sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

A Filosofia Contemporânea

Resultado de imagem para filosofia contemporaneaFilosofia Contemporânea é aquela desenvolvida a partir do final do século XVIII, que tem como marco a Revolução Francesa, em 1789. Engloba, portanto, os séculos XVIII, XIX e XX. Note que a chamada "filosofia pós-moderna", ainda que para alguns pensadores seja autônoma, ela foi incorporada a filosofia contemporânea, reunindo os pensadores das últimas décadas.

Contexto Histórico

O período é marcado pela consolidação do capitalismo gerado pela Revolução Industrial Inglesa, que tem início em meados do século XVIII. Com isso, torna-se visível a exploração do trabalho humano, ao mesmo tempo que se vislumbra o avanço tecnológico e científico, com diversas descobertas, por exemplo, a eletricidade, o uso de petróleo e do carvão, a invenção da locomotiva, do automóvel, do avião, do telefone, do telégrafo, da fotografia, do cinema, do rádio, etc.
As máquinas substituem a força humana e a ideia de progresso é disseminada em todas as sociedades do mundo. Por conseguinte, o século XIX reflete a consolidação desses processos e as convicções ancoradas no progresso tecnocientífico.
Já no século XX, o panorama começa a mudar, refletido numa era das incertezas, contradições e das dúvidas geradas pelos resultados inesperados.
Acontecimentos desse século foram essenciais para formular essa nova visão do ser humano como os horrores das guerras mundiais, do nazismo, da bomba atômica, da guerra fria, da corrida armamentista, do aumento das desigualdades sociais e da degradação do meio ambiente.
Assim, a filosofia contemporânea reflete sobre muitas questões sendo que a mais relevante é a "crise do homem contemporâneo" baseada em acontecimentos como a revolução copernicana, a revolução darwiniana (origem das espécies), a evolução freudiana (fundação da psicanálise) e ainda, a teoria da relatividade proposta por Einstein.
Nesse caso, as incertezas e as contradições tornam-se os motes dessa nova era: a era contemporânea.

Escola de Frankfurt

Surgida no século XX, mais precisamente em 1920, a Escola de Frankfurt foi formada por pensadores do “Instituto para Pesquisa Social da Universidade de Frankfurt”.
Pautada nas ideias marxistas e freudianas, essa corrente de pensamento criou uma teoria crítica social interdisciplinar, de modo que aprofundou em temas diversos da vida social (antropologia, psicologia, história, economia, política, etc.)
De seus pensadores merecem destaque os filósofos: Theodor Adorno, Max Horkheimer, Walter Benjamin e Jurgen Habermas.

Indústria Cultural

Indústria Cultural foi um termo criado pelos filósofos da Escola de Frankfurt Theodor Adorno e Max Horkheimer para designar a indústria de massa veiculada e reforçada pelos meios de comunicação. Segundo eles, essa “indústria do divertimento” massificaria a sociedade, ao mesmo tempo que homogeneizaria os comportamentos humanos.
Saiba mais sobre os principais acontecimentos da Idade Contemporânea.

Características: Resumo

As principais características e correntes filosóficas da filosofia contemporânea são:

