente, se torne objeto de exame e consideração, a
despeito do desprezo que lhe votem. O espírito do povo deve ser agitado; toda
polêmica, toda crítica, todo esforço para restringir a liberdade de
consciência, é um instrumento de Deus para despertar as mentes que, do
contrário, ficariam sonolentas.
Quantas vezes se têm observado esses resultados
na história dos mensageiros de Deus! Quando o nobre e eloqüente Estevão foi
apedrejado por instigação do conselho do Sinédrio, não houve nenhum prejuízo
para a causa do evangelho. A luz do Céu a iluminar-lhe o semblante, a divina
compaixão que transpirava de sua oração quando moribundo, foi qual penetrante
seta de convicção para os fanáticos membros do Sinédrio ali
presentes, e Saulo, o fariseu perseguidor, tornou-se um vaso escolhido para
levar diante dos gentios, dos reis e dos filhos de Israel, o nome de Cristo. E
muito depois Paulo, já envelhecido, escreveu de sua prisão em Roma: Verdade é
que também alguns pregam a Cristo por inveja e porfia,... Não puramente,
julgando acrescentar aflição às minhas prisões. Mas que importa? Contanto que
Cristo seja anunciado de toda a maneira, ou com fingimento, ou em verdade.
Filipenses 1: 15, 17 e 18. Por meio da prisão de Paulo o evangelho foi
difundido, e almas ganhas para Cristo no próprio palácio dos Césares. Pelos
esforços de Satanás para destruí-la, a incorruptível semente
da Palavra de Deus, viva e que permanece para sempre. I Pedro 1:23,
é semeada no coração dos homens; mediante o sofrimento e a perseguição de Seus
filhos, o nome de Cristo é magnificado, e almas são salvas.
Grande é no Céu o galardão dos que testemunham em
favor de Cristo por meio de perseguição e opróbrio. Enquanto o povo está
esperando bens terrenos, Jesus os encaminha a uma recompensa celestial. Não a
coloca, entretanto, inteiramente na vida futura; ela começa aqui. O Senhor
apareceu na antiguidade a Abraão, dizendo: Eu sou o teu escudo, o
teu grandíssimo galardão. Gênesis 15: 1. Esta é a recompensa de todos
quantos seguem a Cristo. Iahweh Emanuel; Aquele em quem estão
escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência, em quem habita
corporalmente toda a plenitude da divindade. Colossenses 2: 3 e 9; ser
levado a sentir em correspondência com Ele, conhecê-Lo, possuí-Lo, à
medida que o coração se abre mais e mais para receber-Lhe os atributos;
conhecer-Lhe o amor e o poder, possuir as insondáveis riquezas de Cristo,
compreender mais e mais qual seja a largura, e o comprimento, e a
altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo
entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus. Efésios 3: 18
e 19; esta é a herança dos servos do Senhor e a sua justiça que vem de Mim, diz o
Senhor. Isaias 54:17.
Foi esta alegria que encheu o coração de Paulo e
Silas quando oravam e cantavam louvores a Deus à meia-noite, na prisão de
Filipos. Cristo Se achava ali ao seu lado, e a luz de Sua presença irradiava na
escuridão com a glória das cortes celestes. De Roma escreveu Paulo, esquecido
de suas cadeias, ao ver a difusão do evangelho: Nisto me regozijo e
me regozijarei ainda. Filipenses 1: 18. E as próprias palavras de
Cristo sobre o monte são ecoadas na mensagem de Paulo à igreja dos filipenses,
em meio das perseguições que sofriam: Regozijai-vos, sempre, no
Senhor; outra vez digo: regozijai-vos. Filipenses 4: 4[88].
[1] Desejado de Todas as Nações, p. 287.
[2] CBASD, Vol. 5, p. 319.
[3] CBASD, Vol. 5, p. 319.
[4] Comentário ao Novo Testamento, Mateus, vol. 1, William Barclay. Editora Clie, pp. 133 a 138.
[5] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 62.
[6] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 63.
[7] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 64.
[8] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 65.
[9] O Maior Discurso de Cristo, pp. 29 a 31.
[10] CBASD, Vol. 5, p. 729.
[11] CBASD, Vol. 5, pp. 319 e 320.
[12] Comentário ao Novo Testamento, Mateus, vol. 1, William Barclay. Editora Clie, pp. 138 a 142.
[13] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 66.
[14] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 67.
[15] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 68.
[16] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 69.
[17] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 70.
[18] Educação, p. 159.
