quinta-feira, 18 de agosto de 2016

O gemido da criação

O gemido da criação: os cristãos e a questão ecológica

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Exatamente neste momento está ocorrendo uma tragédia que afeta a todos nós: a contínua e implacável devastação da natureza em todo o mundo na forma de eliminação de florestas e ecossistemas, poluição da água e do ar, chuva ácida, destruição da camada de ozônio, aquecimento global e outras agressões ao meio-ambiente. Recentemente a gravidade do problema ficou ilustrada de modo dramático quando foram divulgadas fotos do monte Kilimanjaro, o mais alto da África, sem a sua milenar cobertura de neve. É certo que o meio-ambiente sempre sofreu violências ao longo da história do planeta Terra, mas quase todas foram resultantes de causas naturais, espontâneas. A diferença é que nos últimos séculos são os próprios seres humanos que têm agredido de maneira crescente o seu precioso e frágil habitat. Diante disso, é lícito indagar: Esses problemas devem preocupar os cristãos? O que a fé cristã tem a dizer sobre a questão ecológica?

1. A teologia da criação O ponto de partida de qualquer discussão cristã sobre ecologia deve ser o conceito bíblico de Deus como Criador. De acordo com Gênesis 1, o universo como um todo, e em especial a terra, agraciada com o maravilhoso dom da vida, é obra das sábias e poderosas mãos de Deus (ver Sl 136.3-9; Pv 8.22-31). A natureza, em toda a sua complexidade e beleza, testifica sobre a grandeza e a bondade do Criador (Dt 33.13-16; Sl 104.10-24,27-30). São muitas as passagens bíblicas, algumas de grande sublimidade poética, que visam inculcar nas pessoas uma atitude de respeito e admiração pelos encantos do mundo natural (Jó 40.15-19; Sl 65.9-13; 147.7-9,15-18; 148.1-10; Ct 2.11-13; At 14.17). Nos seus ensinos, Jesus fez muitas referências à natureza para exemplificar o cuidado providente de Deus (Mt 6.26,28; 13.31-32; Lc 12.6). Nos anúncios proféticos do novo tempo que Deus irá criar, as referências ao mundo natural ocupam um lugar de grande destaque (Is 11.6-8; Ez 47.7,12; Ap 22.1-2).

Ainda que Deus tenha feito o ser humano como o coroamento da sua obra criadora, ele não lhe conferiu o direito de abusar da terra e de seus recursos. Fica implícita em toda a Escritura a responsabilidade humana de cuidar e guardar do “jardim do Senhor” (Gn 2.15). O conceito de mordomia se aplica de modo especial nessa área – a terra e suas riquezas pertencem a Deus, que as confia ao homem para que as administre com cuidado e sabedoria. O pecado humano gerou alienação em relação a Deus e à natureza. Por isso agora a criação “geme e suporta angústias” até que seja “redimida do cativeiro da corrupção” (Rm 8.21-22). Os cristãos têm o dever inescapável de utilizar criteriosamente as coisas que Deus criou com o propósito de dar-lhes vida, sustento e alegria.

2. Irmão sol, irmã lua
Evidentemente, a questão ecológica, tal como a entendemos hoje, é um fenômeno recente, tendo adquirido visibilidade na segunda metade do século 20. Os cristãos de séculos passados não tiveram esse tipo de preocupação conservacionista em relação ao mundo natural. No entanto, sempre existiu no cristianismo uma relação entre a natureza e a espiritualidade. Ao contrário dos gregos antigos, os cristãos entendiam que a matéria não era má e desprezível, mas valiosa aos olhos de Deus, o seu Criador. Alguns personagens deram especial ênfase a isso, como foi o caso de Francisco de Assis (1182-1226), que escreveu belas composições celebrando as maravilhas da criação. Dentre os muitos hinos que mostram a natureza e os seres humanos unidos no louvor a Deus, dois exemplos conhecidos são “As grutas, as rochas imensas” e “Vós, criaturas de Deus Pai” (Hinário Evangélico, n° 120 e 129).

Infelizmente, como acentua o apóstolo Paulo, o pecado levou o ser humano a adorar a criatura em lugar do Criador (Rm 1.25). A ignorância do Deus verdadeiro produziu o culto da natureza e suas forças, fundamento de todas as antigas religiões animistas e pagãs. Em nosso tempo, vemos o ressurgimento dessa divinização dos elementos naturais, na forma de panteísmo, neopaganismo, “Nova Era” e o culto da “Mãe Terra”. Todavia, é lamentável e injustificável que muitos cristãos, devido às ligações desses grupos com certos setores do movimento ecológico, acabem por retrair-se dos esforços pela preservação do meio-ambiente.

