Ele os viu chegar. Tochas em movimento, entre as árvores, à medida que a multidão avançava a seu encontro. O coração dele deve ter batido mais forte, e a adrenalina deve ter acelerado enquanto pensava: "É agora!" O inimigo havia chegado, orquestrado pelo antigo Grande Dragão. O seu tempo havia chegado.
Ele tomou à frente dos discípulos, todos confusos, ainda em estado de sonolência por dormir pouco e pelo muito estudo. Jesus, naquelas últimas horas, havia insistido com eles, tentando passar o ensino que lhes guiaria por toda a vida. Erguendo-se do chão que usaram de cama, eles depararam com uma multidão unificada formada de vários membros: soldados do templo, judeus livres, e escravos, todos enviados para pegar Jesus Cristo em flagrante, aproveitando a escuridão daquelas horas.
Quando ficou claro que Judas tinha vindo para trair a Jesus, entregando-o a seus inimigos, os discípulos começaram a se agitar. Eles pegaram as duas espadas para defender o seu Mestre. Duas espadas contra várias outras, mas estavam mostrando uma coragem que não voltariam a mostrar até no Pentecostes, dois meses depois (quando acusariam os seus irmãos de haverem crucificado o Filho de Deus). Pedro, como de costume, colocando o coração à frente da razão, partiu para o ataque. Ele manejou sua arma contra as fileiras diante dele, com a intenção de mutilar ou matar. Os homens se espalharam, fugindo de seu ataque impulsivo. Provavelmente os soldados desembainharam as espadas, as quais empunharam em defesa própria. Era inevitável que houvesse derramamento de sangue.
Um infeliz servo do sumo sacerdote foi um pouco lento para evitar a espada de Pedro. Ele moveu a cabeça para o lado, e o aço escorregou pelo seu rosto, cortando fora com perfeição a sua orelha direita.
Sua reação normal seria pôr a mão sobre a ferida em formato de concha, depois examinar a mão. O sangue jorrando em excesso certamente o fez cair de joelhos, vasculhando no escuro pelo chão a orelha perdida. Fico pensando se alguém disse alguma coisa enquanto ele soluçava, gritava e choramingava em dor e pânico.
Então o maravilhoso Jesus, sempre Senhor da situação, abaixou-se para tocar e emendar a orelha. Ele uniu novamente a orelha à cabeça; o sangramento se estancou, e o homem estava inteiro de novo.
Não posso entender por que Mateus (26:51-52) e Marcos (14:47) dedicaram tão poucos versículos a essa história fascinante e nem sequer mencionaram a cura. João (18:10-11) forneceu detalhes como o fato de que tinha sido Pedro quem atingiu, e Malco quem foi acertado. Mas ele, também, omite o milagre. Somente Lucas (22:47-51), o médico (que naturalmente se sentiria atraído por um milagre médico dessa natureza), nos conta acerca da cura.
Malco era um homem que se achava na multidão errada, defendendo a causa errada, envolvendo-se com pessoas erradas. Ele merecia perder a cabeça, e não a orelha.
Mas Jesus Cristo lhe demonstrou compaixão. Compaixão que desejo ardentemente demonstrar para com os meus inimigos, e para com o estranho. Compaixão e perdão são duas características marcantes da vida de Jesus Cristo. Deus, ajuda-me a ser como Ele.
Será que toda vez que Malco mexesse a orelha, se lembrava de Cristo? O que você está esperando acontecer para lembrar de Jesus Cristo!
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