Adão e Eva tinham, no Jardim do Éden, perfeita comunhão com Deus e o melhor ambiente que se possa imaginar. Com acesso à árvore da vida, eles não envelheciam, nem adoeciam. Quase não tinham restrições; um fruto somente era proibido. Mas o diabo, na forma de uma serpente, tentou Eva e ela comeu do fruto proibido, e o repartiu com Adão. Essa desobediência fez com que eles fossem separados de Deus, expulsos do jardim, e privados da árvore da vida. Mas Deus desejava trazer o homem de volta à perfeita harmonia com ele. Para isso tinha desenvolvido um plano restaurador antes mesmo de haver criado o mundo. Quando o primeiro casal pecou, ele começou a desenvolver esse plano progressivamente. Através do Velho Testamento, Deus fez promessas importantes que levaram o homem a entender como o Senhor haveria de reconciliá-los consigo.
Ameaça à serpente
Imediatamente depois do pecado do homem, Deus amaldiçoou o diabo: "Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar" (Gênesis 3:15). Essas palavras revelavam como Satanás continuaria a opor-se aos melhores interesses do homem, mas um descendente da mulher destruiria o poder dele. A referência ao descendente da mulher é incomum, porque quase sempre a linhagem é traçada através do homem. À luz do cumprimento podemos ver como essa declaração foi apropriada, uma vez que o descendente em questão, Jesus Cristo, não teria um pai terrestre. A derrota de Satanás é descrita na forma de um homem pisando sobre uma serpente, assim ferindo seu próprio calcanhar, mas esmagando a cabeça dela. Essa promessa seria cumprida de um modo notavelmente claro.
Promessas a Abraão
Muitas gerações mais tarde, Deus chamou Abraão para sair de sua pátria e vagar como peregrino numa terra estranha. Abraão confiou em Deus e fez como ele mandou. Deus prometeu a Abraão três coisas: "De ti farei uma grande nação"; "Em ti serão benditas todas as famílias da terra" e "Darei à tua descendência esta terra". A história bíblica traça o cumprimento dessas promessas.
A família de Abraão continuou peregrinando na terra de Canaã até o tempo de seu neto, Jacó. Este se mudou com sua família para o Egito, onde ela começou a multiplicar-se rapidamente. Seus descendentes se tornaram tão numerosos que os governantes egípcios se preocuparam que eles pudessem tentar dominar o país. Como resultado, escravizaram a família de Abraão, mas Deus foi fiel à sua promessa e chamou Moisés para libertar o povo. Através de Moisés, Deus feriu o Egito com dez pragas, fazendo com que os egípcios libertassem os descendentes de Abraão, agora chamados israelitas. Moisés levou-os do Egito até o Monte Sinai, onde Deus fez uma aliança com eles. Por esse tempo, a promessa de Deus de fazer da família de Abraão uma grande nação tinha sido cumprida. Havia mais de 600.000 homens adultos, além das mulheres e crianças.
A geração que saiu do Egito foi incapaz de possuir a terra prometida, mas seus descendentes o fizeram. Guiados por Josué, a nação entrou na terra onde Abraão tinha peregrinado e a conquistaram. Observe a declaração clara do cumprimento da promessa de Deus. "Desta maneira, deu o SENHOR a Israel toda a terra que jurara dar a seus pais; e a possuíram e habitaram nela" (Josué 21:43; veja também Josué 23:14-15; 1 Reis 4:21; Neemias 9:7-8). Deus advertiu-os que se o desobedecessem, seriam expulsos da terra prometida (Deuteronômio 8:19-20; 28:63-65). Eles desobedeceram e foram levados cativos pelos assírios e babilônios séculos mais tarde.
A promessa mais importante que Deus fez a Abraão foi que um dos seus descendentes abençoaria todas as nações do mundo. Essa promessa foi mais explícita do que aquela em Gênesis 3, no qual um descendente da mulher esmagaria a Satanás. Tal agora não seria qualquer descendente da mulher, mas também um descendente de Abraão. O esmagamento da serpente por ele resultaria em bênçãos para todas as famílias da terra.
Promessa a Davi
Séculos depois da promessa feita a Abraão, Natã apresentou uma promessa de Deus a Davi: "Quando teus dias se cumprirem e descansares com teus pais, então, farei levantar depois de ti o teu descendente, que procederá de ti, e estabelecerei o seu reino" (2 Samuel 7:12). Essa promessa explicava mais sobre a intenção de Deus, revelando que seria através de um descendente de Davi que as promessas anteriores seriam cumpridas. Isto não era uma alteração do plano de Deus, uma vez que Davi era um descendente de Abraão, mas definia de qual família israelita viria o descendente prometido. Este não somente esmagaria a serpente e abençoaria todas as famílias da terra, como também estabeleceria um reino eterno.