3. Avaliando as causas
Ao se considerar as causas da crise ecológica, um dos fatores que agravam esse fenômeno é o aumento desordenado da população, principalmente nos países pobres do hemisfério sul. Quanto mais gente existe no mundo, mais o ambiente sofre impactos, e quanto mais isso ocorre um maior número de pessoas é afetado. Cria-se um círculo vicioso difícil de romper. O caso mais preocupante é a contínua diminuição das reservas de água potável em âmbito mundial. Muitas violações do equilíbrio ambiental têm origens bem pouco defensáveis: ganância, insensibilidade, falta de espírito coletivo, desrespeito às leis (ver Is 24.4-6; Os 4.3). Isso fica muito claro no que acontece no Brasil, com a derrubada e queima ilegal de florestas (principalmente na Amazônia); poluição da água com mercúrio e agrotóxicos; erosão do solo e assoreamento de rios, contrabando de animais exóticos e espécies ameaçadas; extração, caça e pesca ilegal em reservas; construções clandestinas em áreas de preservação permanente, e tantos outros males.

Há aqueles que tentam justificar as agressões ambientais dizendo que são necessárias para o desenvolvimento do país, geram empregos e impostos, e contribuem para a melhoria do padrão de vida das populações locais. Esses argumentos são falaciosos. Quanto aos primeiros, os prejuízos para o país a longo prazo são maiores que os benefícios; quanto ao último, quem visita as áreas devastadas da Amazônia e de outras regiões sabe que o uso intensivo dos recursos naturais não eliminou a pobreza e a exclusão social. Para que se resolva esse grave problema, é preciso que haja uma profunda transformação cultural, com a geração de novos valores. Os cristãos têm muito a contribuir nessa área.

4. Propondo soluções
O primeiro conceito-chave é educação, conscientização. A partir das suas convicções sobre Deus como Criador e sobre a importância e o valor da criação, os cristãos devem eles próprios aprender a respeitar a natureza, transmitir essa atitude a outras pessoas e apoiar as instituições idôneas que realizam esse trabalho. Não se trata de utilizar ou não os recursos naturais, mas de utilizá-los de modo criterioso, responsável, que leva em conta não somente as necessidades atuais e imediatas, mas as futuras gerações. É o chamado desenvolvimento sustentável, que ao mesmo tempo em que utiliza, também preserva e protege os recursos para que não se esgotem, principalmente no aspecto da biodiversidade.

Outra linha de ação é a pressão política, ou seja, a mobilização de forças e atuação junto ao governo, empresas, bancos e imprensa para mostrar-lhes que a preservação ambiental é coisa séria, vital e decisiva. Há alguns anos, certas companhias vendiam atum enlatado nos Estados Unidos para cuja captura eram utilizadas grandes redes que matavam golfinhos, tartarugas e outros animais marinhos. As pessoas, inclusive muitos cristãos, fizeram um boicote contra esses produtos como forma de pressão sobre os fabricantes, até que estes fizessem mudanças nos seus processos de pesca. Se os cristãos e outros grupos forem mais incisivos em seus protestos, os governantes irão levar mais a sério a sua missão de disciplinar a utilização dos recursos naturais, ao invés de tomar medidas paliativas que apenas adiam por algum tempo o seu esgotamento final. Por último, há que lembrar sempre que a questão ambiental nunca deve ser divorciada da questão social, da eliminação das terríveis desigualdades que caracterizam o Brasil e outras nações.

Perguntas para reflexão:
1. A beleza e o valor do mundo natural é um tema importante das Escrituras. Quais as implicações disso para os cristãos?
2. É aceitável um agricultor ou empresário cristão tratar com pouco respeito a natureza e não ver nisso uma incoerência com a sua fé? Por quê?

3. Durante os 500 anos da história do Brasil houve uma exploração intensiva e predatória dos recursos naturais e nem assim o país se tornou próspero socialmente. Que lições se podem tirar disso?

4. Que ações concretas os cristãos brasileiros podem empreender no sentido de participar de modo responsável do esforço de preservação ambiental?5. É lícito e desejável que as igrejas como instituições se envolvam na questão ecológica?

Sugestões bibliográficas:
JUNGES, José Roque. Ecologia e criação: resposta cristã à crise ambiental. São Paulo: Loyola, 2001.
SCHAEFFER, Francis. Poluição e a morte do homem: a resposta cristã à depredação humana do jardim de Deus. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2003.
VAN DYKE, Fred e outros. A criação redimida: a base bíblica para a mordomia ecológica. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1999.

Fonte de referência, estudos e pesquisa: http://www.mackenzie.br

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