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Magazine na Lanterna

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Os Ladrões nas Cruzes

(Mateus 27:38-44; Marcos 15:27-28,32; Lucas 23:32,39-43)

Muitos falam, especulam, argumentam e escrevem sobre o ladrão da cruz, como se houvesse um só ladrão crucificado ao lado de Jesus Cristo. As Escrituras, no entanto, claramente afirmam sem sombra de dúvida: "Com ele crucificaram dois ladrões, um à sua direita, e outro à sua esquerda" (Marcos 15:27). Os ladrões sobre as cruzes estavam posicionados como ninguém, embora não merecessem ser invejados, para contemplar a crucificação de Cristo no meio deles. Aquela cena terrível já se deu há muito tempo, mas em certo sentido ainda podemos contemplá-la, como aconteceu com os gálatas: "Ante cujos olhos foi Jesus Cristo exposto como crucificado" (Gálatas 3:1). Isso foi possível mediante a pregação eficaz da cruz de Cristo, e tem hoje o mesmo poder para aqueles que "têm olhos para ver".

Os dois ladrões eram o extremo oposto em caráter daquele que se achava no meio deles. Eles eram "ladrões"; roubavam as pessoas para enriquecer; ao passo que Jesus "se fez pobre por amor de vós, para que, pela sua pobreza, vos tornásseis ricos" (2 Coríntios 8:9). Eles eram "malfeitores"; ao passo que ele "andou por toda parte, fazendo o bem" (Atos 10:38), completamente inocente. Eles eram "transgressores" (literalmente, fora-da-lei), sem se preocuparem com a lei dos homens ou de Deus; ao passo que só Jesus guardava a lei de Deus à risca e mostrava consistentemente em sua vida e em seu ensino o respeito por toda lei devidamente constituída. O contraste entre o caráter dos ladrões e o de Cristo era evidente mesmo nas cruzes, quando "os que com ele foram crucificados o insultavam"; ao passo que ele "quando ultrajado, não revidava com ultraje" (1 Pedro 2:23).

Desviando um pouco a atenção dos ladrões, devemo-nos perguntar em quanto o nosso caráter deixa de atingir o caráter daquele que era "santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores" (Hebreus 7:26). O auto-exame pode mostrar que somos, em alguns aspectos, mais como os ladrões do que gostaríamos de imaginar. Os ladrões cumpriram sem querer a profecia a respeito de Cristo. "E cumpriu-se a Escritura que diz: Com malfeitores foi contado." Que essa profecia de Isaías 53 encaixa-se à cena da crucificação fica claro em Lucas 22:37, em que Jesus disse, na noite anterior: "Importa que se cumpra em mim o que está esrito: Ele foi contado com os malfeitores". Assim, os ladrões involuntariamente contribuíram com mais uma prova profética de que Jesus é de fato o Cristo. O fato de Jesus ser "contado com os malfeitores" não fez dele um transgressor. Em vida, ele era conhecido como "amigo dos pecadores", considerado um deles, mas não participou de seus pecados nem desculpou de jeito algum o pecado deles. No entanto, ele morreu como se fosse pecador, ou transgressor, por causa de nossos pecados. Como afirma Paulo, "Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós" (2 Coríntios 5:21). Como também disse Isaías: "Foi cortado da terra dos viventes; por causa da transgressão do meu povo" (Isaías 53:8).

Os ladrões se mostraram diferentes no fim. "Um dos malfeitores crucificados blasfemava contra ele dizendo: Não és tu o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós também. Respondendo-lhe, porém, o outro, repreendeu-o, dizendo: Nem ao menos temes a Deus, estando sob igual sentença? Nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o castigo que os nossos atos merecem; mas este nenhum mal fez. E acrescentou: Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino. Jesus lhe respondeu: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso" (Lucas 23:39-43). Um dos ladrões permanece impenitente na presença da cruz de Cristo, insultando o Salvador, sem ouvir a repreensão e os apelos do companheiro que também ia morrer. O outro é tocado e tem o coração aquebrantado, repreendendo o companheiro, reconhecendo-se culpado, declarando a inocência de Cristo e suplicando para que o Senhor se lembrasse dele após a morte. Em nossa resposta à pregação da cruz de Cristo hoje, podemos ou ficar empedernidos por aquela terrível cena como um dos ladrões, ou ser tocados como o outro.

A resposta de esperança após a morte, que o Senhor deu ao ladrão, tem sido muitas vezes mal usada para dar a falsa esperança aos que desejam passar pela morte sem obedecer à condição do Novo Testamento do batismo "para a remissão de pecados" (Atos 2:38). Esse mal uso comum toma como pressuposto que o ladrão penitente não foi batizado com o batismo de João e desconsidera o fato de que ele viveu e morreu sob a velha lei e não sob a nova. Cristo, com sua morte na cruz, encerrou o Antigo Testamento e ratificou o Novo Testamento, no qual ele nos apresenta a esperança do céu para nós hoje (Colossenses 2:14; Hebreus 9:15-18). Se quisermos "estar sempre com o Senhor" no "paraíso celeste de Deus", devemos, como crentes penitentes, ser "batizados em Cristo" (Gálatas 3:27), habitar nele e morrer nele (1 Tessalonicenses 4:16-17).

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