Os profetas expuseram com mais detalhes a promessa feita a Davi. Ele mesmo havia predito que o rei serviria como sacerdote em seu trono (Salmos 110). Amós ligou a reconstrução da tenda de Davi às bênçãos aos gentios prometidas a Abraão (Amós 9:11-12). Isaías falou da natureza justa de seu reinado (Isaías 9:6-7; 11:1-10) e Jeremias revelou que ele seria fiel (Jeremias 23:5-6). Ezequiel mostrou que não haveria coroa para os descendentes de Davi desde o tempo do cativeiro até que o descendente prometido chegasse (Ezequiel 21:25-27). Ele também caracterizou o rei que haveria de vir como um pastor que cuidaria de seu povo com brandura (Ezequiel 34:23-24; 37:24-25).
Expectativa
Ao tempo do Novo Testamento, muitos previram o cumprimento dessas promessas maravilhosas. Simeão "esperava a consolação de Israel" (Lucas 2:25). Ana representava aqueles que"esperavam a redenção de Jerusalém" (Lucas 2:38). José de Arimatéia "esperava o reino de Deus" (Lucas 23:51). Deus tinha preparado pessoas espirituais para o desenvolvimento de seu plano. Suas muitas promessas e a exposição delas pelos profetas despertaram certa expectativa nos corações do seu povo.
Os primeiros anúncios de que aquelas grandes promessas estavam sendo cumpridas deram alegria aos que ouviram as notícias. O anjo Gabriel disse a Maria: "Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; Deus, o Senhor, lhe dará o trono de Davi, seu pai; ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim" (Lucas 1:32-33). Zacarias, inspirado pelo Espírito Santo, falou como Deus estava cumprindo as promessas que havia feito a Davi e a Abraão (Lucas 1:67-79, especialmente 69,73). João Batista e, mais tarde, Jesus e seus discípulos pregaram: "O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo" (Marcos 1:15, veja também Mateus 3:2; 4:17; 10:7).
Cumprimento
Jesus cumpriu aquelas grandes promessas. Ele esmagou a cabeça de Satanás. O propósito da missão de Jesus foi amarrar "o homem forte" (o diabo) e tirar dele as almas que estavam sob seu domínio (Mateus 12:29; 1 João 3:8). Horas antes da crucificação, Jesus avisou que aquele seria o tempo da grande derrota do diabo: "Chegou o momento de ser julgado este mundo, e agora o seu príncipe será expulso" (João 12:31; veja também 14:30; 16:11). Sua crucificação e ressurreição cumpriram exatamente o que Deus tinha predito no Éden (Gênesis 3): Jesus, descendente da mulher, esmagou a cabeça de Satanás e assim feriu seu próprio calcanhar. Ele triunfou sobre as forças do mal (Colossenses 2:15; 1 Pedro 3:22) e conquistou a morte e o Hades (Apocalipse 1:17-18). Em resumo, "Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também ele, igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo, e livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida" (Hebreus 2:14-15).
Jesus era o descendente de Abraão, através do qual Deus abençoou todas as famílias da terra. As Escrituras definem cuidadosamente a linhagem de Jesus de modo a demonstrar que ele estava qualificado para cumprir as promessas que Deus fez (Mateus 1:1-17; Lucas 3:23-38). Através de Jesus a bênção prometida a Abraão chegou aos gentios (Gálatas 3:14; Atos 3:18-26; 26:6) e Abraão se tornou o pai de muitas nações (Romanos 4:9-17).
Jesus, um descendente de Davi, estabeleceu um reinado eterno. Várias das próprias passagens nas quais os profetas expuseram essa promessa são citadas explicitamente no Novo Testamento, como aplicando-se hoje ao reino de Cristo. Pedro citou a profecia do Salmos 110, que o Cristo reinaria como sacerdote em seu trono e declarou: "Esteja absolutamente certa, pois, toda a casa de Israel de que a este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo" (Atos 2:36). A profecia de Amós foi lembrada por Tiago em Atos 15:13-18 e a de Isaías por Paulo em Romanos 15:12. Jesus, "a Raiz e a Geração de Davi", foi exaltado sobre todas as coisas como Rei dos reis e Senhor dos senhores (Apocalipse 19:16; 22:16).
Deus resolveu o problema do pecado e restaurou a comunhão outrora rompida no Éden. Ele preparou o povo através de promessas e profecias, e no tempo certo (Tito 1:3; 1 Timóteo 2:6) enviou Jesus para cumprir tudo o que ele tinha anunciado. A Deus seja a glória.
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quinta-feira, 13 de março de 2014
Grandes Promessas de Deus...
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