Principais Filósofos Contemporâneos

Friedrich Hegel (1770-1831): filósofo alemão, Hegel foi um dos maiores expoentes do idealismo cultural alemão, e sua teoria ficou conhecida como “hegeliana”. Baseou seus estudos na dialética, no saber, na consciência, no espírito, na filosofia e na história, reunidos em suas principais obras: Fenomenologia do Espírito, Lições sobre História da Filosofia e Princípios da Filosofia do Direito. Dividiu o espírito (ideia, razão) em três instâncias: espírito subjetivo, objetivo e absoluto. Já a dialética, segundo ele, seria o movimento real da realidade que teria de ser aplicada no pensamento.
Ludwig Feuerbach (1804-1872): filósofo materialista alemão, Feuerbach foi discípulo de Hegel, embora mais tarde, tenha adotado uma postura contrária de seu mestre. Além de criticar a teoria de Hegel em sua obra “Crítica da Filosofia Hegeliana” (1839), o filósofo criticou a religião e o conceito de Deus, que segundo ele, é expresso pela alienação religiosa. Seu ateísmo filosófico influenciou diversos pensadores dentre eles Karl Marx.
Arthur Schopenhauer (1788-1860): filósofo alemão e crítico do pensamento hegeliano, Schopenhauer apresenta sua teoria filosófica baseada na teoria de Kant donde a essência do mundo seria resultado da vontade de viver de cada um. Para ele, o mundo estaria repleto de representações criadas pelos sujeitos e as essências das coisas seria somente encontrada através do que ele chamou de “insight intuitivo” (iluminação). Sua teoria foi marcada também pelos temas do sofrimento e do tédio.
Soren Kierkegaard (1813-1855): filósofo dinamarquês, Kierkegaard foi um dos precursores da corrente filosófica do existencialismo. Dessa maneira, sua teoria esteve pautada nas questões da existência humana, destacando a relação dos homens com o mundo e ainda, com Deus. Nessa relação, a vida humana, segundo o filósofo, estaria marcada pela angústia de viver, por diversas inquietações e desesperos. Isso somente poderia ser superado com a presença de Deus, que, no entanto, está assinalada por um paradoxo entre a fé e a razão e, portanto, não pode ser explicada.
Auguste Comte (1798-1857): Na “Lei dos Três Estados” o filósofo francês aponta para a evolução histórica e cultural da humanidade a qual está dividida em três estados históricos diferentes: estado teológico e fictício, estado metafísico ou abstrato e estado científico ou positivo. O positivismo, baseado no empirismo, foi uma doutrina filosófica inspirada na confiança do progresso científico e seu lema era “ver para prever”. Essa teoria se opôs aos preceitos da metafísica citada na obra “Discurso sobre o Espírito Positivo”.
Karl Marx (1818-1883): filósofo alemão e crítico do idealismo hegeliano, Marx é um dos principais pensadores da filosofia contemporânea. Sua teoria denominada de "Marxista" abrange diversos conceitos relacionados com o materialismo histórico e dialético, a luta de classes, os modos de produção, o capital, o trabalho e a alienação. Ao lado do teórico revolucionário, Friedrich Engels, publicaram o “Manifesto Comunista”, em 1948. Segundo Marx, o modo de produção material da vida condiciona a vida social, política e espiritual dos homens, analisada em sua obra mais emblemática “O Capital”.
Georg Lukács (1885-1971): filósofo húngaro, Lukács baseou seus estudos no tema das ideologias. Segundo ele, elas têm a finalidade operacional de orientar a vida prática dos homens, que por sua vez, possuem grande importância na resolução dos problemas desenvolvidos pelas sociedades. Suas ideias foram influenciadas pela corrente marxista e ainda, pelo pensamento kantiano e hegeliano.
Friedrich Nietzsche (1844-1900): filósofo alemão, o niilismo de Nietzsche está expresso em suas obras em forma de aforismos (sentenças curtas que expressam um conceito). Seu pensamento passou por diversos temas desde religião, artes, ciências e moral, criticando fortemente a civilização ocidental. O mais importante conceito apresentado por Nietzsche foi o de “vontade de potência”, impulso transcendental que levaria a plenitude existencial. Além disso, analisou os conceitos de “apolíneo e dionisíaco” baseado nos deuses gregos da ordem (Apolo) e da desordem (Dionísio).
Edmund Husserl (1859-1938): filósofo alemão que propôs a corrente filosófica da fenomenologia (ou ciência dos fenômenos) no início do século XX, baseada na observação e descrição minuciosa dos fenômenos. Segundo ele, para que a realidade fosse vislumbrada a relação entre sujeito e objeto deveria ser purificada. Assim, a consciência é manifestada na intencionalidade, ou seja, é a intenção do sujeito que desvendaria tudo.