[19] CBASD, vol. 3, p. 703.
[20] Libertação nos Salmos, Salmo 27, Hans LaRondelle, pp. 2 e 3.
[21] CBASD, vol. 3, p. 703.
[22] Libertação nos Salmos, Salmo 27, Hans LaRondelle, pp. 3 e 4.
[23] CBASD, vol. 3, p. 678.
[24] CBASD, vol. 3, p. 787.
[25] CBASD, vol. 3, p. 703.
[26] CBASD, vol. 3, p. 703.
[27] CBASD, vol. 3, p. 703.
[28] CBASD, vol. 3, p. 703.
[29] Libertação nos Salmos, Salmo 27, Hans LaRondelle, p. 5.
[30] CBASD, vol. 3, p. 703.
[31] CBASD, vol. 3, p. 643.
[32] Libertação nos Salmos, Salmo 27, Hans LaRondelle, pp. 5 e 6.
[33] CBASD, vol. 3, p. 703.
[34] Libertação nos Salmos, Salmo 27, Hans LaRondelle, p. 6.
[35] CBASD, vol. 3, p. 703.
[36] Libertação nos Salmos, Salmo 27, Hans LaRondelle, p. 6.
[37] Libertação nos Salmos, Salmo 27, Hans LaRondelle, pp. 6 e 7.
[38] Manuscrito 24, 1891.
[39] Signs of the Times, 6 de dezembro de 1877.
[40] Orientação da Criança, p. 140
[41] Manuscrito 7, 1888.
[42] Libertação nos Salmos, Salmo 27, Hans LaRondelle, p. 8.
[43] CBASD, vol. 3, p. 703.
[44] CBASD, vol. 3, p. 703.
[45] Libertação nos Salmos, Salmo 27, Hans LaRondelle, p. 7.
[46] The Youth’s Instructor, maio de 1854.
[47] Review and Herald, 15 de março de 1887.
[48] Carta 264, 1903.
[49] CBASD, vol. 3, p. 703.
[50] Libertação nos Salmos, Salmo 27, Hans LaRondelle, p. 8.
[51] BJ, p. 974.
[52] CBASD, vol. 3, p. 703.
[53] CBASD, vol. 3, p. 704.
[54] Libertação nos Salmos, Salmo 27, Hans LaRondelle, pp. 7 e 8.
[55] Libertação nos Salmos, Salmo 27, Hans LaRondelle, p. 9.
[56] CBASD, vol. 3, p. 704.
[57] Libertação nos Salmos, Salmo 27, Hans LaRondelle, p. 9.
[58] BJ, p. 974.
[59] CBASD, vol. 3, p. 704.
[60] Libertação nos Salmos, Salmo 27, Hans LaRondelle, p. 9.
[61] CBASD, vol. 3, p. 645.
[62] Libertação nos Salmos, Salmo 27, Hans LaRondelle, pp. 9 e 10.
[63] CBASD, vol. 3, p. 704.
[64] CBASD, vol. 3, p. 704.
[65] CBASD, vol. 3, p. 704.
[66] CBASD, vol. 3, p. 704.
[67] Libertação nos Salmos, Salmo 27, Hans LaRondelle, p. 10.
[68] CBASD, vol. 3, p. 704.
[69] Libertação nos Salmos, Salmo 27, Hans LaRondelle, p. 11.
[70] CBASD, vol. 3, p. 702.
[71] CBASD, vol. 3, p. 704.
[72] CBASD, vol. 3, p. 704.
[73] Libertação nos Salmos, Salmo 27, Hans LaRondelle, pp. 11 e 12.
[74] CBASD, vol. 3, p. 704.
[75] CBASD, vol. 3, pp. 673 e 674.
[76] BJ, p. 975.
[77] Libertação nos Salmos, Salmo 27, Hans LaRondelle, pp. 12 e 13.
[78] CBASD, vol. 3, p. 704.
[79] CBASD, vol. 3, p. 704.
[80] CBASD, vol. 3, p. 704.
[81] CBASD, vol. 3, p. 704.
[82] Educação, pp. 260 e 261.
[83] Fé que Opera, Morris Venden, MM 1981, p. 123.
[84] Libertação nos Salmos, Salmo 27, Hans LaRondelle, p. 13.
[85] Parábolas de Jesus, pp. 70 a 75.
[86] O Maior Discurso de Cristo, pp. 29 a 31.
[87] BJ, p. 1.846.
[88] O Maior Discurso de Cristo, pp. 31 a 35.
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