Martin Heidegger (1889-1976): filósofo alemão e discípulo de Husserl, as contribuições filosóficas de Heidegger estavam apoiadas nas ideias da corrente existencialista donde a existência humana e a ontologia são suas principais fontes de estudo, desde a aventura e o drama de existir. Para ele, a grande questão filosófica estaria voltada para a existência dos seres e das coisas, definindo assim, os conceitos de ente (existência) e ser (essência).
Jean Paul Sartre (1905-1980): filósofo e escritor francês existencialista e marxista, Sartre focou nos problemas relacionados com o “existir”. Sua obra mais emblemática é o “Ser e o Nada”, publicada em 1943, donde o “nada”, uma característica humana, seria um espaço aberto, no entanto, baseada na ideia da negação do ser (não-ser). O “nada” proposto por Sartre faz referência a uma caraterística humana associada ao movimento e as mudanças do ser. Em resumo, o “vazio do ser” revela a liberdade e a consciência da condição humana.
Bertrand Russel (1872-1970): diante da análise lógica da linguagem, o filósofo e matemático britânico buscou nos estudos da linguística a precisão dos discursos, do sentido das palavras e das expressões. Essa vertente ficou conhecida como "Filosofia Analítica" desenvolvida pelo positivismo lógico e a filosofia da linguagem. Para Russel, os problemas filosóficos eram considerados "pseudoproblemas", analisados à luz da filosofia analítica, posto que não passariam de equívocos, imprecisões e mal-entendidos desenvolvidos pela ambiguidade da linguagem.
Ludwig Wittgenstein (1889-1951): filósofo austríaco, Wittgenstein colaborou com o desenvolvimento da filosofia de Russel, de forma que aprofundou seus estudos na lógica, na matemática e na linguística. De sua teoria filosófica analítica, sem dúvida, os “jogos de linguagem” merecem destaque, donde a linguagem seria o “jogo” aprofundado no uso social. Em resumo, a concepção da realidade é determinada pelo uso da língua cujos jogos da linguagem são produzidos socialmente.
Theodor Adorno (1903-1969): filósofo alemão e um dos principais pensadores da Escola de Frankfurt, Adorno, ao lado de Max Horkheimer (1895-1973) criaram o conceito de Indústria Cultural, que está refletido na massificação da sociedade e em sua homogeneização. Na “Crítica da Razão”, os filósofos apontam que o progresso social, reforçado pelos ideais iluministas, resultou na dominação do ser humano. Juntos, publicaram a obra “Dialética do Esclarecimento”, em 1947, denunciando a morte da razão crítica que levou a deturpação das consciências pautadas num sistema social dominante da produção capitalista.
Walter Benjamin (1892-1940): filósofo alemão, Benjamin demostra uma postura positiva em relação aos temas desenvolvidos por Adorno e Horkheimer, sobretudo da Indústria Cultural. Em sua obra mais emblemática “A obra de arte na era da sua reprodutibilidade técnica”, o filósofo aponta que a cultura de massa, disseminada pela Indústria Cultural, poderia trazer benefícios e servir como um instrumento de politização, na medida que permitiria o acesso da arte à todos os cidadãos.
Jurgen Habermas (1929-): filósofo e sociólogo alemão, Habermas propôs uma teoria baseada na razão dialógica e na ação comunicativa, que, segundo ele, seria uma maneira de emancipação da sociedade contemporânea. Essa razão dialógica surgiria dos diálogos e dos processos argumentativos em determinadas situações. Nesse sentido, vale ressaltar o conceito de verdade apresentado pelo filósofo, o qual é fruto das relações dialógicas e, portanto, é denominado de verdade intersubjetiva (entre sujeitos).
Michel Foucault (1926-1984): filósofo francês, Foucault buscou analisar as instituições sociais, a cultura, a sexualidade e o poder. Segundo ele, as sociedades modernas e contemporâneas são disciplinares e apresentam uma nova organização do poder, que, por sua vez, foi fragmentado em “micropoderes”, estruturas veladas do poder. Para o filósofo, o poder na atualidade engloba os diversos âmbitos da vida social e não somente o poder concentrado no Estado, teoria esclarecida em sua obra “Microfísica do Poder”.
Jacques Derrida (1930-2004): filósofo francês nascido na Argélia, Derrida foi um crítico do racionalismo, propondo a desconstrução do conceito de “logos” (razão). Assim, ele cunhou o conceito de “logocentrismo” baseado na ideia de centro e que inclui diversas noções filosóficas como o homem, a verdade e Deus. A partir dessa lógica de oposições, Derrida apresenta sua teoria filosófica destruindo o “logos”, que, por sua vez, auxiliou na construções de “verdades” indiscutíveis.

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